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Duplo Clique | "Agora Eles, à tarde"

 

O infotainment chegou às tardes da RTP, tomando forma no programa que antes de conhecer o seu precipitado encerramento parecia já ter a obrigação de regressar. Os espetadores do serviço público temeram – e choraram – perante a possibilidade de o Agora Nós poder deixar de lhes fazer companhia. Certo é que Tânia Ribas de Oliveira e José Pedro Vasconcelos voltaram para aligeirar o horário da tarde, aquela altura em que a programação das privadas oscila entre cantorias histéricas e histórias de meter dó. 

    
Agora Nós regressa sob a égide do infotainment, essa espécie de comunicação avaliada com o desprezo de quem o considera um género menor. Num noticiário, os conteúdos podem degenerar em publicidade e trivialidades, e num programa de daytime, há algum problema? Daniel Deusdado, o novo rosto da direção de programas da RTP, sabe bem o que as pessoas querem: “uma televisão positiva, que traga às pessoas uma sensação de conforto, esperança e se possível de alegria”. É nesse espírito que eles estão de volta.

    
Tânia Ribas de Oliveira e José Pedro Vasconcelos, a dupla mais querida e inseparável da última geração de programas da RTP. Caras próximas dos portugueses, duas personalidades que se complementam com o tino de uma e o desatino da outra. São eles os anfitriões do espaço, de novo montado com a mesma cenografia, as mesmas cores e a mesma mobília. Uma estética que se manteve também devido aos cortes orçamentais do entretenimento, mas que em nada belisca o resultado final do programa, ou não fossem os conteúdos o que melhor distingue o ADN de uma programação.

   
“Concorrer por concorrer” não é opção para a direção de Daniel Deusdado, até porque a RTP nunca conseguirá libertar-se do serviço público, que apesar de não ser “um fardo” – como disse Jorge Gabriel a propósito da estreia d’A Praça – é uma âncora difícil, por vezes, de manobrar. A missão será sempre a mesma: fazer diferente em relação aos canais privados. Por isso, a temática dos conteúdos do Agora Nós parece transformá-lo numa grande revista de lifestyle em direto – algo próximo do que fazem os concorrentes, mas feito com especial coerência e aprumo.

    
Se o Agora Nós regressasse ao ecrã tal como as pessoas o conheciam, as manhãs do primeiro canal público manteriam os níveis de vivacidade – não que a recauchutada Praça não o consiga fazer, mas que provavelmente não fará com a euforia imediata que o Agora Nós conquistou aquando da sua estreia. A RTP quer produzir uma “televisão sem medo”, e para tal precisa de entrar com o pé direito – não sozinha, mas de mãos dadas com os espetadores.

Agora Nós, para ver de segunda a sexta, às 15h, na RTP1.

Duplo Clique - 64ª Edição
Uma crónica de André Rosa