Segunda Opinião | The Voice Portugal
O The Voice Portugal está de volta aos serões de domingo da RTP1. Aquele que é um dos formatos mais bem produzidos na televisão nacional provou, na emissão de estreia, que ainda tem muito talento por descobrir. A grande questão que se coloca é esta: será que Portugal já tinha saudades do The Voice?
O regresso do programa acontece menos de um ano depois do final da edição anterior, que foi a mais bem sucedida na RTP1. Depois de uma primeira temporada falhada em 2011 – ainda com o nome A Voz de Portugal –, em que o programa passou completamente despercebido nas noites de sábado, o formato de talentos regressou em 2014 com nova roupagem e grandes novidades, repetindo a proeza em 2015.
A um leque de mentores muito mais interessante, mais cúmplices entre si e mais mediáticos, juntou-se um novo apresentador na edição de 2014, Vasco Palmeirim, ao lado de Catarina Furtado, que vinha apresentando a solo desde a primeira edição. Uma dupla que ao início surpreendeu e que acabou mesmo por convencer. A partir daí, bastou juntar um enorme salto qualitativo no que toca à produção do formato, que melhorou ainda bastante a nível gráfico, cenográfico e técnico – o ritmo de montagem e a realização do programa nada ficam atrás às versões internacionais.
Este ano, a quarta edição surgiu numa altura em que a TVI aposta em mais uma edição da Casa dos Segredos e a SIC faz regressar o entretenimento às noites de domingo, com a futura estreia de Best Bakery. O primeiro episódio da Prova Cega resultou bastante bem, ao conseguir um bom ritmo, com um equilíbrio entre concorrentes medianos e grandes vozes e surpreendeu com alguns momentos diferentes do habitual.
Ainda assim, fica sempre a sensação de que estamos a ver, em parte, aquilo a que se chama "mais do mesmo". As piadas e os comentários dos mentores tornam-se repetitivos, as histórias dramáticas dos concorrentes continuam a ser exploradas pela produção e, por fim, a eterna questão que se impõe: quantas destas vozes serão, efetivamente, vozes de Portugal, depois do fim do formato?
Das edições anteriores, apenas uma pequena parte dos candidatos vingou no mundo da música. E, para já, os vencedores não se tornaram grandes sucessos no panorama musical – Denis Filipe e Rui Drummond têm passado despercebidos e Deolinda Kinzimba prepara-se agora para lançar o seu primeiro projeto de originais.
"Em equipa que ganha não se mexe" e o regresso do The Voice Portugal é de louvar na programação, pela qualidade que o formato já alcançou. Resta-nos esperar que esta edição consiga manter o mesmo interesse que as anteriores, ao longo de todas as fases, uma vez que o fator surpresa já é quase nulo.
O grande teste ao sucesso deste The Voice Portugal acontecerá depois das Provas Cegas, uma vez que esta é a fase que suscita mais curiosidade junto do público. Será que as restantes etapas e as galas em direto irão vingar nas audiências? Para já, esta parece ser uma boa alternativa ao que a concorrência apresenta nas noites de domingo e é, a par de Got Talent Portugal, o melhor talent-show produzido, atualmente, no nosso país.
Segunda Opinião - Edição 62
Por André Pereira
Uma rubrica em parceria com o Diário da TV
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