Header Ads

COMING UP | Let It Snow



O Natal já começou a invadir as cidades por todo o país. Na Netflix, também já se cheiram coscorões e filhoses. Let It Snow é o título que dá o pontapé de saída para as festividades dentro do serviço de streaming. Sem muitas filosofias ou soluções fora da caixa, o longa é mais um filme simples que serve para passar tempo, bem ao género do espírito exigido pela quadra. É familiar e moderno na escrita de John Green e no seu jeito de explorar a adolescência com todos os seus dramas peculiares. Sem opções para um serão em frente à lareira em vésperas de Natal? Esta pode ser uma opção este ano.

O elenco de Let It Snow segue o mesmo padrão que traçaram The Last Summer ou The Perfect Date, com a Netflix a criar um mix de novos talentos vindos de vários projetos teenager. Desta vez voltamos a contar com a presença da coqueluche Kiernan Shipka que dá vida a Sabrina em The Chilling Adventures of Sabrina e que tem protagonizado alguns dos mais recentes projetos da empresa, na contracena com Mitchell Hope da trilogia Descendents, da Disney, Jacob Batalon que vem diretamente da última aventura de Spiderman no MCU, e até Isabela Merced que deu vida à versão live action de Dora, a Exploradora. Um casting recheado de juventude que aliado ao bem-sucedido John Green, responsável por The Fault in Our Stars ou Town Papers, só podia ter um resultado: Brilhante. O elenco foi meio caminho andado para que o ritmo do filme se mantivesse do início ao fim, sempre com o humor e a piada certa para aliviar um enredo que se enrola. Nenhum dos núcleos ficou a perder nos interpretes atribuídos, a combinação foi feita de forma exímia juntando milimetricamente a química dos atores e doseando os personagens mais humorados com outros que têm uma vida mais cinzenta.


Esta é mais uma película que vem provar que as coincidências são o ingrediente fundamental para o sucesso de histórias de Natal. Do nada um nevão atinge a cidade onde os protagonistas habitam, algo incomum naquela área, mas este não é o único acaso da narrativa. Além de neve, do céu caiem um número enorme de situações inusitadas que servem de motor para a ação. Desde um famoso cantor que vagueia sozinho dentro de um comboio sem ter medo de ser seguido por paparazzi até uma camionista que vive no mesmo sítio desde sempre e com quem Addie nunca tinha falado, mas no mesmo dia consegue ser a sua salvadora por duas vezes. Tudo é fabricado ao jeito de soluções Deus Ex Machina que abrem espaço para pensarmos que tudo se trata de um conto de Natal da Disney adaptado pela Netflix e trazido para os tempos atuais.  Mesmo com todas estas soluções óbvias, o argumento consegue sustentar-se em trazer algo credível.

Bullying, a dependência das redes sociais, das tecnologias e até a ida para universidade, são alguns dos temas reciclados, nas entrelinhas da ação. À semelhança de The Last Summer ou de New Year’s Eve, também aqui várias histórias são contadas em simultâneo na mesma timeline sem se afetarem entre si. É como se, tal como dissemos antes, a neve tivesse trazido consigo uma força sobrenatural que vem oferecer novos caminhos às encruzilhadas dos vários habitantes da cidade. De repente todas as peças do puzzle se juntam para que depois daquela véspera de Natal nenhum dos dramas dos jovens fosse realmente um problema a partir da manhã seguinte. E isto até podia ser sinónimo de um plot fraco, no entanto não é. É uma metáfora para o quão insignificantes os problemas podem ser, de como estes só têm a importância que lhes atribuímos no momento e de como na adolescência a mais pequena coisa se pode facilmente tornar no fim do mundo.


Let it Snow não tem a mesma carga emocional que outras adaptações das obras literárias de John Green, contudo não deixa de ter a sua visão sobre o amor e a amizade em cada linha. No bom modo natalício, todas as soluções estão na verdade, na entrega àqueles que mais gostamos, retribuindo cada gesto com a afeição necessária. Na verdade, é uma releitura do quão mágico pode ser o advento e de como realmente existe algo que muda as pessoas nestas épocas. O próprio filme aborda essa questão, mas sem religião ou misticismos, mas sim agradecendo ao universo por ele oferecer sempre uma solução onde menos a esperamos encontrar.

O low badget sente-se na claustrofobia dos cenários apresentados. Apesar de termos muitos exteriores como paisagens da produção, tudo se parece resumir a um ou dois decores. Poderia ser justificado pelo facto de história se passar num sítio pequeno, porém não deixa de transmitir que tudo foi feito com custo bem reduzidos. É uma pedra no sapatinho, mas nem por isso a qualidade é afetada. Não é um grande blockbuster ou uma longa-metragem de culto, mas é certamente uma escolha acertada para uma tarde chuvosa bem passada.