'A República das Bananas' - Crítica
“Não há quem resista a um bom espetáculo de revista!” é uma das frases ditas em A República das Bananas, em cena no Teatro Politeama, em Lisboa. Filipe La Féria, autor e encenador, sabe-o como ninguém, construindo no palco um Portugal típico, que tanto diverte com a sua diversidade cultural como com o desastre económico e político em que foi mergulhado. A República das Bananas cumpre todas as normas do teatro de revista, revitalizando o género numa mega-produção capaz de levar milhares ao Politeama. Porque ao contrário do que muitos diziam, o espetáculo de revista ainda não morreu.
Filipe La Féria é o homem que mais pessoas leva ao teatro, ao teatro edifício – o icónico Politeama na baixa alfacinha – e ao teatro assumidamente popular, sem medo dos rótulos comerciais com que uma franja de críticos e intelectuais têm por hábito menorizá-lo. O autêntico êxodo rural apadrinhado por Filipe La Féria é um fenómeno sociocultural passível de estudo, tendo em conta que milhares de espetadores têm percorrido quilómetros em autocarros vindos de todo o país para esgotar, praticamente, todas as sessões desde que a peça estreou em setembro.
A República das Bananas não impressiona propriamente pela originalidade da estrutura com que se apresenta, antes pelos atributos artísticos do elenco, bailarinos e dos elementos cénicos. A matriz do teatro de revista, também já conhecida do público, articula-se, desta vez, com a lógica do género musical, deixando antever a existência dos quadros de sátira social, política, desportiva, cultural e económica. Foi nos vetores que mais pulsam na vida dos portugueses que Filipe La Féria, juntamente com Helena Rocha, se inspirou para escrever os textos que sustentam as cenas de comédia. Um texto acessível ao entendimento de qualquer espetador, com um sentido crítico apurado e o vocabulário ocasionalmente calão que cai por vezes no exagero, mas continua a ser infalível a fazer o público rir.
A República das Bananas não impressiona propriamente pela originalidade da estrutura com que se apresenta, antes pelos atributos artísticos do elenco, bailarinos e dos elementos cénicos. A matriz do teatro de revista, também já conhecida do público, articula-se, desta vez, com a lógica do género musical, deixando antever a existência dos quadros de sátira social, política, desportiva, cultural e económica. Foi nos vetores que mais pulsam na vida dos portugueses que Filipe La Féria, juntamente com Helena Rocha, se inspirou para escrever os textos que sustentam as cenas de comédia. Um texto acessível ao entendimento de qualquer espetador, com um sentido crítico apurado e o vocabulário ocasionalmente calão que cai por vezes no exagero, mas continua a ser infalível a fazer o público rir.
Os quadros de revista são competentes, a nível de conteúdo, a provocar o riso na audiência; alguns mais inspirados que outros, mas dinâmicos na forma como os atores se movem no palco. José Raposo, Ricardo Castro e Rita Ribeiro arrancam aplausos assim que surgem no campo de visão do público, mostrando como todos valorizam o seu regresso à comédia de revista. José Raposo mantém os gestos, as entoações e a postura corporal que já são a sua imagem de marca, dominando as tábuas por onde passa e mostrando dotes de dança admiráveis. Rita Ribeiro é, sem sombra de dúvidas, a grande vedeta da revista. O quadro em tons de rosa que protagoniza, rodeada pela coreografia dos bailarinos, permite-lhe mostrar como se encontra em excelente forma física e vocal.
Todo o elenco, sem exceção, agarra as cenas decididamente. Paula Sá regressa à revista vinda do Teatro Maria Vitória, no Parque Mayer, com uma merecida contratação. É a atriz que interpreta os ritmos brasileiros numa sequência de dança como Carmen Miranda, a apoteose do final do primeiro ato e um dos momentos mais espetaculares de todo o alinhamento. Ricardo Soler, apesar de não ter a seu cargo tantas cenas de interpretação, sustém os números de dança com elegância e versatilidade. Como bailarino e cantor, encontra nas produções de Filipe La Féria a oportunidade de fazer musicais, um género de produção sem grande currículo no país. Anabela encanta o público com uma voz única que a leva, também, aos temas dos musicais mais queridos do público. E David Mesquita, por sua vez, é mais do que um “boneco” no elenco e surpreende com acrobacias dignas das artes circenses.
