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Segunda Opinião | Talk-shows da tarde


Com a plataforma Cabo a subir cada vez mais nas audiências, as principais generalistas têm baixado os seus valores em todos os horários, principalmente nas tardes. Os talk-shows emitidos nesta faixa continuam a não convencer os telespetadores e são o 'calcanhar de Aquiles' dos três canais generalistas portugueses.

Os canais privados emitem ao mesmo tempo dois vespertinos, que em muito são semelhantes e pouco (ou nada) acrescentam ao que já foi feito: ambos utilizam a palavra 'Tarde' no nome; os cenários são pouco coloridos; o 760 é o tema principal dos programas; e as histórias repetem-se , sendo raras aquelas que verdadeiramente se diferenciam. Nada é novo neste tipo de programas e como tal, o público que o segue acaba por ser o mais velho.

Na RTP1, Tânia Ribas de Oliveira e José Pedro Vasconcelos apresentam um "Agora Nós" mais direcionado para as artes e para o serviço público, com a presença em estúdio de várias caras promotoras de espetáculos dos mais diversos temas ou projetos de ajuda ao próximo. É um formato diferente da concorrência e está num horário estratégico, de modo a não se cruzar muito tempo com a transmissão da SIC e TVI. Ainda assim, faltam temas mais atuais para este conseguir atrair público jovem.

Somando as audiências das três generalistas, é possível concluir que juntas não atingem 1 milhão de espectadores no horário dos talk shows. É sem dúvida o maior alarme que os canais podem ter para apostar na mudança. Mas porque é que esta não acontece?

Retirando a RTP1 da equação, a verdade é que mesmo com resultados abaixo da média do canal em que são emitidos, "Juntos à Tarde" e "A Tarde é Sua" recebem por dia milhares de chamadas de valor acrescentado para participar no passatempo, que garantem o 'sustento' das privadas para o período. Também as telepromoções garantem uns bons 'trocos'. Se assim é, e os canais ganham dinheiro, não há razões para mudar. O conceito principal destes programas não é entreter, mas sim uma maneira dos canais atingirem uma maior receita, quer seja por boas audiências ou dinheiro feito pelos passatempos e telepromoções. E continua a arrastar-se a inércia das tardes.

No período a que são emitidos os vespertinos - desde as 16h às 19h no caso das privadas e das 15h30 às 18h na RTP1- não existem apenas pessoas idosas a ver televisão. No nosso país são muitos os desempregados jovens e é a esta hora que a maior parte dos portugueses termina o turno de trabalho. Seria bom que as nossas generalistas pensassem desta maneira e criassem formatos que preenchessem as tardes e entretivessem o público, não descuidando das receitas que vão usufruir com isso, pois, claramente, também é importante.

A utilidade dos talk shows da tarde é mais uma vez posta em causa se pensarmos que de manhã as três generalistas emitem os matutinos- onde as audiências são mais animadoras, porque o público-alvo do período é maioritariamente mais velho- e os temas não variam, portanto, tudo o que é dito à tarde pode ser dito n' "A Praça", no "Queridas Manhãs" ou no "Você na TV!".

Os apresentadores também merecem novos desafios e a verdade é que eles não tem culpa dos maus resultados dos talk shows a que são incumbidos apresentar. São os próprios formatos dos programas que são culpados. A continuidade destes programas é posta em causa todos os dias, será que esta é uma aposta gasta ou feita para... ganhar?

 Segunda Opinião -  91ª Edição
Uma rubrica em parceria com o
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