Fantastic Entrevista | Martim Vicente
Martim Vicente é o convidado desta edição do Fantastic Entrevista. O cantor participou no programa Ídolos, em 2010, e desde então tem conquista os fãs com a sua música. "Caminho" é o nome do álbum de estreia que lançou o ano passado e que conta com o tema "Eram os Teus Olhos", considerada a melhor música portuguesa de 2016 pelos leitores do Fantastic.
A tua paixão pela música surge muito cedo. Aos 8 anos começas a frequentar as primeiras aulas de música no ATL da tua escola, em Benfica, demonstrando desde então uma grande paixão pela área. Como é que tudo isto surgiu?
Desde muito pequeno (aos 4 anos talvez) que cantar fazia parte do que mexia comigo. Na primária, num A.T.L., surgiu esta oportunidade de frequentar umas aulas de iniciação e aí o meu professor e os meus pais compreenderam que eu tinha mesmo de me formar na área. Então, logo aos 10 anos, entrei para o Conservatório Nacional de Musica.
Com que idade começaste a tocar o primeiro instrumento musical? E quais tocas, actualmente?
Quando tinha 8 anos apareceu uma guitarra velha emprestada lá em casa. O meu pai tinha de relembrar alguns acordes para tocar num casamento de uma prima uma canção. Fiquei fascinado pois nunca tinha visto o meu pai com um instrumento nas mãos e perguntei logo como é que funcionava. Aprendi assim os meus primeiros 3 acordes e com esses, compreendi que já dava para tocar muitas canções. A guitarra foi assim o meu instrumento de formação no Conservatório e que até hoje me acompanha tanto para actuar como para compor.
Quando tinha 8 anos apareceu uma guitarra velha emprestada lá em casa. O meu pai tinha de relembrar alguns acordes para tocar num casamento de uma prima uma canção. Fiquei fascinado pois nunca tinha visto o meu pai com um instrumento nas mãos e perguntei logo como é que funcionava. Aprendi assim os meus primeiros 3 acordes e com esses, compreendi que já dava para tocar muitas canções. A guitarra foi assim o meu instrumento de formação no Conservatório e que até hoje me acompanha tanto para actuar como para compor.
A música, tal como o teatro e outras formas artísticas, é uma área que em Portugal recebe poucos apoios financeiros. Sempre pensaste fazer da música a tua vida ou houve algum momento em que achaste que não iria resultar? A tua família, nomeadamente os teus pais, sempre te apoiaram na tua escolha?
Os meus pais sempre me apoiaram incondicionalmente. Felizmente tive a oportunidade de me formar no Conservatório ao mesmo tempo que mantinha o meu currículo corrente na escola. Por isso quando cheguei ao fim do secundário, visto estar a terminar a formação no Conservatório, também pensei em fazer outra formação superior noutra área que não a musica. Fui assim licenciar-me em Sociologia. Mas a ideia de ser músico profissional foi algo que nunca me saiu da cabeça.
No tempo em que frequentaste o ensino superior, fizeste parte da Tuna da tua Universidade. Como foi esta experiência? Achas que, de certa maneira, te ajudou a crescer enquanto artista?
A Magna Tuna Apocaliscspiana foi como uma bomba de oxigénio musical nos meus tempos de estudante universitário. Porque com os estudos e as responsabilidades associativas que tinha na altura na Associação de Estudantes dedicar-me à minha música era algo que não tinha muito tempo, e na tuna pude continuar a explorar o meu lado musical e até ter pela primeira vez a oportunidade de fazer arranjos musicais.
A Magna Tuna Apocaliscspiana foi como uma bomba de oxigénio musical nos meus tempos de estudante universitário. Porque com os estudos e as responsabilidades associativas que tinha na altura na Associação de Estudantes dedicar-me à minha música era algo que não tinha muito tempo, e na tuna pude continuar a explorar o meu lado musical e até ter pela primeira vez a oportunidade de fazer arranjos musicais.
Em 2010, participas na 4ª edição do "Ídolos", conquistando o segundo lugar do pódio. Alguma vez pensaste que terias tanto sucesso junto do público e dos jurados?
Em tudo a que me proponho na vida, tento encarar com seriedade e ir o mais longe possível, trabalhando ao máximo. Por isso, estaria a mentir se dissesse que não concorri para vencer. Fiquei em 2º lugar no meio de artistas que ainda hoje admiro imenso, por isso acho que daria nota bastante satisfatória ao que me propus.
