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Duplo Clique | "Noites 5 Estrelas"

 

O melhor talk-show da televisão portuguesa está de volta à RTP. A 10ª temporada de 5 Para a Meia-Noite estreou na grelha a 6 de abril, com a promessa de matar saudades a todos os fãs e de reanimar os serões de segunda a sexta-feira. Com entrevistas, rábulas, cultura, humor e muita música, no sofá do 5 as noites são cinco estrelas.
 
O relógio voltou a marcar as cinco para a meia-noite ao fim de sete meses sem pilha – e o público agradece. Mantendo a lógica de sempre, com pequenas e positivas alterações no alinhamento e uma clara intenção de transmitir mais momentos de música, o formato mostra que não perdeu o gás. Luís Filipe Borges, José Pedro Vasconcelos, Nuno Markl, Pedro Fernandes e Nilton inauguraram a temporada visivelmente focados e entusiasmados pelo regresso das suas noites. O 5 não seria o mesmo sem os seus estilos inconfundíveis, permitindo noites sempre diferentes sem beliscar o espírito que lhes é comum.

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Não é por acaso que o estatuto de melhor talk-show tem sido consecutivamente atribuído ao programa, tendo em conta que ao especial leque de apresentadores se juntam os melhores conteúdos. Assumindo que os convidados se propõem, à partida, promover algum evento cultural ou projeto, as entrevistas, pelo facto de terem ritmos e ângulos temáticos tão distintos, mantêm o nível elevado de interesse. Um ponto nem sempre possível de trabalhar, e em muito dependente da postura dos convidados, é a harmonia entre quem se senta no sofá. Além disso, as rubricas e sketches introduzidas suprimem a duração das conversas, o que deixa perceber que o programa continua com falta de tempo.

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Na segunda-feira de estreia, Luís Filipe Borges deixou claro que o 5 não tem audiências como os reality-shows ou as telenovelas. Nem teria essa pretensão, inserido na grelha de um canal que sucessivamente tenta provar aos portugueses o cumprimento do contrato de serviço público. E mais: pelo espaço, linguagem e estilos em que se move, o 5 Para a Meia-Noite é quase uma ilha na oferta pública e privada. Por esse motivo, a administração da RTP devia compreender que as audiências não são um dos fatores decisivos para a continuidade do programa ou para a alocação do seu orçamento.

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Superando a marca dos dois mil convidados, o sofá mais simpático (e ao que pareceu, um protagonista dos momentos mais cómicos com os primeiros convidados) lá estará nos estúdios da Valentim de Carvalho para acomodar as conversas mais imprevisíveis e magnéticas, como foi o caso da entrevista a João Araújo, advogado do ex primeiro-ministro José Sócrates. José Pedro Vasconcelos – que agora acumula dois fusos-horários na RTP – revelou-se bastante ágil na condução de uma entrevista nada fácil e na qual as expetativas estavam lançadas. Na quinta-feira, o momento sublime foi musical. Rui Massena tocou ao piano e proporcionou um dos melhores momentos da noite, na qual Pedro Fernandes confirmou a sua aptidão para os palcos, ao “bailar” num dueto com Mickael Carreira.

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5 Para a Meia-Noite reúne todas as condições para ser um barómetro da vida pública portuguesa. Depois de uma semana a suscitar boas energias, propôs-se maximizar os serões, e por aí em diante. De segunda a sexta, o sofá da RTP é um daqueles sofás de onde não apetece sair, porque cheira a novo e torna as noites cinco estrelas, mesmo que o relógio da vida não bata certo. 

5 Para a Meia-Noite, para ver de segunda a sexta, todos os dias a uma hora diferente, na RTP.

Uma crónica escrita por
André Rosa