COMING UP | Frozen II
A Disney não
dá descanso, num ano mágico com grandes longas-metragens, o estúdio lança a
continuação da sua “galinha dos ovos de ouro”. Se lá fora já se começa a sentir
o frio do Natal, Elsa regressa para congelar os cinemas de todo o mundo numa
aventura emocionante onde se fala de crescimento e autoconhecimento. A todos os
pais, basta deixar o recado que depois de Let It Go, os seus filhos
agora vão ter novos temas para trautear. Into the Unknow e Show
Yourself dividem o protagonismo do musical que pelo meio tenta dar voz a
todas as personagens sem esquecer a essência do primeiro projeto. Frozen
promete ser uma das animações melhor sucedidas da época e apesar de não ter uma
mensagem tão forte, volta a provar-se muito mais adulto do que a maioria dos
clássicos da Walt Disney Studios. Entre a comédia e a música, Elsa e os seus
poderes, a continuação de Frozen não bate o seu antecessor, mas está
recheado de acertos.
Não é à toa que a
epopeia de Elsa e Anna conquistaram o coração dos mais novos. No primeiro filme
provou-se mais uma vez que a Disney está empenhada em adaptar-se aos novos tempos
e a dar-nos novas leituras do que é o amor, com personagens carismáticas e com
um background muito mais colado ao estilo narrativo da Pixar do que da
empresa responsável por Sleeping Beauty ou Moana. Nesta sequência
todos os personagens cresceram e enfrentam agora novos debates interiores,
sobre o que é de facto ser adulto. Elsa já se encontrou consigo mesma e já encontrou
o lugar que procurava, mas e Anna, Olaf e Kristoff? É hora do argumento apontar
em outras direções e mostrar que há muito mais conflitos e mistérios em Arendelle
do que os que nos apresentaram na primeira película. O tom não muda, e mesmo
com muitas piadas à mistura os assuntos continuam a ser sérios. Olaf desenvolveu
a sua consciência e procura agora entender o mundo à sua volta, na típica “idade
dos porquês”. Por outro lado, Kristoff prepara-se para dar um grande passo no
seu relacionamento com Anna enquanto tenta descobrir o que é de facto o amor.
Enquanto isto, Anna luta para manter Elsa perto de si, esforçando-se para lhe
provar que apesar de todas as contrariedades, a família está lá nos bons e piores
momentos.
Depois do gelo,
chegou a altura dos quatro elementos começarem a manifestar-se para atrair o
grupo principal para a descoberta de uma verdade. Arendelle foi mantido durante
anos numa mentira, e não estamos a falar do facto de terem escondido a existência
de Elsa, mas sim de algo que do passado que pode mudar o destino de todos os
habitantes do reino. É a partir deste ponto que começa a aventura por terras no
desconhecido para que Elsa perceba afinal porque tem poderes diferentes de
todos os outros. Contrariamente à expectativa da maioria dos fãs, a irmã mais
nova não tem de facto poderes, mas tal não tirou de Anna os holofotes. A jovem
assume grande parte da condução do storytelling apresentando discussões
mais interessantes do que a criadora de Olaf. Muito mais madura e astuta, Anna
consegue mostrar-se como uma mulher que luta pelos ideias clássicos de família
e como uma figura muito mais responsável do que a protagonista que já passou
por tantos desaires. Parece que afinal a desilusão amorosa com Hans no primeiro
filme serviu realmente de lição.
A banda sonora
assume mais uma vez um dos destaques do projeto. Idina Menzel, Kristen Bell e
Evan Rachel Wood apresentam-se com todo o seu esplendor com temas diferentes,
mas tão comerciais quanto o famoso Let It Go. A Disney parece ter
percebido que existia uma necessidade de um hit tão poderoso quanto o primeiro
para que a fórmula do sucesso se repetisse e nisso não falhou. Mesmo que tenha
as mesmas sequências rítmicas de Let It Go, Into the Unknow é um
tema que pode atingir uma franja maior de público, pelo seu lado menos Disney e
muito mais próximo a sucessos comerciais como How Far I’ll Go de Moana.
Além desta, a história socorreu-se bastante em canções para acelerar o
desenvolvimento da trama e garantir que ninguém ficava largado em segundo
plano, Kristoff e Olaf tiveram os seus momentos com menos apoteose, contudo nem
por isso com mensagens mais fracas. Tudo foi bem cozinhado, e nada parece
falhar neste ponto.
Falando em Olaf,
o boneco de neve tem um dos melhores momentos da longa-metragem reservado para
si. Tudo acontece com o resumo gráfico e bem-humorado dos acontecimentos do
primeiro filme, garantindo que ninguém mais distraído ou esquecido perdesse
algum aspeto da história que nos queriam contar. Um acerto gigantesco e um dos
momentos que mais gargalhadas agarra a qualquer fã, e que só por si já
justifica a existência de uma sequela, pelo menos no que ao humor diz respeito.
No lado mais adulto, a comédia também não foi desleixada, e inspirada nos bons
romances de domingo à tarde, Kristoff tenta a todo o custo pedir a amada em
casamento, mas todos os elementos parecem estar contra ele. Apesar do resultado
ser o esperado e de parte das suas ações serem previsíveis, não deixa de ser
curiosa a forma como foi tratado num universo animado.
Frozen II,
era um dos projetos mais aguardados de 2019, e mais uma vez a Disney provou que
podemos confiar nela para desenvolver os personagens que preenchem o nosso imaginário,
lançando a ideia de que ela própria está a rever a sua forma de nos contar os
romances de cordel. Num ano em que tivemos continuações de Toy Story e The
Incredibles da Pixar, Frozen não fica atrás e ainda consegue deixar
os fãs a desejar saber mais sobre o reino de Arendelle, algo que provavelmente
irá acontecer num futuro mais próximo do que imaginamos. Resta saber qual será
o próximo desafio das irmãs princesas? Será que veremos Anna a lidar com assuntos
políticos? Teremos um confronto entre Reinos? Ou será que o futuro pertence aos
herdeiros de Kristoff e Anna? Muitos caminhos para uma história sem fim à
vista.
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