Duplo Clique | "Dueto Imperfeito"

Just Duet – O Dueto Perfeito continua a alinhar no género de concurso pop para as massas, sendo especialmente inábil a marcar pela diferença.

Just Duet estreou na SIC com a ambição de formar um “dueto perfeito” com as audiências, mas os portugueses não foram na cantiga. Perante mais do mesmo, o talento multidisciplinar de Got Talent Portugal da RTP e até o desfile de horrores de Pesadelo na Cozinha da TVI são nitidamente mais estimulantes.

Com 6,3% de audiência média e 12,8% de share, a estreia da SIC ficou até abaixo do desempenho do empacotado de vídeos de Não Há Crise! exibido na semana anterior e mostrou como os talent-shows – até os ditos “inovadores” – estão em queda livre na programação generalista portuguesa.

Em Just Duet, os cantores anónimos actuam com alguns dos maiores ícones da música portuguesa, o que não é nada de excepcionalmente novo, conhecendo-se, para mais, que os duetos só acontecerão em palco numa fase mais avançada da competição.

Um dos pontos fortes deste Dueto Perfeito português – sendo Portugal o segundo país a receber este formato original indonésio – é o elenco de jurados composto pelos cantores e compositores Agir, Héber Marques (vocalista dos HMB), Gisela João e Paulo de Carvalho.

Entre Agir e Paulo de Carvalho (pai e filho) há um ambiente de competição saudável e picardia inocente que divertem o público em casa, equilibrados com a presença menos fulgurante da fadista e do vocalista da banda pop. Este painel de luxo representativo de muitos géneros de música e das próprias gerações de público dá cartas à SIC, mas não faz milagres… 

A apresentar o programa, a solo, está o reconhecido e irreverente João Manzarra, capaz de chamar à antena faixas de público mais jovens. Trata-se de outra excelente escolha por parte de quem produz o programa, numa era em que as duplas de apresentadores parecem ter-se institucionalizado, funcionem ou não, como se viu em Agarra a Música e se vê em Got Talent Portugal, da RTP.

Quem supostamente brilha nestes concursos caça-talentos são os concorrentes – ou melhor, as histórias de vida dramáticas. Manzarra esclareceu que este não seria um programa de fazer chorar as pedras da calçada, mas pelos vistos essa mudança ainda não chegou: basta rever a estreia para conseguir ouvir os violinos chorarem nas VTs de apresentação dos aspirantes a estrelas.

Em palco, os concorrentes quase não se destacaram pela espectacularidade das interpretações musicais, ainda que as canções escolhidas tenham sido diferentes e interessantes… No fundo, Just Duet continua a alinhar no género de concurso pop para as massas, sendo especialmente inábil a marcar pela diferença.

Duplo Clique - 93ª Edição 

Por André Rosa