Fantastic Entrevista | Beatriz Barosa
Nesta edição do Fantastic Entrevista estamos à conversa com Beatriz Barosa, a jovem atriz que se estreou em televisão na série Massa Fresca, da TVI, e que atualmente está a gravar Vidago Palace, uma minissérie que estreia na RTP1 em 2017.
Olá, Beatriz. Desde cedo que as artes fazem parte da tua vida. Dançaste Ballet Clássico, Jazz e Contemporâneo, ainda em criança. Como surgiu esta paixão pela dança?
A minha casa costumava acolher atuações excêntricas. Quando era mais miúda, dançava para os convidados dos meus pais, a seguir ao jantar. Naqueles momentos perdia toda a timidez. Adorava criar novos passos e transformar os que aprendia nas aulas de dança. Penso que comecei com o Ballet Clássico para ir ganhando uma postura elegante, uma vez que tenho pé cavo e um desfio na anca. Aos seis anos abandonei a escola Compassos, pois não conseguia conciliar as lições com os horários do 1º ano de escolaridade. Como, naquela altura, o meu desejo era ser bailarina, a minha mãe apressou-se a inscrever-me na Escola de Música e Bailado Alberta Lima, que também tinha Ballet.
A minha casa costumava acolher atuações excêntricas. Quando era mais miúda, dançava para os convidados dos meus pais, a seguir ao jantar. Naqueles momentos perdia toda a timidez. Adorava criar novos passos e transformar os que aprendia nas aulas de dança. Penso que comecei com o Ballet Clássico para ir ganhando uma postura elegante, uma vez que tenho pé cavo e um desfio na anca. Aos seis anos abandonei a escola Compassos, pois não conseguia conciliar as lições com os horários do 1º ano de escolaridade. Como, naquela altura, o meu desejo era ser bailarina, a minha mãe apressou-se a inscrever-me na Escola de Música e Bailado Alberta Lima, que também tinha Ballet.
Que importância assumiu a dança na tua vida?
Por algum motivo, assisti primeiro a uma coreografia de Jazz e decidi que era aquilo que queria aprender… Talvez por me parecer mais espontâneo e ritmado. A partir daí fui experimentando vários estilos de dança e ganhando consciência do potencial do meu corpo, da sua relação com o tempo, com o espaço e com os outros. Hoje em dia adoro dançar, tenho alguma facilidade em aprender e por vezes até crio pequenas coreografias, o que é bom para determinados papéis e processos de trabalho.
Por algum motivo, assisti primeiro a uma coreografia de Jazz e decidi que era aquilo que queria aprender… Talvez por me parecer mais espontâneo e ritmado. A partir daí fui experimentando vários estilos de dança e ganhando consciência do potencial do meu corpo, da sua relação com o tempo, com o espaço e com os outros. Hoje em dia adoro dançar, tenho alguma facilidade em aprender e por vezes até crio pequenas coreografias, o que é bom para determinados papéis e processos de trabalho.
A partir dos 14 anos, iniciaste a tua formação teatral, inicialmente em Oficinas de Expressão Dramática e mais tarde na Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto. Qual a importância da formação para um ator?
A formação mostrou-me que há uma enorme diversidade de caminhos no trabalho de um ator. Não existe um método absoluto, mas sim vários, que tenho podido experimentar e que me levam a estados que pretendo alcançar. A escola é o lugar ideal para errar: temos espaço para cair, ficar um bocadinho no chão e levantar, com mais conhecimento. Como disse Samuel Beckett: “Try again. Fail again. Fail better". Para além disso, o curso de Interpretação brindou-me com inúmeras referências para a vida, dando-me a conhecer artistas que me ajudam hoje a criar e moldar a minha própria verdade, enquanto atriz.
Em abril, estreou na TVI a série diária Massa Fresca, o teu primeiro grande projeto em televisão. Que balanço fazes da tua personagem, a Catarina?
A Catarina era dona de uma grande força escondida e amava muito a sua família. Tinha dezassete anos e quatro irmãos mais novos. Era estudante de artes plásticas e vocalista de uma banda que ensaiava no anexo de sua casa. Com ela aprendi que vale a pena lutarmos por aquilo em que acreditamos, que a união e o trabalho de equipa são fundamentais e que a vida é demasiado boa para a desperdiçarmos com inutilidades.
