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Duplo Clique | "Televisão-Espetáculo"

  
Os portugueses têm talento – isso é indiscutível. E a RTP revela-se mais uma vez perita na produção de bons programas de televisão, com a FremantleMedia. A segunda edição de Got Talent Portugal começou em força, respeitando a imagem de sucesso com que a primeira edição se despediu no ano passado. A verdade é que só neste programa, e no serviço público de televisão, se assiste a um espetáculo como este.
 
A premissa de caça-talentos pode não ser nova, mas nestes moldes recupera vitalidade e justificação: seja pelo facto de dar oportunidade de tantos anónimos mostrarem o que valem em cima do palco, seja pela simples razão de fazer diferente face ao que os generalistas privados têm feito até hoje. Por outro lado, trata-se de um programa de grande entretenimento que encontra valor também nos exemplos que dá, mostrando que o trabalho é indispensável para obter resultados e que ainda há casos de cidadania e sensibilidade artística nas escolas, como mostrou a professora de Música que treina um grupo de ex-alunos.



Televisivamente, o formato tem tudo para resultar. A começar por José Pedro Vasconcelos e Vanessa Oliveira, que herdando a grande prestação de Marco Horário, mostraram logo na estreia a química e diversão que os espetadores esperam. O espírito do ex-apresentador do 5 Para a Meia-Noite funde-se no estilo do próprio programa, e Vanessa Oliveira também deverá mostrar mais às pessoas o que é que a distingue em televisão.

A entrada dos anfitriões ao ritmo de You're The One That I Want, do musical Grease, foi um dos pontos altos da estreia, uma festa bem executada em vários planos sequência e com alguns efeitos especiais. É assim que formato mostra o que vale em relação a outros do mesmo género, pelo impacto visual e pela beleza artística e estética das imagens que apresenta.


A riqueza humana e artística não seria, no entanto, possível sem a presença de um painel de jurados tão eclético e equilibrado como o que a RTP apresenta. Manuel Moura dos Santos continua "igual a si próprio", esboçando leves sorrisos e considerando "agradável" as melhores atuações que levam qualquer um ao rubro. Postura genuína - ou mantida porque resulta? - que contrasta com a expressividade emotiva de Sofia Escobar e Mariza, um dos maiores trunfos como jurada seja em que programa for. Já Pedro Tochas mantém-se excêntrico nos gostos e na forma de comunicar... e com dificuldade em manter o cabelo na cabeça.

Got Talent Portugal é, de momento, a melhor opção de grande entretenimento para o horário de domingo à noite. A RTP aproveita assim o caminho deixado livre pela SIC - sem qualquer grande programa em que valha a pena gastar dinheiro, o que não deixa de ser inédito - e pela TVI, sem noção do ridículo. E mostra que continua a ser possível produzir uma televisão-espetáculo para toda a família.

Got Talent Portugal, para ver aos domingos, às 21h10, na RTP1.

Duplo Clique - 73ª Edição
Uma crónica de André Rosa