Em tudo a que me proponho na vida, tento encarar com seriedade e ir o mais longe possível, trabalhando ao máximo. Por isso, estaria a mentir se dissesse que não concorri para vencer. Fiquei em 2º lugar no meio de artistas que ainda hoje admiro imenso, por isso acho que daria nota bastante satisfatória ao que me propus.
Agora que passaram quase sete anos, qual foi, para ti, o verdadeiro impacto desta participação?
Em primeiro lugar, um desafio superado. Em segundo, permitiu que me conhecesse melhor como artista e a partir daí conseguisse definir que tipo de artista queria ser. Em terceiro lugar, pessoas que conheci para a vida, e os profissionais com quem tive oportunidade de trabalhar.
Em primeiro lugar, um desafio superado. Em segundo, permitiu que me conhecesse melhor como artista e a partir daí conseguisse definir que tipo de artista queria ser. Em terceiro lugar, pessoas que conheci para a vida, e os profissionais com quem tive oportunidade de trabalhar.
Cinco anos depois do final do "Ídolos", lanças o teu primeiro álbum. Como foi esta fase entre o talent-show e o lançamento de "Caminho”?
Foi uma fase de crescimento, composição e produção daquele que seria o meu primeiro disco. E sendo o primeiro queremos sempre que seja especial e como sempre imaginámos, por isso tanto tempo de produção.
Foi uma fase de crescimento, composição e produção daquele que seria o meu primeiro disco. E sendo o primeiro queremos sempre que seja especial e como sempre imaginámos, por isso tanto tempo de produção.
Para além de dares voz às tuas músicas, és também compositor. Tens alguma "musa" inspiradora ou é uma inspiração genuína, baseada nos teus próprios pensamentos?
Não tenho nenhuma “musa” até porque não escrevo apenas sobre o amor. Acho que como ser humano tenho uma grande necessidade de me expressar e dizer coisas. E acho que nas canções é por vezes a minha melhor maneira de o fazer.
Não tenho nenhuma “musa” até porque não escrevo apenas sobre o amor. Acho que como ser humano tenho uma grande necessidade de me expressar e dizer coisas. E acho que nas canções é por vezes a minha melhor maneira de o fazer.
O teu registo musical pode, por vezes, ser comparado ao de grandes artistas portugueses, como Sérgio Godinho ou Zeca Afonso. Sentes que a tua música é de certa maneira "influenciada" por algum artista que segues ou que gostas?
Claro que sim. Somos aquilo que vivemos. E artistas como o Sérgio, o Zeca, o Rui Veloso entre outros, fazem parte do que sempre ouvi e por isso não ha problema nenhum em afirmar que estão claramente espelhados em algumas das minhas canções. E só posso agradecer a Deus por sentir isso, pois sou mesmo fã deles todos!
Claro que sim. Somos aquilo que vivemos. E artistas como o Sérgio, o Zeca, o Rui Veloso entre outros, fazem parte do que sempre ouvi e por isso não ha problema nenhum em afirmar que estão claramente espelhados em algumas das minhas canções. E só posso agradecer a Deus por sentir isso, pois sou mesmo fã deles todos!
"Eram os Teus Olhos", um dos temas do teu álbum, foi eleito a "Melhor Música Portuguesa de 2016" pelos leitores do Fantastic. Como é alcançar esta meta, cerca de um ano depois do lançamento do "Caminho”?
É um prémio bonito que após um ano do lançamento do disco ajuda a encher a alma tanto a mim como a todos os intervenientes do disco. Pois todos pusemos o coração neste disco e sabe bem ao fim de um ano o público premiar algo a que demos tanto.
Existem vários artistas portugueses que decidem escrever e interpretar em inglês. Para ti, isso nunca foi opção?
Nunca foi opção, não por ter algum tipo de “bandeira” a erguer patriótica mas sim porque é como me sinto bem a escrever e a cantar. Amo a língua portuguesa, admito que por vezes é dificil, mas penso que isso também a torna muito especial. Citando o grande Sam the Kid, até hoje, “escrevo como falo, como sonho e como penso”.
