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Fantastic Entrevista | Luís Aleluia

 

  FANTASTIC ENTREVISTA 

TEMPORADA 8 / EDIÇÃO 9 / NOVEMBRO DE 2015

01 - Aos 10 anos, pisa um palco pela primeira vez. Como recorda este primeiro contacto com o mundo do espetáculo?
Foi, de certa forma, muito excitante estar perante o público a mostrar as minha competências. Mas era tudo feito debaixo de uma ingenuidade, sem alcançar a consciência do que era o mundo do Teatro e, muito menos, da importância que ele haveria de ter na minha vida.

02 - Sendo setubalense, fez parte do grupo de teatro amador "Presença". Mais tarde, no liceu, forma o "Grupo Tempos Livres". Em que medida estas primeiras experiências no meio cultural foram importantes para o seu desenvolvimento enquanto ator?
O ator é um eterno aprendiz, todas as experiências são importantes, não só como reserva para memória futura, mas também, como é o caso, para apreensão de conhecimentos técnicos que me serviram de base.

03 - Seguem-se várias participações em peças de teatro e revistas à portuguesa. Mas o primeiro trabalho em televisão acontece na série Homens da Segurança. Como recorda esta estreia no ecrã?
De uma forma muito intensa. Por ter sido o meu primeiro trabalho para televisão, mas também porque tive o privilégio de poder contracenar e dividir o protagonismo desse mesmo episódio da série com o ator Rogério Paulo, uma referência do nosso Teatro. 


04 - O primeiro papel de grande destaque deu-se em Sétimo Direito, uma série de 18 episódios, que protagoniza ao lado de Henrique Santana, Lia Gama, Cláudia Cadima e Noémia Costa. Ainda se lembra da forma como o público recebeu este trabalho?
O elenco era constituído por atores que eram do agrado do público e as audiências eram boas, o que é um bom indicativo. Ainda não havia a concorrência de outros canais generalistas, e o Canal 1 estava isolado neste tipo de produção.

05 - Fez ainda parte de Euronico e Nico D'Obra, dois projetos de Nicolau Breyner, que se tornaram em grandes sucessos de televisão. Quão importante foi trabalhar ao lado deste ator de referência em Portugal?
Trabalhei com o Nicolau em vários projetos e sempre foi muito bom. O Nico é muito generoso e, mesmo como realizador, temos sempre algo a aprender com ele.

06 - Na Paz dos Anjos é a novela que nos traz a personagem Fernandinho. Como foi participar numa telenovela da RTP, numa altura em que este género dava os primeiros passos em Portugal? 
Na Paz dos Anjos foi a primeira telenovela humorística feita em Portugal e com grande impacto, devido ao guião do José Fanha e do Jorge Paixão da Costa, e também pelo elenco de atores envolvidos. Fazer o "Fernandinho" foi outro desafio que me correu bem e onde tive a oportunidade de trabalhar e aprender com algumas figuras incontornáveis do nosso Teatro e da televisão.


07 - Em 1997 estreia a série que lhe trazia, definitivamente, a popularidade junto do público. Ao longo de dois anos, foi o menino Tonecas, na série As Lições de Tonecas e numa série de especiais dedicados à personagem. Acha que o Tonecas é intemporal?
Enquanto formato humorístico, sim, é intemporal. Há uma matriz comum entre o humor das Lições do Tonecas e o que podemos chamar de humor português. É um humor que está datado aos anos 40, mas muito presente na nossa cultura popular. Veja-se os filmes da época que todos apreciamos, tais como O Leão da Estrela, o Pátio das Cantigas (do qual se fez um remake recentemente, com grande sucesso) ou a Canção de Lisboa, que o Filipe Lá Féria levou à cena no Teatro Politeama, não há muito tempo, e que foi um êxito.

08 - Como recorda o trabalho desenvolvido com Morais e Castro, o 'professor' da série?
Eu e o Zé desenvolvemos uma grande cumplicidade e fazíamos o nosso trabalho com muito prazer. Essa forma de estar passou para a audiência através do ecrã. Para além dessa cumplicidade profissional, havia uma grande afinidade pessoal e um profundo respeito pelo trabalho de cada um. O sucesso do programa trouxe-nos a possibilidade de viajar e levar o nosso trabalho além-fronteiras, junto das comunidades portuguesas radicadas na Europa e no Canadá. Foi um privilégio trabalhar com o Morais e Castro, de quem tenho muitas saudades.

