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Segunda Opinião | "Amar pelos dois, amar por Portugal"


13 de maio de 2017 ficará para sempre na História da cultura em Portugal. Foi este o dia em que o nosso país venceu, pela primeira vez, o "Festival Eurovisão da Canção". 

Depois de 61 anos sem conseguirmos chegar ao topo da tabela, foi com "Amar Pelos Dois", interpretada por Salvador Sobral e composta por Luísa Sobral, que conquistámos a Europa.

"Amar Pelos Dois" é um tema representativo da realidade de todos nós. Não foi uma música feita para grandes espectáculos visuais ou até sonoros - está longe dos "fogos-de-artíficio" da "Eurovisão". Vale pela letra e não é um tema comercial, de duração efémera, como alguns países parecem apostar constantemente no "Festival Eurovisão da Canção". Vai certamente ficar no coração de todos nós.

Portugal foi dos poucos países a cantar no seu idioma original. E, curiosamente, esta foi das músicas que mais tocou o continente europeu. Mostramos assim que também é possível brilhar com o que nos pertence, que às vezes a forma como um tema é interpretado vale mais do que qualquer letra em inglês. E foi essa interpretação única que conquistou a Europa.


A simplicidade em palco aproximou-o do público e tornou "Amar Pelos Dois" numa musica de ainda mais impacto. A peculiaridade com que deu voz à musica deu-lhe um toque especial, pois Salvador Sobral torna-se único a cantar devido aos gestos que faz durante as prestações e à sua voz meiga e meio anasalada.

Às vezes o diferente e simples é mesmo o melhor e a personalidade do jovem artista apaixonou os espectadores de toda a Europa. Portugal duvidou no início da escolha de Salvador para representar o país. Muitos foram aqueles que criticaram, mas a verdade é que ele nos provou que foi a escolha certa e rapidamente apaixonou todos os portugueses. Porque, tal como a banda portuguesa D'Alva diz numa das suas músicas, os "haters mandam ódio mas em três tempos dançam na pista". E foi isso que aconteceu. Portugal parou e rendeu-se a Salvador.

Os portugueses voltaram a ficar interessados no espectáculo e o pico de 24.5% de rating demonstrou isso mesmo. Cerca de dois milhões e meio de pessoas pararam para ver o Festival no momento em que Salvador Sobral se sagrou campeão. Tudo isto prova que a aposta da RTP1 na renovação do festival, com a mudança no grafismo, nos jurados e em algumas regras do programa obteve frutos. A direção do canal público está de parabéns por fazer regressar o interesse junto do público.

Em 2018, esperamos outra grande música, num ano em que o Festival será organizado por Portugal. Um momento que promete ser único e histórico para o nosso país. A Europa vem a Portugal no próximo ano para vibrar com as actuações eurovisivas de vários países. Como será que tudo irá correr? O melhor é esperar, "sem fazer planos do que virá depois", tal como aconteceu com esta vitória inesperada mas merecida dos irmãos Sobral, que conseguiram "amar pelos dois" e amar por Portugal.

 Segunda Opinião -  86ª Edição
Uma rubrica em parceria com o
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