Nunca foi opção, não por ter algum tipo de “bandeira” a erguer patriótica mas sim porque é como me sinto bem a escrever e a cantar. Amo a língua portuguesa, admito que por vezes é dificil, mas penso que isso também a torna muito especial. Citando o grande Sam the Kid, até hoje, “escrevo como falo, como sonho e como penso”.
Carolina Deslandes e Ivan Lins foram apenas alguns artistas que cantaram, contigo, algumas das tuas músicas . Como foi trabalhar com todos eles? Que outras parcerias gostarias de ter no futuro?
A Carolina é uma das minhas melhores amigas e costumamos considerar-nos almas gémeas musicais, pois temos gostos muito idênticos e toda a relação que tenho com ela faz com que musicalmente as coisas ainda se tornem mais fáceis. É e sempre será um prazer e honra enorme trabalhar com ela, pois ela é para mim, uma das maiores artistas em Portugal neste momento. O Ivan foi uma oportunidade de luxo que tive neste disco. Calçada a Portuguesa é das poucas canções do disco que não é minha. Por isso ter um dos autores da canção a trabalhar nela e a produzi-la foi uma experiência unica. Estamos a falar de um dos maiores nomes da Musica Brasileira. É daqueles momentos que de vez em quando tenho que rever para acreditar que de facto aconteceu. O Ivan é um génio musical e mais não ha a dizer. Espero que no futuro novas participações se proporcionem, pois isto da música, faz muito mais sentido partilhada.
A Carolina é uma das minhas melhores amigas e costumamos considerar-nos almas gémeas musicais, pois temos gostos muito idênticos e toda a relação que tenho com ela faz com que musicalmente as coisas ainda se tornem mais fáceis. É e sempre será um prazer e honra enorme trabalhar com ela, pois ela é para mim, uma das maiores artistas em Portugal neste momento. O Ivan foi uma oportunidade de luxo que tive neste disco. Calçada a Portuguesa é das poucas canções do disco que não é minha. Por isso ter um dos autores da canção a trabalhar nela e a produzi-la foi uma experiência unica. Estamos a falar de um dos maiores nomes da Musica Brasileira. É daqueles momentos que de vez em quando tenho que rever para acreditar que de facto aconteceu. O Ivan é um génio musical e mais não ha a dizer. Espero que no futuro novas participações se proporcionem, pois isto da música, faz muito mais sentido partilhada.
O álbum "Caminho" tem sido um sucesso. sobretudo nas paltaformas digitais. O que acha desta nova forma de ouvir música?
Poderia dizer que é o Futuro, mas acho que já é o Presente. Como os adolescentes gostam de dizer na brincadeira “se não está na net, não existe”. Foi um desafio lançar o disco nas plataformas digitais, pois cresci no tempo do CD-ROM. Mas de facto traz novas oportunidades até no acompanhamento estatístico e crítico do próprio publico. Infelizmente, estamos a ficar sem tempo para nada na nossa sociedade, e estas plataformas têm permitido que a musica seja um meio de acesso instantâneo e fácil nos poucos tempos livres que as pessoas têm.
Que novidades podemos esperar do Martim nos próximos tempos? E um novo álbum, é já uma possibilidade?
O Caminho já faz um ano, e penso que estava na hora de deixar os palcos poucos meses e trazer novidades ao público. Nesta fase estou a gravar novas canções, e ao mesmo tempo aceitei o desafio de produzir o disco da minha antiga tuna que está a ser uma experiência em tanto. Ensinar também foi uma das minhas prioridades para 2017 por isso criei um sistema de aulas particulares de guitarra que intitulei de “Martim Vicente Ensina” e tem sido excelente ensinar guitarra e ver a evolução tão rápida dos meus alunos.
O Caminho já faz um ano, e penso que estava na hora de deixar os palcos poucos meses e trazer novidades ao público. Nesta fase estou a gravar novas canções, e ao mesmo tempo aceitei o desafio de produzir o disco da minha antiga tuna que está a ser uma experiência em tanto. Ensinar também foi uma das minhas prioridades para 2017 por isso criei um sistema de aulas particulares de guitarra que intitulei de “Martim Vicente Ensina” e tem sido excelente ensinar guitarra e ver a evolução tão rápida dos meus alunos.
Fantastic Entrevista | T8 - Edição 8
Março de 2017
Entrevista: Catarina Oliveira
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