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Segunda Opinião | "Treze: o número do azar?"

 

Chegou à RTP1 o Treze, um programa que associa o entretenimento à cultura geral e à História. Ao longo de treze edições, estes temas serão tratados de forma rigorosa mas descontraída, livre e bem-humorada, revelando aos portugueses aspetos menos conhecidos do seu passado e reorganizando temas que estão ainda na memória das pessoas. Talk-show? Espaço de debate? Como poderemos chamar a este formato?

À partida, Treze seria uma aposta certeira em horário nobre, um exemplo de verdadeiro serviço público. Mas, como no melhor pano cai a nódoa, bastou ver os primeiros 13 minutos do episódio de estreia para perceber que todo ele estava muito aquém das expetativas.

A nível técnico, Treze é fica muito atrás do que a RTP1 já nos oferece atualmente. A começar pelo cenário, que não existindo fisicamente, se resume a um modelo virtual. A técnica chroma key (também conhecida como a técnica do ‘fundo verde’) não resulta. Esperava-se mais, uma vez que esta é uma das principais apostas da nova grelha da RTP1. Um cenário real, até mesmo a presença de público em estúdio, seria muito benéfico para o sucesso de Treze. Assim, quando ligamos a televisão e nos deparamos com Sílvia Alberto rodeada de cores (em demasia) e bonecos virtuais (por todo o lado), ficamos a pensar que talvez a estação não tenha dado assim tanta importância a esta aposta.

A realização e edição também não são as melhores. Os planos são básicos, muitas vezes o corte não entra no sítio certo e as pequenas falhas de montagem são claramente visíveis. A própria qualidade de imagem deixa muito a desejar, com uma estética estranha, à qual se alia uma direcção de fotografia pobre. No que respeita às VTs e aos próprios oráculos do programa, estes acabam por ser bem melhores que o restante. Resultam, são simples, mas bem conseguidos. Transmitem precisamente esta ideia de misturar o entretenimento com a informação.

A produção, a cargo da Iniziomedia, faz-nos lembrar os formatos lançados no início dos anos 2000, com as primeiras experiências de chroma a serem feitas. Assim, soa apenas a antiquado, a algo que já não resulta nos dias de hoje. A produtora que foi responsável por formatos de sucesso como Chuva de Estrelas ou O Elo Mais Fraco pecou, agora, pela falta de meios envolvidos, o que se nota, claramente, num produto final mais pobre. Redução de custos?

Mas nem tudo é mau em Treze. Pois a ideia base do formato é bastante interessante. Sílvia Alberto recebe, semanalmente, um painel de convidados que com ela irá elaborar e discutir um ranking sobre o tema em análise, que varia de semana para semana. E, nesta primeira edição, foram a apresentadora e os comentadores que ‘levaram o barco a bom porto’. Divertidos, descontraídos, assertivos e ao mesmo tempo entusiasmados no decorrer da conversa, o programa ganhou em conteúdo e na escolha destas caras.
Treze é, ao mesmo tempo, muito e pouco. Muito longo na sua duração (50 minutos seria a duração ideal para o formato) e muito exagerado na cenografia (para além de fraca, está repleta de elementos dispensáveis que criam uma confusão visual). Por outro lado é, talvez, pouco valorizado pela estação (no que toca ao investimento), pois só isso explica o que vimos no primeiro Treze.

Resta-nos esperar pelos restantes doze programas, com a expectativa de ver algumas melhorias técnicas, que permitam a Sílvia Alberto e aos seus convidados brilharem realmente no horário nobre da estação. Esperemos que a saída anunciada de Sílvia do Só Visto!, para assumir exclusivamente a condução de Treze, valha realmente a pena.

Segunda Opinião - Edição 44
André Oliveira (Fantastic Televisão)
Uma rubrica em parceria com o Diário da TV