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Segunda Opinião | "RTP. Continua... quase igual!"


A nova direção da RTP1 tomou posse e anunciou várias mudanças no canal, a nível de conteúdo e até de grafismo. O objetivo é a estação cumprir as suas funções públicas sem se importar muito com os resultados audiométricos e sem comprometer a relação próxima com os telespetadores. Mas a RTP1 continua a precisar de mudanças. 

A reestruturação começou em 2015. Primeiro, foi anunciado o fim de Bem-Vindos a Beirais, a série que já durava há cerca de três anos e que trouxe público para a faixa das 21h. O regresso d'A Praça, no Porto, e a passagem inédita de um matutino para o horário da tarde foram outras das mudanças aplicadas pela nova direção.

Por outro lado, existem novidades que, na verdade, pouco acrescentam. A mudança de nome do Só Visto! para Sociedade Recreativa ou a aposta em Cartaz RTP são dois exemplos de alterações sem grande utilidade. Mais recentemente, estreou o novo Sabe ou Não Sabe? nas noites de sábado, praticamente sem promoção. Quem esperava ver Donos Disto Tudo depois do Telejornal, foi surpreendido com o regresso de Vasco Palmeirim às noites de sábado e assim o programa de humor passou a ser emitido perto das 23h.

O final de Bem-Vindos a Beirais veio numa altura em que a série estava a perder público e podia ser uma boa decisão se os diretores deixassem no ar um possível regresso daqui a algum tempo. Afinal, Beirais já era um marco na televisão portuguesa e o público da RTP gostava do que via. Já o regresso d' A Praça não foi uma má opção, tendo apenas sido criticada visto que "empurrou" o Agora Nós para as tardes. Porque não retomar a emissão do formato de Jorge Gabriel e Sónia Araújo no período vespertino?

Na ficção, Virgílio Castelo ganhou o cargo de consultor e desde logo começaram a preparar-se novas séries, como foi o caso de Terapia, que afundou a faixa das 23h, apesar da qualidade inegável. No meio de tantas apostas e soluções mal pensadas, surge The Big Picture, que veio realmente dar uma nova vertente ao canal, com a aposta num concurso tecnológico e inovador a seguir ao Telejornal.

Para assinalar os 59 anos da RTP, a direção mudou também o grafismo do canal e até o logotipo que se vê no canto superior esquerdo da televisão. Tanto o novo grafismo como o slogan da RTP1 são apostas desnecessárias e um pouco absurdas. O canal passou a ter um separador que, supostamente, serve para apoiar as artes mas que só mostra a falta de originalidade desta nova equipa. O antigo grafismo e slogan ("Portugal sempre ligado") mostrava uma RTP virada para o público, que unia o país e se mostrava ao alcance de todos. Agora, o canal ficou descaraterizado e muito próximo da RTP3. O slogan do canal passou a ser "Continua". A pergunta é: continua o quê?

A RTP "continua" a precisar de mudanças. Precisa de uma imagem que passe para o público uma sensação de conforto. A RTP "continua" a necessitar de bons programas, como Agora Nós, The Big Picture, Got Talent Portugal ou Donos Disto Tudo. A RTP "continua" a precisar de boa ficção, algo que parece vir a acontecer em breve com Aqui Tão Longe, Os Boys ou Dentro. Seja como for, aquilo de que a RTP "continua" mesmo a precisar é de uma equipa que faça o canal cumprir as suas funções públicas e que consiga conciliar a qualidade e as boas audiências. Esta nova direção parece ter tudo isso, mas falta-lhe saber comunicar as suas decisões e realizá-las da melhor forma. Será que o público aprova as novas mudanças?

Segunda Opinião - Edição 55
Diário da TV
Uma rubrica em parceria com o Fantastic