Segunda Opinião | Valor da Vida
Depois de A Herdeira, a TVI apresenta uma nova trama para o período das 21h45. Valor da Vida conta a história de Artur (Rúben Gomes) e Carolina (Ana Sofia Martins), que não se conhecem, mas despertam no mesmo dia de estados alterados de consciência que os deixaram alheados da vida durante muitos anos.
A sinopse é desde logo confusa e alguns pormenores ficam por esclarecer. Por exemplo, como é que Artur não envelheceu em 20 anos? A TVI deixou escapar algumas falhas que comprometeram o entendimento imediato do público. Contudo, a ideia é interessante, pois faz uma viagem entre passado e presente, com dois protagonistas misteriosos, que não se sabe de onde vêm e qual a sua ligação ao certo com os outros núcleos.
Os diálogos da novela deixam por vezes a desejar, uma vez que pouco acrescentam à história. Há cenas desnecessárias e com pouco ritmo. A trama tem uma carga muito dramática, oposta a A Herdeira, que tinha alguns momentos de humor. Maria João Costa aproximou-se dos diálogos d'A Impostora, a novela de António Barreira que não conquistou completamente.
Os atores da novela são, sem dúvida, o que a enriquece. O elenco brasileiro tem conseguido diversificar as caras da ficção da TVI. Destaque para Carolina Kasting, Thiago Rodrigues e Marcello Antony. Já Ana Sofia Martins voltou cedo demais ao protagonismo de novelas. Foi A Única Mulher, logo se seguida esteve em Ouro Verde. O público ainda a reconhece como a Mara, de 2015. A atriz devia descansar a imagem.
Contudo, o canal de Queluz de Baixo conseguiu reunir atores que mereciam destaque em antena, fala-se de Silvia Rizzo, Isabel Figueiras, Dina Feliz da Costa e Susana Arrais. Já Rúben Gomes tem-se mostrado à altura do papel e será, certamente, aposta para outras produções.
Muitos dos atores d'A Herdeira transitaram para Valor da Vida. Pedro Barroso, Pedro Hossi, Joaquim Horta, Isabel Valadeiro, José Condessa e Daniela Melchior. Continua a faltar na ficção portuguesa a aposta em outros rostos para as novelas. Os atores que passam diretamente de uma novela para outra acabam por desgastar a sua imagem e não dão espaço para o público se "habituar" à sua nova personagem.
Tanto na SIC como na TVI, o público das 21h45 desceu assim que terminou Paixão e A Herdeira, respectivamente. Essa perda de público deve-se às histórias semelhantes que vemos de novela para novela, aos atores que não variam e ao facto de a ficção seguir uma linha. Assistimos à fase da aposta em atores brasileiros/angolanos nos elencos, às tramas feitas em dois ou três países e com temporadas. E o mercados dos canais privados é assim. Precisamos de mais diversidade. Os temas precisam de ser inovados.
Além disso, perdemos os núcleos que traziam humor às novelas. Passamos a ter uma ou duas personagens parcialmente cómicas. A carga dramáticas das novelas é muita. Quem se lembra da Dona Manuela e da Dianinha de Doce Tentação? Precisamos apostar nestes núcleos.
Até agora Valor da Vida tem liderado. Os números caíram, comparando à sua antecessora, mas, tal como aconteceu com as novelas das 23h, a tendência é a queda de audiências. Atualmente temos a trama da TVI com 1 milhão e 200 espectadores diários. Na SIC, Alma e Coração está atenta e qualquer reviravolta na sua história pode torná-la líder.
Segunda Opinião - 132ª Edição
Uma rubrica em parceria com o
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