COMING UP | Killing Eve
Sandra Oh parece
ter encontrado um padrão no tipo de personagens que gosta de interpretar.
Depois de várias temporadas na pele de Cristina em Grey’s Anatomy, a atriz volta a dar vida a uma mulher bem peculiar
num suspense de ritmo alucinante com laivos de thriller psicológico. É difícil
de maratonar Killing Eve, mas o
enredo da BBC vem beber do estilo HBO sem deixar que o espectador consiga
resistir à curiosidade de entender quem é quem na narrativa.
A produtora tem
fama de criar tramas com uma luz escura como Westworld, Looking ou Game of Thrones, e esta segue este género. O plot é
pesado, e toda a envolvência e ambiente remetem ainda mais para o contexto que
a série quer transmitir. Os planos apertados são um dos maiores acertos da
edição, com a exposição a olho nu de todas as emoções dos atores. É daqueles
trabalhos em que uma boa equipa faz toda a diferença, e nisso o projeto tem a
seu favor o elenco de luxo que reúne com nomes bem conhecidos, como Fiona Shaw.
A atriz de True Blood e Harry Potter interpreta Carolyn Martens,
mentora da investigação que dá mote à história.
Fatores técnicos
à parte, Killing Eve apresenta uma
agente do MI5 com alguns gostos estranhos. Logo nos primeiros minutos do
primeiro episódio notamos alguma tendência sexista em apontar o dedo ao género
feminino ao mesmo tempo que tenta empolar a perspicácia da mulher sobre a do
homem. Complicado? Sim, mas Eve Polastri é isto mesmo uma personagem com personalidade
e feitio vingados e com várias camadas que ajudam a carregar a trama. É,
também, alguém com um grande fascínio e inteligência que a levam a descobrir
uma ligação entre vários homicídios antes de tudo e de todos.
Foram anos de
crimes macabros sem que ninguém desconfiasse. Até que se reuniram as condições
e pessoas certas para poderem chegar perto de Vilanelle, uma jovem de origem
russa, bastante bonita e com algumas semelhanças com Lorraine de Atomic Blonde. Ela trabalha como
assassina para uma organização chamada Os Doze, sem se preocupar com os motivos
pelos quais o faz. É esta despreocupação, e a capacidade de executar os seus
pedidos sem levantar suspeitas que chamam a atenção de Eve. As duas acabam por
se cruzar e a partir daí assistimos a uma verdadeira obsessão de parte a parte.
O interesse já não é matar, mas sim entender.
Não há espaço
para enrolar ou para cenas que apenas dão duração ao episódio, mas que nada
acrescentam à narrativa. É como se tudo fosse um longo filme, cheio de plot twists, sem nunca entendermos bem
o que passa na cabeça de metade das personagens. Na verdade, Vilanelle é um
grande quebra-cabeças até para quem assiste, a loucura é tanta que nunca
sabemos bem qual é o seu próximo passo. Partilhamos a mesma sensação de Eve, que
apesar de pouco empática nos consegue trazer para dentro da trama para nos
deixar tão curiosos e perdidos como ela.
Não são os primeiros
dois capítulos que cativam. O argumento consegue fazer uma escalada bem
interessante durante toda a primeira season,
continuando as suas melhorias na nova temporada. A segunda metade é bem mais
fluída e intrigante, por isso é uma daquelas séries que merece um espaço no calendário.
O poder do
mistério é tão bem jogado quanto possível numa história com um ritmo tão
acelerado como esta. Mas mesmo assim consegue garantir bons ganchos que mesmo
num episódio menos bom nos conseguem fazer assistir mais um. No entanto, não é
fácil de maratonar, os temas são pesados e obrigam-nos a criar algumas
correlações para que entendamos o que está a acontecer. É um conteúdo excelente
para os fãs de espionagem e thrillers, que puxa pela cabeça e nos deixa
imbuídos dentro de cada episódio.
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