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COMING UP | X-MEN: Dark Phoenix




Terminou sem brilho o capítulo que encerra a franquia X-MEN como conhecemos até agora. Carregado de metáforas de poder e longos discursos, Dark Phoenix posiciona-se no limbo entre um filme com conteúdo e um projeto que não se compromete em cumprir os desejos dos fãs dos mutantes. Sete filmes depois, será esta a pior adaptação? Talvez não.

X-MEN: Dark Phoenix tem no seu conteúdo uma grande desvantagem. Tendo por base o mesmo arco de X-MEN 3: The Last Stand, os riscos de que fosse criada uma cópia eram enormes, ainda por cima quando o terceiro produto cinematográfico é considerado uma das piores narrativas da franquia. Contudo, há mérito no argumento que conseguiu realmente contar a mesma história, mas numa abordagem completamente diferente. O foco é Jean Grey mas deixou de lado algumas batalhas espalhafatosas para dar tempo e espaço ao desenvolvimento da personagem. Não é abrupto, e isso é mérito do guião e de Sophie Turner que absorveu toda a energia e fragilidade que Jean tem nas Bandas Desenhadas.


Por outro lado, há uma grande falta de ação sobretudo quando existe um termo de comparação tão próximo quanto Avengers: Endgame. O género Super-Herói tem um público muito maior e mais informado agora do que em películas anteriores e desta vez os diálogos ocupam uma grande percentagem do tempo de antena, e nem sempre são justificados. Há momentos do longa que parecem ter sido colocados para aumentar propositadamente a duração do filme. Conversas que não acrescentam e que ainda retiram espaço para desenvolvimentos mais importantes. A participação de Jessica Chastain é um exemplo de uma narrativa que exigia mais espaço. É uma vilã cuja ambição não é nova e que serve apenas como adereço. Um desperdício de talento e de visual, Chastain claramente merecia melhor tratamento.

Dar o antagonismo a outra pessoa que não Jean Grey tem muito que se lhe diga. Por um lado, é uma oportunidade de fazer com que o público entenda as ações erradas da personagem, mas por outro retira uma parte importante do storytelling que o projeto se propõe explorar. Nos Comic Books, esta é uma das histórias que mudou completamente o universo do grupo na Marvel, mas pouco se viu disso no grande ecrã. Ao longo da primeira hora e meia é contruído um ambiente pesado, intrigante e há um real cuidado em manter a coerência, mas depois tudo desagua num final anti climático. Faltou um ponto alto, algo que realmente marcasse as nossas memórias.

Ainda antes do Universo Cinematográfico Compartilhado da Marvel, foi esta a equipa que deu o pontapé de saída para a “era de ouro” dos Super-Heróis na 7ª Arte. Ao longo destes anos, algo que sempre inquietou o público foi a timeline confusa que nos foi apresentada. Desengane-se quem acha que vai encontrar algum tipo de explicação no encerramento. Referências ao passado só mesmo aos acontecimentos de First Class. Apocalipse, o projeto antecedente parece ter significado pouco dentro do mundo dos X-MEN. Já Days of the Future Past, que foi o grande impulsionador para que tudo se repetisse, garantiu apenas que Scott Summers não fosse morto pelo poder de Jean Grey, mas manteve a balança equilibrada com o sacrifício de Mystique.


Com todos os poderes extraordinários, os efeitos visuais são um dos pontos mais importantes do filme, e talvez aquele que menos conquista. A maioria das cenas foi gravada em CGI, e a edição pouco conseguiu fazer para melhorar alguns aspetos. Há efeitos que estão demasiado irreais. Os cabelos de Jean Grey e da extraterrestre Vuk parecem ter virado uma pasta semelhante à das animações 3D da Disney. Faltaram efeitos práticos que garantissem uma melhor experiência a quem assiste e que ajudassem as batalhas a ficarem um pouco mais próximo do épico. Christopher Nolan já provou que tudo isto é possível na sua trilogia do Batman.

Não é o pior filme dos X-MEN, simplesmente o guião teve opções diferentes do que estamos habituados a ver neste contexto, e essa pode ser a fraqueza da longa-metragem. É uma despedida pouco honrosa para alguns veteranos como James McAvoy, Michael Fassbender ou Jennifer Lawrence, no entanto termina com a mensagem certa. No último voz-off Sophie Turner parece lançar o isco para o futuro adiantando que todos aqueles eventos não são o fim, mas sim um reinício. Resta-nos aguardar pelos planos de Kevin Feige e saber qual será a sua orientação no reboot desta história.