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COMING UP | Batwoman



Enquanto no cinema Joker continua a somar records, na televisão a DC Comics acaba de rasgar mais alguns preconceitos. Batwoman é a mais recente adição ao Arrowverse e com três episódios já provou que pode ser um recomeço dentro da linha de séries da CW. Kate Kane é o total inverso de Supergirl, deixando longe os trejeitos mais frágeis para assumir que mulher também pode ser sinónimo de força e liderança. Esta é a grande chave mestre da série que pretende fazer sobressair Kate para lá da sombra de Batman.

Tudo se vai completando dentro do universo de TV da DC Comics. A fórmula de Batwoman não foge à regra teen que foi apresentada em Flash ou Legends of Tomorrow, mas vai trazer um novo folgo na questão da representatividade. Kate é uma mulher, gay, e com uma personalidade bem diferente do espectável para alguém que usa um uniforme de super-herói, contudo ficamos com uma dúvida na cabeça: Onde é que já vimos alguém ter estes comportamentos? Logo no primeiro episódio, é fácil entender que tudo se vai resumir a uma leitura de Batman em versão feminina. Com isto vem uma longa lista de desvantagens, a CW sabe aproveitar-se da estrutura do universo DC, em que para cada herói, existe uma sequência gigante de personagens que orbitam à volta. Mas em Batwoman parece que o uso da personagem serviu apenas para encaixar nos moldes das questões que mais estão na berra deixando ainda a leve sensação que surgiu apenas por o estúdio ter medo de não saber encaixar o Batman na sua versão televisiva.


Batman é um velho conhecido, nos grandes e pequenos ecrãs, o morcego já encontrou vários espaços para defender Gotham. Mas desta vez foi deixado de parte para ceder o seu posto a uma prima cuja personalidade parece ter sido criada em papel químico. Para quem é fã, certamente encontrou um bom produto onde pode matar saudades de toda a aura que distingue Bruce Wayne dos restantes elementos da Justice League, mas não deixa de ficar com uma sensação agridoce pela falta de novidade em Batwoman. Ela é rude, fria, tem traumas, pouco sucesso no amor, rica e, ainda, relações bem próximas com a polícia. São demasiados pontos em comum, e desnecessários, pois Supergirl apesar de partilhar algumas características com Clark Kent ainda consegue descolar-se de forma coerente.

No meio desta reciclagem, há espaço para falar de outros assuntos. A sexualidade de Kate Kane é um dos grandes trunfos e, possivelmente, um dos pontos mais interessantes da narrativa. Depois de conseguir dar destaque e poder a heroínas do sexo feminino, chegou a vez de quebrar barreiras e atender a mais um dos pedidos da comunidade: ter um personagem gay na frente de combate contra o crime. Ganhando ainda mais destaque pela forma como o texto trabalhou a questão. Não é algo mascarado, é algo que está exposto desde o primeiro segundo. É algo estudado para trazer um publico que se interessa pelo tema? É, descaradamente. Mas é uma pedrada no charco que, caso seja bem trabalhada, pode terminar com alguns preconceitos e provar que todos podem ser heróis. Porque não alguém com uma forma física diferente, também? Falamos de adaptações e por isso há alternativas para encaixar todo o tipo de pessoas.


Os adolescentes e youngs adults são os grandes consumidores do Arrowverse, muito mais até do que os nerds aficionados do universo de Banda Desenhada da DC, e isso nota-se na maneira como alguns plots são trabalhados. As soluções do argumento são bastante autoexplicadas, deixando de lado algumas características mais obscuras da cidade do Batman, que acompanhamos na série Gotham, da FOX, por exemplo. Mas não deixam de tornar a produção em algo leve e fácil de seguir, logo de caras temos uma vilã com um estilo carismático que tem um plot twist interessante, e que por ter sido revelado tão cedo deixa ainda mais curiosidade para perceber o que há na manga da CW para nos manter atentos à temporada inteira, que mistérios há ainda por levantar?

Há espaço para um desenvolvimento bom, mas Batwoman fica no meio do caminho. Ela chega pronta para carregar uma futura liderança do universo de TV da DC Comics após os eventos do crossover de Crisis on Infinite Earths mas falta-lhe por enquanto um background que vá beber mais inspiração aos livros do que propriamente ao estilo dos outros shows da CW. Falta-lhe diferença, algo estranho numa série que tem chega com o objetivo de romper com o que não é tão aceite. Há futuro para Batwoman?