COMING UP | Bird Box
Já todos nos perguntámos como seria a vida depois do fim do mundo e até de que maneira o nosso planeta iria acabar. 2012, The Mist, e outros já nos mostraram
várias possibilidades, mas chega agora a vez da Netflix. Bird Box é um longa
obscuro com foco numa realidade distópica e em momentos apocalípticos
diferentes dos citados em cima. Mas será que tudo é bom?
Na sua primeira interacção com o gigante do streaming, Sandra Bullock
aproveitou a experiência do limbo de uma morte quase certa em Gravity para dar
vida a uma mulher que lida com um verdadeiro Apocalipse tentando a todo o
custo lutar pela vida.
Mas vamos à história: Malorie, a protagonista, é o fio condutor da trama que
recorre a flashbacks para nos apresentar e enquadrar no drama vivido pela
mulher. O mundo é assombrado por uma força gigante e malévola que faz com
que todos os que olhem para a luz do dia pratiquem acções suicidas.
Uma das vitimas é Jessica, personagem de Sarah Pulson, que acaba por atirar
o carro onde seguia com Malorie, que nesta fase está grávida, contra outro. A
mulher acaba por ser atropelada por um camião, enquanto a personagem de
Bullock procura abrigo numa das casas.
Rapidamente, Malorie passa a dividir os holofotes com outras personagens que
com as suas diferenças se juntam para sobreviver à morte. E é aqui que o plot
entrega alguns clichês ao tentar espelhar os defeitos e virtudes da humanidade
naquele conjunto de pessoas que por um acaso cruzaram o mesmo espaço.
O grupo é carregado de alguns estereótipos. Tal como em alguns títulos de
Jigsaw, Poseidon, e outros do género em que várias pessoas são obrigadas a
trabalhar em equipa para garantir a sua sobrevivência. Encontramos sempre a
“caricatura” do personagem mal disposto, a jovem ingénua, o “herói” romântico,
e até em contexto mais moderno um personagem com forte aptidão para a
tecnologia que, na maioria dos filmes que têm esta temática, todos sabemos que vai falhar
na hora H.
Isto acontece no desenvolvimento do novo hit da Netflix, mas a experiência de
assistir ao filme é tudo menos má ou insatisfatória, bem pelo contrário. A história
é gerida com coerência sem quebrar paradigmas impostos por ela mesma, ou
seja a lógica criada pelo autor manteve-se e apesar de alguns clichês sabe
surpreender. É sobretudo um filme de metáforas, com um olhar muito próprio
para a decadência da sociedade espelhados nos vários relevos
e diferenças do grupo que luta pela vida.
O final, apesar de ser resolvido de uma forma abrupta sabe surpreender e dá
espaço a quem assiste de criar as suas teorias. Quando terminei fiquei apenas
com uma questão: Será que a simbologia da visão neste filme não terá tido
inspiração em Ensaio sobre a Cegueira?
Comente esta notícia