A formação mostrou-me que há uma enorme diversidade de caminhos no trabalho de um ator. Não existe um método absoluto, mas sim vários, que tenho podido experimentar e que me levam a estados que pretendo alcançar. A escola é o lugar ideal para errar: temos espaço para cair, ficar um bocadinho no chão e levantar, com mais conhecimento. Como disse Samuel Beckett: “Try again. Fail again. Fail better". Para além disso, o curso de Interpretação brindou-me com inúmeras referências para a vida, dando-me a conhecer artistas que me ajudam hoje a criar e moldar a minha própria verdade, enquanto atriz.
Em abril, estreou na TVI a série diária Massa Fresca, o teu primeiro grande projeto em televisão. Que balanço fazes da tua personagem, a Catarina?
A Catarina era dona de uma grande força escondida e amava muito a sua família. Tinha dezassete anos e quatro irmãos mais novos. Era estudante de artes plásticas e vocalista de uma banda que ensaiava no anexo de sua casa. Com ela aprendi que vale a pena lutarmos por aquilo em que acreditamos, que a união e o trabalho de equipa são fundamentais e que a vida é demasiado boa para a desperdiçarmos com inutilidades.
Graças à grande popularidade que a série conquistou, passaste a ser reconhecida na rua. Como tens lidado com esta abordagem por parte dos fãs?
Fico muito feliz quando percebo que aquilo que digo (através das personagens que interpreto e não só) é ouvido por tanta gente. Sinto que o meu trabalho, que realizo com tanto amor e entrega, faz sentido... Que estou mesmo a comunicar com alguém. Poder entrar em casa das pessoas sem ser convidada tem muito que se lhe diga.
Fico muito feliz quando percebo que aquilo que digo (através das personagens que interpreto e não só) é ouvido por tanta gente. Sinto que o meu trabalho, que realizo com tanto amor e entrega, faz sentido... Que estou mesmo a comunicar com alguém. Poder entrar em casa das pessoas sem ser convidada tem muito que se lhe diga.
Como foi trabalhar ao lado de grandes nomes da ficção nacional, como é o caso de Ruy de Carvalho, Sofia Alves ou Pedro Lima?
Foi maravilhoso! São pessoas super humildes, generosas na contracena e inspiradoras. Contaram-me muitas histórias, que só alguém com muita experiência de trabalho e de vida poderia contar.
Massa Fresca deu-te também a possibilidade de trabalhares com um elenco maioritariamente jovem. Como correu essa experiência?
Foi uma experiência enriquecedora. Costumo dar-me muito bem com crianças, também porque fui uma há pouco tempo. Encanta-me a sua curiosidade constante. As crianças aventuram-se, têm geralmente poucos preconceitos e veem tudo sem julgamentos, o que as torna disponíveis em cena. Estes miúdos eram especiais: estavam a adorar a brincadeira e a levá-la muito a sério, em simultâneo… o ideal, portanto!
Gostavas que Massa Fresca voltasse para uma segunda temporada? Caso acontecesse, aceitarias o desafio?
Sim, aceitaria o desafio. Gostava que houvesse uma maior passagem de tempo, que a Massa Fresca continuasse após, por exemplo, quatro anos. Interpretar a mesma personagem num registo ligeiramente diferente: mais crescida.
Massa Fresca deu-te também a possibilidade de trabalhares com um elenco maioritariamente jovem. Como correu essa experiência?
Foi uma experiência enriquecedora. Costumo dar-me muito bem com crianças, também porque fui uma há pouco tempo. Encanta-me a sua curiosidade constante. As crianças aventuram-se, têm geralmente poucos preconceitos e veem tudo sem julgamentos, o que as torna disponíveis em cena. Estes miúdos eram especiais: estavam a adorar a brincadeira e a levá-la muito a sério, em simultâneo… o ideal, portanto!
Gostavas que Massa Fresca voltasse para uma segunda temporada? Caso acontecesse, aceitarias o desafio?
Sim, aceitaria o desafio. Gostava que houvesse uma maior passagem de tempo, que a Massa Fresca continuasse após, por exemplo, quatro anos. Interpretar a mesma personagem num registo ligeiramente diferente: mais crescida.
Agora estás a gravar uma nova série, Vidago Palace, em que intrepretas uma personagem numa ficção histórica. Que balanço fazes, até agora, deste trabalho?
Estou a adorar este trabalho. Há realmente um contexto histórico fortíssimo: estamos em 1936, em plena Guerra Civil de Espanha, pouco antes da Segunda Guerra Mundial. A oportunidade de viajar no tempo tem sido fantástica. Visitar e permanecer numa época tão distante e diferente da minha tem-me ajudado a compreender a evolução de Portugal e do mundo.
