COMING UP | La Casa de Papel
De um momento
para o outro a Netflix troca-nos as voltas e aquilo que achávamos ser um abuso
do sucesso tornou-se em algo que precisávamos de ver. Mais do que finais
felizes, há adrenalina a mais em La Casa de Papel para ficarmos apenas pela
segunda temporada. Na terceira parte surgem respostas a um milhão de perguntas,
num storytelling inteiramente feito para o streaming, mas no
final das contas: Ainda é bom?
A fórmula é a
mesma, mas a repetição foi contornada com soluções bem arquitetadas. Era lógico
que um daqueles assaltantes ia cometer um erro crasso em algum momento. E o
melhor de tudo é terem entregado essa falha ao menos experiente e imaturo de
todos: Rio. Além disso, falamos de uma season feita inteiramente com o
cunho da Netflix e isso obviamente ia trazer consigo um orçamento mais elevado,
algo que ficou a descoberto logo no primeiro trailer e que consegue casar com a
narrativa, afinal depois do primeiro golpe todos eles ficaram podres de ricos.
Foi algo bem mascarado
e justificado dentro da trama, e sobretudo teve lógica. Assim como a utilização
de Berlim. No momento em que surgiram as primeiras imagens do ator nas gravações
surgiram logo milhares de teorias sobre como ele poderia ter escapado com vida,
contudo, de forma bem mais responsável, os argumentistas usaram-no nos flashbacks
honrando ainda mais um personagem que é um dos destaques de toda a história de
La Casa de Papel. Mais do que um simples integrante, agora é ele que passa para
a frente da aula, apesar de personificado pelo Professor, como mastermind do
novo assalto.
Tudo acontece
por duas razões: A falha de Rio, o mais imaturo do bando, e a homenagem a
Berlim. Algo bem coerente com as personagens e que ajuda a que tudo flua de uma
forma normal, sem nos “atirar à cara” que esta temporada só aconteceu por causa
do sucesso da série. É um mérito pouco visto em grandes produções e um grande
ato de respeito dos criadores.
Mas não é só de
passado que vive a série, e neste novo capítulo assistimos à explosão do
matriarcado com Raquel e Mónica a tentarem impor-se na quadrilha e fazer com
que os demais as considerem como aptas. Nos primeiros episódios, a ex-inspetora
é claramente uma coadjuvante que pouco acrescenta além de ser o interesse
amoroso do Professor, mas não estaríamos a falar de Raquel Murillo se ela
própria não tivesse momentos épicos dentro da ação, mas mesmo assim ficou a
faltar ver muito mais desta Lisboa. E mais ainda de Mónica, cujo nome de
Estocolmo assenta que nem uma luva, e que pode trazer consigo questões bem mais
fortes do que o que foi mostrado até agora. Sinceramente, poderá surgir algum
protagonismo dali na temporada quatro. Matriarcado não é matriarcado sem
Nairobi, e como sempre ela rouba qualquer cena em que entre.
O jogo de
narrativa é bem semelhante à das primeira e segunda partes, mas é essencial que
assim seja. Tóquio sempre foi a nossa condutora nesta viagem alucinante e olhar
a história por outro ponto de vista poderia ter um embalo ou um ritmo bem mais
parado que o daquela cabeça desregulada. Assim como os flashbacks são algo tão
emblemático que seria ridículo retirá-los. É o mesmo formato e esquema? É, mas
é possível contar esta história de outra forma?
É uma temporada
bem mais corrida em que tudo parece estar a acontecer rápido demais e com novos
personagens que ainda têm muito para explorar. Não é possível formar uma
opinião sobre Palermo porque ele parece ter muito mais para dizer, por isso não
me vou atrever a fazer juízos de valor. Assim como Alicia ainda não mostrou o
seu “poder” total. Sim, há ali loucura, mas há mais ainda para ver e
prognósticos só mesmo no final. Muito ficou em aberto, mas depois deste
resultado acho que já podem produzir a quarta, quinta e sexta temporada porque está
no ponto certo.
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