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[Especial] Globos de Ouro 2016 | O País a Rir


Quem ri por último ri melhor. E este ano a plateia do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, não conseguiu resistir, muito menos os espetadores que em casa deliraram com os momentos de humor de Luís Franco Bastos. Se o humorista foi despedido no final da gala, pouco importa. Há quem diga que salvou a noite do aborrecimento que é ver Bárbara Guimarães ao comando; há quem diga que foi um abuso a maneira como brincou com Marcelo Rebelo de Sousa. Uma coisa é certa: Luís Franco Bastos pôs uma plateia de centenas a rir, sem maldade, até porque a brincar, às vezes dizem-se as verdades.
          
Pela primeira vez nos últimos anos, a gala dos Globos de Ouro produzida pela SIC e pela revista CARAS conseguiu ter um brilho diferente. Em termos de espetáculo, foi muito bem conseguida – aplauda-se a grande abertura coreografada por Cifrão e cheia de sensualidade –, mais ritmada e surpreendente em emoções. As atuações musicais garantiram energia à sala (Agir envolveu a plateia num dos momentos mais festivos da noite), e Marisa Liz protagonizou uma emocionante homenagem a todos os que partiram do mundo artístico nos últimos meses. Televisivamente, não foi uma das galas mais espetaculares, mas resultou bem.  

            
A imprevisibilidade marcou o entretenimento da XXI Gala dos Globos de Ouro. A começar pelas intervenções de Luís Franco Bastos, que se afirmou num género de programa a que não está familiarizado, o que naturalmente terá atraído também outro tipo de público à antena da SIC. Luís Franco Bastos apresentou um texto irreverente, incisivo e por vezes incómodo, sem pudores de construir piadas e suscitar reflexão, seja em torno dos programas e caras da SIC, seja em relação ao espetáculo mediático que envolve o Presidente da República. Todos os temas vieram a lume, dos mais populares aos inconvenientes, numa comédia à medida que só quem esteve de fora dos Globos de Ouro durante estes tempos podia trazer.
           
Bárbara Guimarães, a anfitriã do evento, é que apenas levou a sua presença monótona para cima do palco, e o seu habitual conjunto de piadas forçadas e momentos que faziam o público não ter a certeza se devia ou não bater palmas. O pivot da SIC Rodrigo Guedes de Carvalho, por sua vez, também não arrancou tantos sorrisos aos atores presentes, dando-lhes um workshop gratuito de como se lê um teleponto (e não sem razão).


A atribuição dos troféus dourados da XXI Gala dos Globos de Ouro marcou-se pela previsibilidade. No Cinema, Vitória Guerra e José Mata não deram hipótese pelo seu mérito em Amor Impossível, de António-Pedro Vasconcelos. O grande vencedor da categoria de Melhor Filme foi a trilogia As Mil e Uma Noites, que premiou justamente Miguel Gomes, depois de o cineasta ter saído da gala dos Prémios Sophia sem qualquer prémio. A obra, aliás, foi escolhida para representar o cinema português na competição dos Óscares norte-americanos.


Dos estúdios de cinema para as tábuas do Teatro, Maria Rueff arrecadou o prémio de Melhor Atriz pelo seu segundo ano consecutivo, e quanto às peças, Plaza Suite, um dos favoritos da crítica e das bilheteiras, acabou não sorrir a Alexandra Lencastre e Diogo Infante.



As confirmações surgiram nas categorias de Desporto e especialmente na Música, com os DAMA a "fazerem questão" de levar finalmente para casa o globo de Melhor Grupo, depois de terem sido nomeados três vezes na competição do ano passado sem ganhar nada. E na Moda, o globo de Melhor Modelo Feminino coube ao Anjo da Victoria's Secret Sara Sampaio, e Gonçalo Teixeira renovou o título que já tinha ganho noutras edições.

O discurso mais comentado nas redes sociais foi o de Mariana Pacheco, a jovem atriz que subiu ao palco para agradecer o Prémio Revelação e que "queria dizer coisas que mudassem o mundo", mas acabou "por não dizer nada de jeito" enquanto a orquestra acelerava os acordes em contrarrelógio. Marco Paulo, ícone absoluto da música popular portuguesa com 50 anos de carreira, conquistou o Prémio Mérito e Excelência num claro sinal de reconhecimento da música popular romântica como uma das heranças mais transversais a toda a sociedade portuguesa.

A XXI Gala dos Globos de Ouro surpreendeu este ano como espetáculo, cumprindo o desígnio de premiar o melhor da cultura e os profissionais portugueses que brilharam em 2015. Os Globos de Ouro continuam a ser uma festa centrada no universo SIC, e este ano revelaram-se mais empáticos com o público. Para o ano há mais.

Globos de Ouro 2016 | O País a Rir
por André Rosa e Rita Pereira