09 - Volta a participar num projeto de grande visibilidade quando interpreta o Carlos Jorge em Filha do Mar. Sentiu que estava a fazer-se história na ficção nacional quando a TVI decidiu apostar neste género televisivo?
Sim. A indústria do audiovisual ganhou bastante com o incremento da produção de telenovelas. A TVI fez um excelente trabalho nesse campo e abriu portas a que pudéssemos ter, hoje em dia, uma produção competitiva, de grande qualidade, que é elogiada por todos e premiada internacionalmente.


10 - Em 2013 estreia Bem-Vindos a Beirais, uma série que tinha 80 episódios previstos e que terminou com mais de 600. A que acha que se deveu tanto sucesso?
Para além da inquestionável qualidade do produto no que concerne ao tratamento e cuidado da imagem, há outros fatores que, na minha opinião, justificam o sucesso. São eles: a narrativa fechada em cada episódio ou em ciclos curtos, um elenco credível que o público gosta e estima e a identificação do espetador com ambiente.

11 - Qual a importância deste projeto na sua carreira? E de que forma a relação entre equipa técnica e de atores foi diferente, em relação a outros projetos, ao longo de dois anos de trabalho?
Começo pelo fim da sua questão: a relação com a equipa técnica. A duração da série permitiu que fossem criados laços fortes de amizade e de grande cumplicidade entre os diversos setores. A relação entre todos era excelente e, o facto de estarmos envolvidos numa aventura que se revelou de enorme importância, trouxe a todos uma sensação de conforto. Particularmente, este trabalho trouxe-me de volta ao prime time. de onde eu havia sido afastado pela Direção de Programas anterior e ainda a possibilidade de mostrar que posso fazer outros registos. O "Cabo Júlio", embora ainda não tenha conseguido substituir o "Menino Tonecas" no imaginário, está a dar-lhe luta, repondo a legitimidade do nome Luís Aleluia.

12 - Atualmente, ao lado de Noémia Costa e Joana Figueira, protagoniza a peça de teatro Absolutamente Fabulosos. O que podemos esperar deste trabalho?
Trata-se de uma comédia escrita pelo Roberto Pereira. Absolutamente Fabulosos é, na verdade, uma Alta Comédia porque encerra também momentos de algum dramatismo. Aborda-se a temática da precaridade laboral e das dificuldades que é ser-se artista neste País, onde não existe uma caracterização séria da profissão. São temáticas muito pertinentes e necessárias para a Classe que queremos trazer à reflexão pública e um contributo para uma dignificação da carreira e do estatuto do ator em Portugal.


13 - Quando e onde poderemos assistir aos próximos espetáculos?
A partir de 19 de novembro e até 3 de Janeiro vamos estar na Casa do Artista, no Teatro Armando Cortez, sempre de 5ª feira a sábado, às 21h30 e aos domingos com matinée às 17h30. Depois iniciaremos uma digressão nacional pelas principais localidades do país, estando também nos nossos planos uma deslocação à Madeira e aos Açores.

14 – Inicialmente, a peça Absolutamente Fabulosos era protagonizada por si, pela Noémia Costa e pela Luísa Ortigoso. Como é trabalhar com as suas duas colegas e amigas, que também contracenaram consigo em Bem Vindos a Beirais?
É bom contracenar com a Noémia. Ambos temos uma cumplicidade que já vem de longe, visto que praticamente crescemos juntos e participámos em muitos projetos. Na telenovela Filha do Mar chegámos a casar num dos últimos episódios. Com a Luísa Ortigoso, que foi quem estreou a peça, foi uma experiência muito gratificante. E agora com a Joana Figueira, que a substituiu na peça e com quem também contracenei em Bem-vindos a Beirais, também está a ser uma grande experiência.

15 - Em poucas palavras, quem é o Luís Aleluia?
Um homem, despido por dentro!

Fantastic Entrevista // Temporada 8 | Edição 9
por André Oliveira