Saídos da Rádio - Edição 9 | Chibazqui
Saídos da Rádio é o espaço do Fantastic Televisão onde damos a conhecer novos talentos da música portuguesa. Nesta 9ª edição, os nossos convidados são os Chibazqui. Tudo começou com um erro, mas a coisa acabou por dar certo: era para ser Chinaski, um roubo descarado a Bukowski, mas alguém se enganou a teclar e escreveu “Chibaski”.
Ficou Chibazqui, nome estranho e sem significado, e em seu redor formou-se a banda, partindo do princípio de que é preciso lidar tranquilamente com o erro, cuidar dele e fazer com que cresça saudável e funcional. A tranquilidade é um elemento fundamental na história ainda curta dos Chibazqui, um quarteto cuja ambição maior é fazer tudo com vagar, sem complicar, evitando ao máximo a preocupação e a ansiedade.
ENTREVISTA
1 - "Chibazqui" é o nome de um projeto que começa a ser pensado em 2014. Porquê esta designação?
[Diego] O nome deriva de um erro a escrever “Chinaski” – o alter-ego de Bukowski - numa altura em que a banda ainda não existia. Chinaski era o nome da experiência musical em que eu andava concentrado. O engano subsistiu e transitou, mudando-se só o grafismo de maneira a tornar a palavra legitimamente portuguesa.
2 - Diego Armés, C de Croché, Filipe Sambado e Silas Ferreira são os quatro elementos da banda. Como surgiu esta formação?
[Diego] Andava há algum tempo em conversas com o Sambado sobre fazer um disco meu gravado por ele. Entretanto, achei que seria muito mais divertido ter uma banda e sabia que ele tocava bateria, portanto desafiei-o para começarmos qualquer coisa. Pela mesma altura, o Adriano regressou a Lisboa. Eu já conhecia bem o Adriano, já tinha tocado com ele inclusivamente e gostava muito dos baixos dele. Quando lhe contei que estava a começar uma coisa nova com o Sambado não devemos ter demorado dois minutos a concluir que ele também tinha de fazer parte. O Silas entrou um bocadinho mais tarde, quando percebemos que precisávamos de um teclista extremamente talentoso e com um sentido de humor de nível superior. Integrou-se com facilidade e tem respondido positivamente às expectativas.
Foto: Cheila Cunha |
3 - Inicialmente, o objetivo da vossa banda era seguir uma orientação mais "folk". Contudo isso não se verificou. Porquê?
[Diego] Era um ponto de partida, apenas. A ideia era tentar sugar influências que fossem mais para o folk do que para o rock. Mas se Beck ou Cake entravam nas contas, Pavement ou Flaming Lips também nunca saíram delas. A ideia fundamental em Chibazqui – acabámos por percebê-lo entretanto – é fazer aquilo que nos apetecer. E há que dizer que temos folk. A Sete Damas, a El Palmar e mais uns elementos, embora dispersos, são geneticamente folk.
4 - "Elefante e Micróbio" é o single do vosso disco de estreia. Falem-nos um pouco acerca do álbum "Planos para o futuro".
[Diego] Foi um disco feito em pouco tempo, com aquela pica de quem está a fazer um primeiro disco. Não tem muitas amarras e tem as imperfeições que merece. Pessoalmente, deixou-me muito feliz e surpreendido, quando ouvi a versão final. As músicas eram tão novas e tão frescas que acho que nenhum de nós tinha uma ideia formada do que poderia sair dali. O single foi decidido numa das últimas sessões de estúdio e mesmo assim ainda gerou alguma hesitação e alguma discussão. Inicialmente, não nos passava pela cabeça que a "Elefante e Micróbio" pudesse ser single. Só quando a ouvimos é que percebemos que era canção com perfil para isso.
Foto: Cheila Cunha |
5 - O vosso disco está disponível para download gratuito no NOS Discos. Acham que o conceito de indústria musical está a mudar? Em que sentido?
