"A Luta contra a coincineração" no próximo 'Perdidos e Achados'
A próxima emissão da rubrica de informação Perdidos e Achados tem como tema "A Luta contra a coincineração". O formato vai ser emitido este sábado, dia 19 de março, no Jornal da Noite da SIC, com a coordenação de Pedro Mourinho.
Em 1997, o Governo de António Guterres optou pela coincineração em cimenteiras como forma preferencial de tratamento dos resíduos industriais perigosos. Mas uma enorme onda de crítica política, com divisões dentro do próprio PS, e de contestação social, com manifestações, vigílias e boicotes eleitorais, travou o processo durante anos. O Perdidos e Achados recorda uma das mais politizadas e mediatizadas discussões ambientais da história recente do país, e mostra qual o destino dado, atualmente, aos resíduos perigosos produzidos em Portugal.
Em maio de 2000, o relatório da Comissão Científica criada pelo Parlamento considerou que a coincineração não traria riscos acrescidos para o ambiente e para a saúde pública e indicou, além da cimenteira da Cimpor, em Souselas, a cimenteira da Secil no Outão, concelho de Setúbal, em vez da cimenteira de Maceira, em Leiria, indicada inicialmente. Em Setúbal, a notícia foi recebida com protestos e logo se formou uma comissão de Cidadãos pela Arrábida que temia impactos negativos e contestava a localização escolhida junto ao Parque Natural.
A polémica não serenou e a opção que acabou por ser tomada para o tratamento dos resíduos industriais perigosos, já com o Governo seguinte do PSD e do CDS-PP, em 2003, foi a construção dos chamados CIRVER, Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos. Mas as cimenteiras também acabaram por fazer parte da solução, a partir de 2008, na sequência da decisão do Governo socialista liderado por José Sócrates.
Hoje, mais de 15 anos passados sobre o auge da polémica da coincineração, uma parte dos resíduos industriais perigosos produzidos em Portugal está a ser usada nos fornos das cimenteiras de Souselas e do Outão como substituto parcial do combustível.
Miguel Almeida
Comente esta notícia