Saídos da Rádio | Les Saint Armand
Seja bem-vindo a mais uma edição do Saídos da Rádio, a rubrica do
Fantastic onde damos a conhecer novos talentos da música portuguesa.
Na entrevista desta semana, Les Saint Armand são os nossos convidados.
“Nó” é o nome do vosso primeiro álbum oficial. Como foi percorrer este caminho, ao longo uma década, até chegar ao EP?
Podemos dizer que estes dez anos foram feitos de vários caminhos
simultâneos que por vezes se intersectavam. Nesses encontros fizemos
muitas canções e tocámos para muita gente. Fizemos bandas sonoras para
peças de teatro em que também entrávamos como actores. Tocámos um pouco
por todo o país e voltámos por mais do que uma vez aos sítios que nos
receberam.
A banda sempre teve a formação atual?
A constituição da banda foi mudando. Alguns partiram, outros
chegaram. Em cada recomeço voltávamos a pensar e a trabalhar a fundo
cada canção e as canções foram crescendo connosco, ao mesmo tempo. Ao
fim de dez anos percebemos que tínhamos de registar os temas e de os
disponibilizar às pessoas que nunca deixaram de acreditar em nós. Era
uma questão de gratidão e de celebração. Porque apesar dos avanços e
recuos e de todas as dificuldades nunca desistimos e, pelo contrário,
sentimos que agora estamos mais vivos do que nunca.
Alex
Rodriguez-Lázaro, José Aníbal Beirão, André Júlio Teixeira, António
Parra e Tiago Correia são os elementos da atual formação dos Les Saint
Armand. Quando é que os vossos caminhos se cruzaram?
Todos nós
estudámos na ESMAE. O Tiago, o Parra e o André estudaram teatro e o Alex
e o Aníbal, música jazz. Procurámos sempre juntar-nos de pessoas que
nos compreendessem e de quem pudéssemos ser amigos, com quem pudéssemos
criar. Foi assim que o Aníbal e o Alex se juntaram a nós.
O
vosso primeiro single tem o mesmo nome que o álbum. Com uma letra
simples mas contagiante e uma música “boa onda” que fica no ouvido, como
foi o processo de criação deste tema?
A letra é simples?
(risos) Na verdade, sempre gostámos de coisas simples ou que parecem
simples. O processo é sempre muito semelhante, apesar de não termos
regras. Começamos por compor uma canção com uma guitarra e vozes. Ela
deve funcionar nessa simplicidade. A partir daí vamos trabalhando por
camadas, introduzindo mais vozes, mais instrumentos, definindo variações
rítmicas, tentando fazer com que a canção cresça. A palavra é muito
importante, principalmente nas letras mais simples.
O
videoclip de “Nó”, que conta com António Durães e Mafalda Lencastre, é
uma das imagens de marca do vosso trabalho. Acham que para uma banda, a
imagem é fundamental para o sucesso da sua música?
Não. A
música deveria falar por si só. É claro que é importante ter informação a
circular para que as pessoas possam saber quem somos. Nesse sentido, é
preferível que uma banda faça esse trabalho, para controlar melhor a
primeira impressão que as pessoas têm.
Quais as vossas fontes de
inspiração para a realização do mesmo?
Quando fizemos o videoclip,
trabalhámo-lo um pouco como se faz no teatro: lemos o texto (a letra da
canção), analisámos, interpretámos e transformámos em ideias e em imagens,
descobrimos uma narrativa, escolhemos os actores, debatemos com o
realizador... e fomos filmar: o Durães já estava a chegar. (risos)
Como é que tem sido a reação do público a este “Nó” (enquanto single e enquanto EP)?
As pessoas entendem as nossas canções e são muito generosas,
manifestam-no muito abertamente. Cria-se uma grande harmonia nos nossos
concertos. Fomos também surpreendidos com o apoio de algumas rádios que
têm apostado em nós e com a eleição para terceiro melhor EP de 2016 e quarto melhor
SINGLE/EP 2016 pelo blog "A Certeza da Música" e pela "Rádio Universidade
de Coimbra", respetivamente.
O nome “Les Saint Armand”
surge, aparentemente, sem uma “razão específica”. Ainda assim, acham que
o facto de ser francês poderá ser positivo para uma futura
internacionalização do vosso trabalho?
Costumávamos dizer isso na brincadeira, mas a verdade é que se calhar pode.
Por outro lado, os vossos temas são sempre cantados em português. Porquê esta opção?
Não é bem uma opção, aconteceu de forma natural. Somos portugueses e é
em português que sabemos escrever melhor. É uma forma de estarmos em
contacto com as nossas raízes e as nossas origens.
Pensam que as músicas cantadas em português acabam por limitar um pouco essa possível internacionalização?
Esperamos vir a descobrir. Mas da nossa pouca experiência com públicos
internacionais, percebemos que mesmo sem a compreensão da letra as
pessoas sentem o que estamos a fazer, porque acima de tudo a música
sente-se. É uma experiência sensorial.
Saíram do Porto e estão agora a dar-se a conhecer a todo o Portugal. O que podemos esperar da vossa banda nos próximos tempos?
Muitos concertos por todo o país, a presença em alguns festivais de
música, que ainda não podemos revelar, o lançamento do EP em CD, a
aposta num novo single com novo videoclip e, no final do ano, um novo
álbum.
Na vossa opinião, qual é o lugar dos Les Saint Armand na música portuguesa?
Porque não “nómadas”?
Saídos da Rádio - T3 | Edição 4
Janeiro de 2017
Entrevista: André Pereira
Agradecimentos: 13/27
Agradecimentos: 13/27
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