[Diego] A indústria musical já mudou. Não sei muito bem o que dizer sobre o assunto, desconheço os meandros da indústria, nunca trabalhei com editoras grandes internacionais no tempo em que se vendiam discos, por exemplo. Mas sei que a música se ouve de uma maneira agora e se ouvia de outra maneira há dez anos e há vinte anos. Hoje se calhar faz mais sentido fazer uma, duas ou três canções do que estar a gravar álbuns inteiros porque a maioria dos grandes consumidores de música vai descarregar uma, duas ou três canções para o iPhone ou para o que for. Digo isto, mas continuo a querer fazer discos. Preciso de me esclarecer melhor.
[Diego] A indústria musical já mudou. Não sei muito bem o que dizer sobre o assunto, desconheço os meandros da indústria, nunca trabalhei com editoras grandes internacionais no tempo em que se vendiam discos, por exemplo. Mas sei que a música se ouve de uma maneira agora e se ouvia de outra maneira há dez anos e há vinte anos. Hoje se calhar faz mais sentido fazer uma, duas ou três canções do que estar a gravar álbuns inteiros porque a maioria dos grandes consumidores de música vai descarregar uma, duas ou três canções para o iPhone ou para o que for. Digo isto, mas continuo a querer fazer discos. Preciso de me esclarecer melhor.
(Clique aqui para fazer download do disco)
6 - O Diego veio dos Feromona; o Filipe dos Cochaise e o Silas dos Pontos Negros. De que forma os vossos projetos anteriores influenciaram o atual?
6 - O Diego veio dos Feromona; o Filipe dos Cochaise e o Silas dos Pontos Negros. De que forma os vossos projetos anteriores influenciaram o atual?
[Diego] No meu caso, influenciou de todas as maneiras possíveis. A experiência, a aquisição de conhecimento, influencia sempre todo o trabalho subsequente. Agora, em termos concretos, não sei apontar coisas, não consigo dizer “ter estado em Feromona faz com que eu agora pense assim ou sinta isto ou queira aquilo”. Talvez a maior preocupação seja evitar que se cole Chibazqui a Feromona, uma vez que, sendo a mesma voz, estamos sempre na iminência de que isso aconteça.
7 - Ainda há espaço para os "Chibazqui" no panorama musical português atual?
[Diego] Não sei muito bem de que nível do tal panorama é que estamos a falar. Mas espaço há, com certeza. Damos concertos, lançamos discos, passamos na rádio e há pessoas que nos ouvem. É provável que não cheguemos ao top de vendas, que nunca tenhamos a oportunidade de encher os Coliseus ou que não nos queiram para encabeçar o cartaz de um grande festival. Mas nós também não precisamos de muito espaço, acho eu.
8 - De que forma o vosso trabalho tem sido recebido em Portugal e no estrangeiro?
[Diego] Do estrangeiro não dá para ter uma ideia. Ainda por cima o estrangeiro é tão grande… Saiu uma entrevista numa publicação brasileira, houve uma rádio em França que descobriu umas canções nossas e acho que é isso. Pelo menos, que tenhamos conhecimento. Em Portugal tem sido recebido devagarinho. Saíram algumas críticas, todas elas muito positivas. Não recebemos muita atenção para além disso, o que é justo, já que ainda só fizemos um álbum e temos pouco mais de um ano de existência.
Foto: Teresa Colaço |
[Diego] É esse o nosso objectivo? Não me lembro de termos dito isso. O nosso objectivo é fazer canções ou então outra coisa qualquer se não nos apetecer fazer canções. Tudo o resto é especulação.
10 - Em que sítios poderemos acompanhar o vosso projeto, nos palcos e na internet?
[Diego] Na internet, estamos no site da NOS Discos e há dois vídeos oficiais no youtube: El Palmar e Elefante e Micróbio.
[Silas] Estamos a preparar a edição de duas ou três canções novas, em princípio só em formato digital, em tantas plataformas quanto possível, mais um teledisco porque é importante ir alimentando uma identidade visual, por mais diversa que seja. Devemos fechar o ano em termos de palcos no Musicbox, em Lisboa, dia 5 de Dezembro, com You Can’t Win Charlie Brown. De resto, muito em breve haverá uma aparição televisiva na RTP mas é melhor estarem atentos para saberem mais.
Saídos da Rádio - Edição 9
Convidado: Chibazqui
Produção: André Oliveira
Convidado: Chibazqui
Produção: André Oliveira
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