A minissérie parte de um amor impossível entre a filha dos condes de Vimieiro e um rececionista daquele hotel. O que nos podes adiantar sobre a história e a tua personagem?
Esta história acontece durante quinze dias entre a fronteira de Portugal e Espanha, num quartel da GNR, na casa do chefe de receção do hotel e sua família e o próprio Vidago Palace. Existem várias realidades em jogo. A minha personagem, São da Silva, está hospedada no mais bonito dos lugares. É filha de Bonifácio (um barão de título comprado, que nasceu em Mesão Frio, tendo emigrado para o Brasil e enriquecido por lá) e Benvinda de Fátima (uma mulher excêntrica e ambiciosa). A minha São ingressou, em pequena, num colégio interno de Lisboa, onde conheceu e se tornou a melhor amiga de Carlota (a protagonista), tendo tido uma educação mais requintada do que a dos seus pais.
Ser jovem em 1936 não deveria ser fácil...
Estou a adorar este trabalho. Há realmente um contexto histórico fortíssimo: estamos em 1936, em plena Guerra Civil de Espanha, pouco antes da Segunda Guerra Mundial. A oportunidade de viajar no tempo tem sido fantástica. Visitar e permanecer numa época tão distante e diferente da minha tem-me ajudado a compreender a evolução de Portugal e do mundo.
A minissérie parte de um amor impossível entre a filha dos condes de Vimieiro e um rececionista daquele hotel. O que nos podes adiantar sobre a história e a tua personagem?
Esta história acontece durante quinze dias entre a fronteira de Portugal e Espanha, num quartel da GNR, na casa do chefe de receção do hotel e sua família e o próprio Vidago Palace. Existem várias realidades em jogo. A minha personagem, São da Silva, está hospedada no mais bonito dos lugares. É filha de Bonifácio (um barão de título comprado, que nasceu em Mesão Frio, tendo emigrado para o Brasil e enriquecido por lá) e Benvinda de Fátima (uma mulher excêntrica e ambiciosa). A minha São ingressou, em pequena, num colégio interno de Lisboa, onde conheceu e se tornou a melhor amiga de Carlota (a protagonista), tendo tido uma educação mais requintada do que a dos seus pais.
Ser jovem em 1936 não deveria ser fácil...
Ter 21 anos em 1936 nem sempre foi pera doce. A miúda a que dou vida é super despachada e quer o melhor para si. Observando a sociedade que a rodeia, percebe que o matrimónio é visto como um negócio entre famílias e diz não querer casar. A submissão a um possível marido enoja-a, sendo que deseja viajar e ter o mundo a seus pés, como um homem. Se o amor não motiva a união entre pessoas, então para que serve? Qual é o sentido de estar apaixonada/o? Será a paixão suficientemente sustentável para valer a pena? São algumas das questões que a minha personagem coloca a David Taylor, um inglês que lhe provará que a ilusão se pode converter em esperança, quando gostamos de alguém. A São acaba por viver mais a estória de amor de Carlota, por quem nutre uma grande amizade, do que a sua possível paixão. Assim, fica profundamente desiludida quando a segunda relação mais verdadeira que conhece é posta em causa. Tenho em mãos uma rapariga admiravelmente atrevida.
O canto é uma outra vertente artística que faz parte da tua carreira. Tens planos para te lançares no mundo da música?
Gosto imenso de cantar e poderão, também, surgir novidade a esse nível… Prefiro cantar enquanto atriz, através de uma personagem, mas não excluo, de todo, a hipótese de cantar em público como Beatriz.
É cada vez mais comum vermos jovens atores que se formam em teatro, mas cujas competências no canto e na dança são também fundamentais. A complementaridade é importante?
Sim, para mim tem sido importante em algumas personagens e processos de trabalho. Estas ferramentas desafiam-me em diferentes campos e eu adoro isso.
Espero ser felizmente surpreendida. Tal como a Maria da Massa Fresca, gosto de confiar na vida e acredito que o melhor para mim acontece sempre. Tenho ideia do que se pode vir a passar, mas pouca coisa confirmada. Quero continuar a comunicar através desta profissão maravilhosa, viajar e ser cada vez mais curiosa.
Fantastic Entrevista | Temporada 8 - Edição 5
Novembro de 2016
Entrevista: André Pereira
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