Todo o elenco, sem exceção, agarra as cenas decididamente. Paula Sá regressa à revista vinda do Teatro Maria Vitória, no Parque Mayer, com uma merecida contratação. É a atriz que interpreta os ritmos brasileiros numa sequência de dança como Carmen Miranda, a apoteose do final do primeiro ato e um dos momentos mais espetaculares de todo o alinhamento. Ricardo Soler, apesar de não ter a seu cargo tantas cenas de interpretação, sustém os números de dança com elegância e versatilidade. Como bailarino e cantor, encontra nas produções de Filipe La Féria a oportunidade de fazer musicais, um género de produção sem grande currículo no país. Anabela encanta o público com uma voz única que a leva, também, aos temas dos musicais mais queridos do público. E David Mesquita, por sua vez, é mais do que um “boneco” no elenco e surpreende com acrobacias dignas das artes circenses.
A produção d’A República das Bananas corresponde, sem surpresas, às maiores ambições que Filipe La Féria deposita enquanto encenador em cada espetáculo. Os quadros de comédia têm cenários pintados em gigantescos telões, verdadeiros postais de Lisboa. O trabalho é da autoria de José Costa Reis, que também assina os figurinos sofisticados e de bom gosto com que o elenco e bailarinos surgem no palco. O corpo de baile, magistralmente coreografado por Marco Mercier e composto por 12 bailarinos, preenche o espaço com coreografias simétricas, equilibradas e criativas, adaptadas a todos os tipos de contexto, música e estilo de dança.
Os espetáculos do Teatro Politeama fazem-se de cortinas luzentes e um desenho de iluminação perito em criar a atmosfera mágica do musical. E também de automatismos – de que é exemplo a estrutura giratória que aparece de debaixo do palco – e de tecnologia, com desenhos gráficos exibidos em enormes ecrãs LED. Estes componentes imprimem sofisticação técnica à produção e tornam a sala do Politeama uma base de trabalho à perfeita medida das necessidades de Filipe La Féria.
Os espetáculos do Teatro Politeama fazem-se de cortinas luzentes e um desenho de iluminação perito em criar a atmosfera mágica do musical. E também de automatismos – de que é exemplo a estrutura giratória que aparece de debaixo do palco – e de tecnologia, com desenhos gráficos exibidos em enormes ecrãs LED. Estes componentes imprimem sofisticação técnica à produção e tornam a sala do Politeama uma base de trabalho à perfeita medida das necessidades de Filipe La Féria.
No quadro O Teatro do Poder, protagonizado por José Raposo, o encenador constrói uma espécie de teatro dentro do teatro, deixando à vista do público os momentos em que o ator troca de roupa para vestir diferentes e sucessivas personagens, quase numa lógica brechtiana. O grande número de situações cómicas e de personagens torna o quadro confuso, mas mostra como Filipe La Féria incorpora outros conceitos teatrais além do conceito restrito de revista.
A República das Bananas mantém elevada a fasquia do teatro de revista, mas queda-se um pouco abaixo da grandiosidade da Grande Revista à Portuguesa (2013), com que La Féria atingiu um dos auges da produção de revistas, a propósito da comemoração dos 100 anos do Teatro Politeama. Um “país de pantanas, pronto para dar e vender”, é o que o mestre do teatro oferece aos portugueses, recebendo em troca calorosos aplausos e gargalhadas, lado a lado com os atores, bailarinos e equipa técnica. E assim Portugal vai rindo de si mesmo, mantendo vivo o teatro de revista como uma das manifestações mais genuínas e intemporais da Cultura portuguesa.
FICHA TÉCNICA
A República das Bananas mantém elevada a fasquia do teatro de revista, mas queda-se um pouco abaixo da grandiosidade da Grande Revista à Portuguesa (2013), com que La Féria atingiu um dos auges da produção de revistas, a propósito da comemoração dos 100 anos do Teatro Politeama. Um “país de pantanas, pronto para dar e vender”, é o que o mestre do teatro oferece aos portugueses, recebendo em troca calorosos aplausos e gargalhadas, lado a lado com os atores, bailarinos e equipa técnica. E assim Portugal vai rindo de si mesmo, mantendo vivo o teatro de revista como uma das manifestações mais genuínas e intemporais da Cultura portuguesa.
Uma crítica escrita por André Rosa
Fotografias: Teatro Politeama
FICHA TÉCNICA
Título: A República das Bananas
Género: Revista musical
Duração: 120 minutos
Local: Teatro Politeama
Horários: quarta a sábado, às 21h30; sábado e domingo, às 17h
Preços: 10€ (2º balcão); 15€ (1º balcão); 20€ (camarotes); 25€ (2ª tribuna) e 30€ (1ª tribuna e plateia).
Classificação etária: M12 anos
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