COMING UP | Charmed
Na era dos
remakes, a magia não sai de moda. Charmed é o produto que confirma a
teoria e mesmo sem grande novidade ou ousadia é entretenimento para quem adora
uma boa série teenager. Imagine um milkshake entre Supernatural, Pitch
Perfect, e uma cobertura de Once Upon a Time. Tudo para dar certo ou
são ingredientes a mais?
A narrativa não
é fantástica e tem a desvantagem de ter uma linguagem mais infantil do que
outras do estilo. Contudo, consegue preencher todas as caixas necessárias para
se tornar num sucesso da CW. Aliás, o canal volta a seguir as suas próprias
regras apresentando novamente um grupo de irmãos como o grande centro da
história. Ao contrário de Supernatural ou The Vampire Diaries, desta
vez são três mulheres o foco. Terá isto a ver com a representação feminina?
Certamente que foi uma questão colocada em cima da mesa. Sim, é um remake e na
sua versão original já eram três raparigas a assumirem o manto, no entanto não
deixa de ser curioso que a emissora lance este projeto numa altura em que o empoderamento
feminino está no topo das prioridades globais.
Questões políticas
ou sociais à parte, Charmed volta a trilhar o seu plot numa
cidade como tantas outras. A diferença é que nesta localidade, a magia existe e
acontece em paralelo com a vida dos demais sem que ninguém se aperceba. Como
disse, não é algo refrescante. Mas quem não adora uma boa história de magia? Além
disso, o argumento vai mais longe tentando abordar factos mitológicos,
criaturas divinas, seres lendários, no mesmo caminho em que lança dicotomias
como Ciência vs Magia.
A série segue o
exemplo de outras de sucesso. A introdução é logo um preludio disso. O logotipo
adapta-se a cada episódio, bem ao estilo de Once Upon a Time ou de Supernatural.
As semelhanças com a trama dos Winchesters não se ficam por aqui. As ameaças bíblicas
parecem mesmo ter descido à terra nos dois Universos, e alguns artefactos estão
aqui para confirmar. Tartarus, a prisão do inferno, já foi citada algures numa
das temporadas da série de Dean e Sam e volta a ter impacto nesta nova história.
Os demónios são outros que “transitam” para este ambiente. O despertar da magia
das três irmãs, trouxe à tona algumas entidades que tal como no passado dos
dois protagonistas da Supernatural também mostram não ser lineares.
Alguns vêm para atormentar e gerar o Apocalipse, enquanto outros serão os
aliados perfeitos nesta luta. Macy, a jovem adotada que se reúne com as suas
irmãs biológicas no início da série, ainda carrega um arco bem similar ao de
Sam. Ambos têm algo de malévolo dentro de si.
O casting tem
bastantes defeitos. Apesar de carismáticas, as protagonistas mostram ser
bastante inexperientes e chegam a entregar prestações pouco convincentes e
maçadoras. Sarah Jeffrey, é das três aquela que talvez seja superior. Com Wayward
Pines no currículo e o filme juvenil The Descendents, a jovem consegue
atribuir alguma verdade à sua Maggie. As cenas de colégio, que parecem ter tido
inspiração em Pitch Perfect, são o seu maior destaque, além de serem
aquelas em que maior empatia transparece. Na lista de falhas marcam presenças
os efeitos especiais que de tão grotescos e amadores quase retiram vontade de
acompanhar os episódios. É necessário esforço para nos abstrairmos da fraca qualidade
de algumas cenas.
A primeira
temporada consegue manter uma balança equilibrada entre pontos positivos e negativos.
Com as devidas afinações este poderá ser um hit num futuro bem próximo no
público-alvo que pretende atingir. Apesar de ser algo infantil, poderá ser uma
alternativa para os fãs órfãos das aventuras de Sam e Dean após o final da
série, ou até mesmo para os seguires dos multiversos de Julie Plec.
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