Segunda Opinão | Séries em Série
Quando se pensa em "ficção nacional" pensa-se, imediatamente, na produção de telenovelas. As telenovelas continuam a ser o produto bandeira da pequena grande indústria audiovisual portuguesa - com relativamente poucas produtoras e clientes no mercado -, são o paradigma dominante na oferta dos canais generalistas (ganham audiências e dão a ganhar salários) e empregam milhares de profissionais todos os anos.
Mudar este panorama é uma tarefa difícil, uma vez que depende ainda de muitos outros agentes, como os hábitos de consumo dos públicos. Nos últimos anos, a RTP tem sido um agente de mudança, e para esta rentrée televisiva apostou numa nova programação (especialmente no horário nobre), dedicada a quatro novas séries portuguesas em simultâneo. A aposta é boa, o resultado imediato nem por isso. Será que alguém se apercebeu das novidades?
Em contraponto com a hegemonia das telenovelas da SIC e da TVI (que conseguem a proeza de emitir neste momento sete novelas diárias), a RTP acenou ao público com as séries temáticas Mulheres Assim, Os Boys, Dentro e Miúdo Graúdo, criando uma programação vertical bem ao estilo da televisão americana. Séries com largo potencial para cativar o público, graças às suas narrativas alternativas e estilos visuais inovadores, mas que ainda assim parecem ter passado completamente ao lado do público português.
As audiências confirmam esta leitura. Em média, nenhum episódio alcançou os 500 mil espetadores, e na sua maioria, estas novas produções ficaram mesmo abaixo dos 2% de audiência e 10% de quota média de mercado – enquanto as telenovelas A Impostora (TVI) ou Amor Maior (SIC) registaram seis vezes mais espetadores.
Porque é que o modelo de produção e exibição de "séries em série" não funciona no panorama generalista português? A verdade é que a aposta em séries portuguesas foi escassa na última década, e a maioria dos produtos que chegaram às grelhas televisivas teve um tratamento muito pouco digno. Na RTP, a série Conta-me Como Foi marcou a história da televisão portuguesa, mas não teve um horário definido ao longo da sua exibição. O mesmo descuido se viu em Os Filhos do Rock, uma das produções mais maltratadas da televisão portuguesa, exibida aos sábados à meia-noite.
Contam-se pelos dedos os casos de sucesso audiométrico de outras séries exibidas, também, nos canais privados, caso da comédia Aqui Não Há Quem Viva (SIC). Depois da produção em escala dos episódios de Casos da Vida (que fez furor em 2008), a TVI também desinvestiu nas séries (e até no cinema nacional e internacional), reforçando a produção de telenovelas. Percebe-se assim como o público português se habituou pouco às séries nacionais.
Provavelmente, é o público mais jovem que precisa de ser conquistado. Aquele público que é fã de séries americanas e que não tem tempo para ver uma história com 350 episódios. Até porque muitos desses jovens não esperam pelas 22h para assistir às séries na televisão - veem-nas às horas que querem, nas gravações automáticas das box ou nos serviços on demand, no tablet, computador ou no telemóvel.
O factor geracional é determinante para compreender os hábitos de consumo dos telespectadores, sobretudo à luz do público caraterístico da RTP. Agora é preciso pensar, repensar e apostar, sem medos, em novas produções, com boas histórias e uma boa realização. Daqui a dois ou três anos, talvez a situação mude e o público prefira já acompanhar outros géneros televisivos, contribuindo para que as séries façam parte da grelha habitual de todos os canais portugueses.
As audiências confirmam esta leitura. Em média, nenhum episódio alcançou os 500 mil espetadores, e na sua maioria, estas novas produções ficaram mesmo abaixo dos 2% de audiência e 10% de quota média de mercado – enquanto as telenovelas A Impostora (TVI) ou Amor Maior (SIC) registaram seis vezes mais espetadores.
Porque é que o modelo de produção e exibição de "séries em série" não funciona no panorama generalista português? A verdade é que a aposta em séries portuguesas foi escassa na última década, e a maioria dos produtos que chegaram às grelhas televisivas teve um tratamento muito pouco digno. Na RTP, a série Conta-me Como Foi marcou a história da televisão portuguesa, mas não teve um horário definido ao longo da sua exibição. O mesmo descuido se viu em Os Filhos do Rock, uma das produções mais maltratadas da televisão portuguesa, exibida aos sábados à meia-noite.
Contam-se pelos dedos os casos de sucesso audiométrico de outras séries exibidas, também, nos canais privados, caso da comédia Aqui Não Há Quem Viva (SIC). Depois da produção em escala dos episódios de Casos da Vida (que fez furor em 2008), a TVI também desinvestiu nas séries (e até no cinema nacional e internacional), reforçando a produção de telenovelas. Percebe-se assim como o público português se habituou pouco às séries nacionais.
Provavelmente, é o público mais jovem que precisa de ser conquistado. Aquele público que é fã de séries americanas e que não tem tempo para ver uma história com 350 episódios. Até porque muitos desses jovens não esperam pelas 22h para assistir às séries na televisão - veem-nas às horas que querem, nas gravações automáticas das box ou nos serviços on demand, no tablet, computador ou no telemóvel.
O factor geracional é determinante para compreender os hábitos de consumo dos telespectadores, sobretudo à luz do público caraterístico da RTP. Agora é preciso pensar, repensar e apostar, sem medos, em novas produções, com boas histórias e uma boa realização. Daqui a dois ou três anos, talvez a situação mude e o público prefira já acompanhar outros géneros televisivos, contribuindo para que as séries façam parte da grelha habitual de todos os canais portugueses.
Segunda Opinião - 64ª Edição
Por André Rosa e André Pereira
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