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Duplo Clique | "Com a cultura às costas"

 

Cuidado, que ele anda por aí! É suspeito, ágil e metediço. Carrega dois sacos, sabe-se lá com o quê. Quer saber o que é? Veja O Homem do Saco, o novo concurso/programa de humor estreado a 16 de maio na RTP e apresentado por Manuel Marques. Ele é o homem do saco, empenhado em cuscar as malas dos portugueses e em premiar a boa cultura geral.

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O Homem do Saco sucede a Sabe ou Não Sabe?, o formato de Vasco Palmeirim exibido até há pouco tempo no mesmo horário de sábado. Na sua génese, pouco diferem como concursos de cultura geral produzidos fora de estúdio. Os concorrentes continuam a ser interpelados espontaneamente pelo apresentador, aceitam jogar e vivem uma experiência diferente, na rua, durante umas horas. A prova dos seus conhecimentos é o que, de resto, assegura o conteúdo de interesse público do programa – e sobretudo a oportunidade que o público tem de aprender coisas novas.

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Em O Homem do Saco, Manuel Marques entrega-se a 200% como ator, comediante e apresentador, num registo que encarou como um “desafio”. E é certo que está muito bem. É a cara certa para o concurso, que transforma num programa de humor, e cujos cenários lhe permitem performances que têm tanto de hilariante como, às vezes, de perigoso. Eventualmente, o espetador poderá perguntar que sentido faz o apresentador atirar-se para cima de arbustos ou andar a correr feito louco em pleno Chiado. É demasiado circense? Não, é a energia de que o programa precisa para prender a pessoa ao ecrã. Caso contrário, O Homem do Saco poderia jogar-se como sempre: num estúdio climatizado, com cadeiras ao centro e uma assistência ensaiada. Nesses moldes, seria certamente mais enfadonho como experiência televisiva (e apesar de não ser, tem uma duração maior do que a necessária).

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Concursos de cultura geral que fazem de centros históricos o seu décor, mesmo assim, não são novidade. Concorrentes desprevenidos apanhados pelas câmaras de televisão, igualmente. O que é que ainda marca a diferença neste campeonato? As malas, qual “saco azul” conseguido de forma honesta. Os dois concorrentes em jogo respondem a 10 perguntas, cada uma no valor de 100 euros. Se um errar, o outro responde. O que aguça o jogo é a escolha prévia de uma das malas que Manuel Marques carrega. Se uma guarda 1000 euros de prémio máximo, a outra reserva um brinde de consolação. No fim, o concorrente que ganha pode escolher a mala que quer abrir.

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A delirante troca de malas é apenas um aspeto do ambiente festivaleiro em que decorre o concurso. A prova disso é o grafismo colorido, animado e até infantil que acompanha as cenas, tirando partido de elementos visuais dos sítios onde se desenrolam os desafios. Como se não bastassem os filtros, bonecos e demais artifícios montados num trabalhoso processo de pós-produção, a escolha da banda sonora é criteriosa e sincronizada com o sentido do que é falado pelos protagonistas.

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O Homem do Saco é produzido pela Shine Iberia e tem previstos 13 episódios. Do programa se retira a experiência de Manuel Marques como um apresentador criativo e multidisciplinar, um périplo cultural pelo país e um digestivo televisivo simpático para o sábado à noite. Agora, escolhe a mala às flores ou a mala preta?

Homem do Saco, para ver aos sábados, às 21h15, na RTP.

Duplo Clique -50ª Edição
Uma crónica de André Rosa