COMING UP | Five Feet Apart
A mensagem de The
Fault In Our Stars está longe de ser esquecida por quem é fã de um bom
romance, fazendo uso disso a Lionsgate estreia Five Feet Apart. Este não
é um filme tão bom ou grandioso como o primeiro, mas talvez seja a sua leveza
um dos trunfos que nos aproxima dos protagonistas. É tudo uma questão de
empatia numa história tão real quanto possível. Mas vale a pena assistir?
O elenco do projeto
não é brilhante, contudo são atores carismáticos e empáticos, conseguem dar a
alma e o tom necessário para o drama pesado que o plot nos apresenta. Cole
Sprouse é, claramente, uma escolha mais feliz que Ansel Elgort pelo menos no
que diz respeito ao talento. No meio de toda a dureza da personagem, o aspeto físico
de um jovem doente está ali esculachado para que todos vejamos. É um trabalho
bem conseguido, ao mesmo tempo que encontramos alguns cruzamentos com o seu
papel em Riverdale. As parecenças não são fruto de um mau desempenho,
mas do facto de Will e Jughead terem em comum o lado ostracizado da sociedade e
viverem “fechados” nos seus próprios mundos.
Já Haley Lu
Richardson é outra história. Há cenas, sobretudo na questão médica, em que a
prestação da atriz não é convincente ou tão pouco completa. É como se lhe
falta-lhe algum estudo ou algo ligação com as emoções da vida de Stella. Algo
que acaba por prejudicar o apego pela protagonista e em nada favorece a química
com o par. A envolvência é feita de uma maneira muito mais consistente com
Moises Arias, o melhor amigo da personagem. De regresso aos grandes produtos, o
jovem que dá vida a Poe merece algum destaque no grande ecrã mostrando que
tantos anos depois de Hannah Montana ele ainda tem mais para mostrar.
Mas voltando à
narrativa, Five Feet Apart conta a história de dois jovens doentes, mas
é muito mais que isso. Sem pressas, a trama debruça-se sobre a doença que
acompanha o trio principal, mostrando o quão difícil é a vida de alguém que tão
novo se encontra de cara com uma morte certa. O tempo da história é algo que merece
aplauso, é como se tivéssemos tempo para abordar cada um dos ângulos
importantes de cada situação. Fala-se de um sistema de saúde onde os apoios são
escassos, fala-se de sexo, de proximidade, da finitude, de crenças e de como
tudo o que parece lógico se pode inverter de um momento para o outro.
A lista de temas
é grande, mas o último ponto é um dos grandes “ganchos” para aproximar tudo
isto da realidade. Stella nasceu com Fribrose Cística e por isso com uma vida
condenada a idas e vindas do hospital. Ao seu lado esteve sempre a irmã Abby,
um jovem com talento para as artes e totalmente saudável. De um momento para o
outro, aquilo que parecia estar predestinado para as duas raparigas inverte-se.
Num acidente inesperado, Abby acaba por perder a vida. A tragédia dá a Stella a
“culpa de viver”, uma das expressões do filme que maior força tem, e que foi abordada
de forma mais coerente que o esperado numa narrativa feita para o público
juvenil.
Claro que há
soluções e opções dos autores que deixam a desejar e que tornam tudo um pouco
mais artificial ou romantizado, mas no seu todo a longa-metragem ganha por nos
fazer dar importância a um simples toque e quão sortudos somos nós, a maioria,
por conseguirmos viver em vez de sobreviver para viver. No seu todo, é um texto
rico com um ponto de vista um pouco mais leve e comercial, mas bem abordado e
lógico. Uma ótima opção para um domingo à tarde.
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