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Segunda Opinião | "Há Tarde: líder em qualidade?"

 

A 22 de setembro de 2014 a estação pública estreava Há Tarde, um programa que pretendia afastar-se do formato Portugal no Coração, procurando ser mais inovador e moderno. Herman José (re)estreava-se assim no daytime (depois da experiência no Verão Total 2014) e Vanessa Oliveira dava um salto enorme na sua carreira, pois para além de trocar a SIC pela RTP, tinha em mãos a condução de um programa diário ao lado do maior humorista português.

Mais do que o programa em si, o que suscitou curiosidade aos espetadores foi a dupla escolhida para representar as tardes. Herman José estava associado a formatos noturnos (Herman 2013, Estado de Graça) e nos últimos tempos tinha perdido popularidade. Já Vanessa, deixava de ser a "cara linda" do "Fama Show" para se tornar a "rainha das tardes". "Será que esta dupla vai funcionar?"- era a pergunta que se impunha.

A contratação de Vanessa Oliveira [Ver "Segunda Opinião": Vanessa na RTP: sim ou não?] também causou polémica. Uns aprovaram, outros não, mas a verdade é que a apresentadora faz falta à RTP.

Há Tarde é um formato diferente. Aborda conteúdos mais leves, mais divertidos e tem várias rubricas e receitas. Os convidados são, por norma, famosos ou pessoas que dão cara por causas sociais. Eles vão ao Há Tarde para mostrarem como podemos ser úteis à sociedade, fazer bem aos outros e ao nosso interior. As conversas são sempre pautadas pela descontração e pela cumplicidade com os apresentadores (principalmente com o Herman, que conhece melhor a maioria dos convidados).

O cenário do programa também é inovador, pois conta com uma cozinha, um espaço com puffs, sofás, um piano de cauda e muitas cores. Todos estes elementos tornam o Há Tarde um programa acolhedor e afastam-no dos típicos talk shows, com um cenário "seco" e cores mortas.

No inicio, e voltando à dupla, dizia-se que Herman abafava a Vanessa e que esta era mais espetadora do programa do que apresentadora. A verdade é que isso acontecia mesmo. Herman é uma "máquina da comunicação" e era difícil para ele partilhar o protagonismo com alguém. A Vanessa era nova nestas andanças e ainda estava a encontrar o seu espaço nas tardes.

Atualmente, a dupla funciona muito melhor. Herman José cedeu um pouco, já partilha o espaço com a sua parceira e esta já sabe como brilhar nas tardes. Vanessa está mais "solta" e mais descontraída. Para além disso, já começou a ganhar a afinidade do público e tornou-se, sem dúvida, um elo fundamental do programa.

Há Tarde prima ainda por ter repórteres fixos que andam de porta a porta à procura de desafios. Já vimos o Tiago Góes Ferreira a saltar de um avião, já vimos a Joana Teles a ensinar como poupar dinheiro. Ambos são muito profissionais e engraçados, conseguindo trazer reportagens informativas, dinâmicas e interessantes. Acrescentam também muito ao programa.

Há Tarde pode perder para a concorrência da SIC e TVI, mas é de todos o mais inovador. É um "programa do futuro" e um modelo a seguir pelos outros canais. Por vezes, parece que estamos a assistir a um talk show noturno, tal é a qualidade do mesmo. E é, talvez, o formato português que mais se aproxima do que se faz lá fora. Foi uma das melhores apostas da estação pública nos últimos tempos e esperemos que continue no ar por muitos mais anos. Afinal, o Há Tarde  é, sem dúvida, líder em qualidade.
Segunda Opinião - 34ª Edição
Uma crónica escrita em parceira pelo Fantastic e o Diário da TV

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