Saídos da Rádio - Edição 10 | Cambraia
Saídos da Rádio é o espaço do Fantastic Televisão
onde
damos a conhecer novos talentos da música portuguesa. Nesta 10ª edição,
os nossos convidados são os Cambraia. Estivemos à conversa com o Tiago Barbosa, que nos dá a conhecer esta banda.
Na música dos Cambraia há espaço para quase tudo: o cómico, o sonho, a dor, a alegria, o espanto, a intervenção... a vida. Em português. Sempre. E essa diversidade de energias que a banda procura passar para o público a cada atuação à medida que descobre e é descoberta por esse mesmo público.
ENTREVISTA
01 - Os Cambraia surgem em 2007. Como é que tudo começou?
Nesse mesmo ano, o Ricardo e eu começámos a partilhar casa e
estávamos os dois a passar por um período difícil das nossas vidas
pessoais. Um dia ele entregou-me um molho de folhas com poemas dele e
disse-me para os musicar. Foi quase uma ordem. E eu, claro, obedeci.
02 - Porquê este nome para a vossa banda?
Mais uma vez, a culpa é do Ricardo. Quando me disse esse nome,
eu achei logo muito bonito e muito português, tal como a nossa música.
Fui então ao dicionário: tecido muito fino de algodão ou linho; véu. De
certa forma é assim que se vê o mundo com os Cambraia: através de um
véu. Translúcido. Como se fosse um sonho.
03 - A vossa
criação artística parte da tradição musical portuguesa. Como se realiza
este processo de modernização de uma tradição?
Penso que, ao olharmos para o tradicional com os olhos e as ideias do
nosso tempo, estamos inevitavelmente a contaminá-lo e a transformá-lo em
algo novo. Nós também fazemos isso natural e instintivamente, só que no
nosso caso fazemo-lo também consciente e voluntáriamente. Por isso
queremos ir mais longe ficando sempre por perto.
04 - A
música dos Cambraia abrange vários contextos: o cómico, o sonho, a dor, a
alegria, o espanto, a intervenção. Numa palavra: a vida. Qual é o
verdadeiro sentido do vosso trabalho?
É
exprimirmos o que a vida é para nós de uma maneira com que o maior
número de pessoas se possa identificar. Nós temos o orgulho de nos ser
fácil criar música em português para o mundo. E o mundo é feito de
gentes várias: o endinheirado e o teso; o extrovertido e o introvertido;
o bom e o mau; o bonito e o feio; e mais quem quer que seja. Gostávamos
muito que a nossa música se tornasse verdadeiramente universal.
05 - Optam por cantar sempre em português. Porquê?
Porque a essência dos Cambraia é de facto a língua portuguesa
que encerra em si, na minha opinião, uma certa síntese daquilo a que se
chama a portugalidade. E nós queremos exprimir essa portugalidade.
Demasiado ambicioso, talvez? Não acredito.
06 - Os vossos temas são, na sua maioria, acústicos. Quais os instrumentos utilizados e porquê esta opção?
Nós pertencemos a uma geração muito influenciada pela cultura
anglo-saxónica e que deu origem no nosso país ao chamado boom do rock
português. A formação clássica das bandas de rock utiliza os seguintes
instrumentos: bateria, guitarra e baixo eléctricos, teclados e voz. Tudo
instrumentos utilizados pelos Cambraia. Estes seriam naturalmente os
instrumentos base mas o Ricardo insistiu desde logo em termos um
violoncelo e eu quis uma guitarra acústica. Todos tocamos também
percussão tradicional portuguesa.Temos um desejo especial: de termos
oportunidade e palco para juntar um quarteto de cordas aos Cambraia.
Assim se começa a modernizar a tradição, que é um dos nossos grandes
objectivos.
07 - Para quem não vos conhece, quais são os elementos que integram os Cambraia?
Para este disco, os Cambraia são só dois, eu na música e o
Ricardo nas palavras. Mas não gravámos os instrumentos todos nem os
tocamos todos em palco. Assim, eu toco piano e canto; o Ricardo toca
bateria e declama; o Luís Pinto toca baixo e faz coros; o Pedro Soares
toca guitarra acústica e faz coros; o António Soares toca guitarra
eléctrica e faz coros e a Catarina Anacleto toca violoncelo. Todos com
assinlável boa disposição em cima do palco. No próximo disco esperamos
contar com estes músicos para composição e arranjos também para que os
Cambraia sejam cada vez mais reconhecidos como banda.
08 - Nos próximos tempos, onde podemos acompanhar o vosso trabalho?
O disco está disponível em quase todas as plataformas
digitais (Spotify, iTunes, Google Play, Amazon, etc.) . Brevemente
faremos um ensaio/concerto na Sociedade Recreativa Sobredense (Sobreda
da Caparica) pelas 18h num domingo, dia 29 de Novembro com entrada livre
(perfeito para levarem os mais novos e os mais velhos). A apresentação
oficial do “Concordar Com Gente Grande” está marcada para 23 de Janeiro na mítica sala do Cine Incrível em Almada pelas 22h. E haverá mais oportunidades muito em breve.
09 - “Concordar Com Gente Grande” é o vosso novo trabalho. O que podemos esperar do mesmo?
Um disco maioritariamente simples de ouvir, diferente de uma
ponta à outra, algo provocador e desafiante. Uma viagem que, quando
chegar ao fim (esperamos nós), vos pareça ter durado um décimo de
segundo e uma eternidade, quase como se o tempo parasse. Mas é um disco
para ouvir bem mais do que uma só vez. Acreditamos que se torne um
daqueles que vos irá acompanhar pela vossa vida fora.
10 - O vosso single de apresentação chama-se “Apenas Um Sorriso”. É isto que esperam de quem vos ouve?
Não só, mas também.
Saídos da Rádio - Edição 10
Convidado: Cambraia
Produção: André Oliveira
Agradecimentos: Farol Music
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