COMING UP | High School Musical: The Musical
A Disney foi
ao fundo do baú e no lançamento do Disney+ já veio provar que nada vai ficar de
fora. Da Pixar à Marvel, nem os telefilmes do Disney Channel foram deixados de parte
no novo serviço de streaming que deve chegar a Portugal em 2020. No
entanto, nem tudo é sinónimo de qualidade. High School Musical: The Musical,
a série que prometia ressuscitar o fandom da história de Gabriella e Troy já começou
a exibição e com um episódio bem fraco e pouco refrescante. A série tem
influências de comédias bem conhecidas como Modern Family e absorveu
todo o género de Glee, mas pouco de bom surgiu desta reunião de
sucessos. A Disney está a vender a “banha da cobra”? Vamos entender!
Do humor
fracassado à história altamente previsível que não agrada nem aos fãs de séries
deste estilo, tudo parece um tiro ao lado neste universo. O tom da piada até que
pode funcionar noutras produções, mas aqui soa mais como uma batalha de “piadas
secas” do que propriamente como algo que serve o plot e alivia a trama. Da
rapariga que até agora apenas interpretou uma árvore ou à mulher de 50 anos que
ainda age como uma “millenial” tudo parece estou ultrapassado e nem na
trilogia original existia espaço para algo tão fraco. Mas vamos a outro dos
problemas: A história. Na realidade do show, High School Musical
foi gravado na escola onde estudam agora Nini, Ricky, EJ e Gina. A chegada de
uma nova professora de teatro dá o pontapé de saída para o grande argumento
desta season: A recriação do musical do filme com os alunos da escola.
Tudo parece
interessante, mas a forma como é explorado é quase um copy/paste do primeiro
capítulo de Glee, em que são as cartas fora do baralho que se destacam
entre os demais, enquanto outros que sonham com a Broadway são lançados para
segundo plano por falta de “talento”. A única diferença é que Nina e Rachel
estão longe de ser parecidas. Mas também não é Gabriella, o personagem que
melhor combina com a personalidade da protagonista. Ao bom jeito Disney nos
seus toques de modernidade e atualização, Nina é a personificação de uma
princesa, colando bem na imagem que a empresa tem apresentado nos seus projetos
de Live Action. Ricky também não é propriamente um Finn, mas tem nele a essência
de um jovem trapalhão sem noção do seu talento que no seu primeiro lançamento
no mundo da música consegue encestar os corações da sua audiência.
Se Sharpay
tivesse crescido sem que nenhuma das histórias de High School Musical
tivesse acontecido, certamente ela ter-se-ia tornado na Miss Jenn, a mentora
louca, desleixada, mas poderosa que dá mote à narrativa. Ela tem a sua própria
Sue Sylvester, ou melhor o seu, e ainda luta para ser reconhecida entre os
demais como Will em Glee, mas aqui com uma vibe de Diva ao bom e old
school estilo da personagem de Ashley Tisdale.
Os fãs de Glee
certamente conseguem recordar-se do momento que os principais cantores da série
seguiram para Universidade e uma nova leva de atores assumiu o comando do
storytelling. Uma das críticas que mais se podia ler referia que a maioria
dos atores não tinha o mesmo talento e empatia que os antecessores. Em High
School Musical: The Musical acontece o mesmo. O projeto perde pela base de
comparação com a série de Ryan Murphy e até para quem ama a trilogia de Zac
Efron e Vanessa Hudgens ou os filmes de Camp Rock. O casting
trouxe o carisma de Joshua Bassett, a beleza de Matt Cornett, a voz de Olívia
Rodrigo e o talento de Sofia Wylie como bailarina, mas nenhum deles consegue a
proeza de ser o “pacote” perfeito. Por mais que se sinta entrega nas
interpretações, as emoções transparecem como algo amador e canastrão, sem que nos
consigamos envolver no drama dos personagens. É raso, e num primeiro episódio, a
falta de conexão pode anunciar uma morte prematura.
A temporada
ainda promete algumas surpresas, e um primeiro capítulo nem sempre traduz
aquilo que ainda há por ver. A previsibilidade do episódio é desculpável pela
necessidade de uma introdução, mas há falha maiores na execução do projeto que
talvez não sejam reversíveis. A comédia que chega a ser desconfortável
por estar no limbo entre a descrição do family&friendly e algo mais
polémico, é um problema que parece que se vai manter pelo menos ao longo de
toda esta season. A química entre o trio protagonista também não parece
que vá ter melhorias, e todos já sabemos o que esperar na personagem de Gina
que foi deixada como suplente nas audições. Em resumo, o Disney+ promete salvar
e trazer de volta alguns dos títulos mais emblemáticos do império da House of
Mickey Mouse, mas talvez precise de mais tempo para adaptar as suas ideias ao
mundo do streaming.
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