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Duplo Clique | #ParabénsTVI


“Parabéns TVI”. O canal que soma já 22 anos na história da Televisão Portuguesa, emitindo em sinal aberto desde 20 de fevereiro de 1993, comemorou a data com uma emissão de manhã à noite, em direto para milhares de portugueses. A viagem no tempo foi mais ou menos cronológica e focada especialmente no futuro do canal – segundo as medições da JFK –, líder de audiências desde 2006, há 100 meses consecutivos.

Condensar 22 anos de história em nove horas seria, à partida, uma tarefa não cumprida. Por isso, o alinhamento de conteúdos optou por recuar ao passado recente do canal, ao invés das habituais analepses até à época em que a então Quatro pertencia à Igreja Católica. A emissão, pouco saudosista, ofereceu os habituais espaços de conversa e dois “repertórios” musicais, oscilantes entre as eternas sonoridades populares e as atuações de qualidade ao vivo (e repetidas) a cargo de Luísa Sobral, Miguel Araújo e Mariza. O tom, sem surpresas, foi de constante autopromoção. A novela “A Única Mulher”, a estrear brevemente, polarizou por completo as atenções, concretizando a habitual estratégia de implementação antecipada dos novos produtos da grelha.


A TVI reuniu a “prata da casa” para a condução do “Parabéns TVI”, de manhã e à tarde, revezando os apresentadores. Da postura de Mónica Jardim à de Teresa Guilherme sobressaiu a empatia, autenticidade e competência que lhes são caraterísticos enquanto grupo, passando para o público a sensação de que, na “família TVI”, gostam mesmo do que fazem. Não houve planos fechados de olhos em lágrimas, até porque o ambiente foi de festejo e folia. Manuel Luís Goucha e Alberto Rodrigues protagonizaram um dos momentos mais divertidos e espontâneos da emissão da manhã, dançando ao som de kizomba em resposta a um desafio de Cristina Ferreira. A conversa sobre o regresso de “Dança com as Estrelas” deixou pontas do véu por levantar, prevendo-se mais uma edição em grande.


Repartindo a festa em três palcos – Informação, Ficção e Entretenimento – a TVI mostrou “os cantos à casa” aos espetadores. As equipas de filmagem, incansáveis, proporcionaram um verdadeiro e fascinante périplo pelos bastidores das novelas da Plural Entertainment (cujas instalações se situam na Quinta dos Melos, em Bucelas), longe, portanto, das instalações da Televisão Independente (em Queluz), onde a Informação e o Entretenimento diurno habitam paredes meias. Os pivots Pedro Pinto e Joaquim Sousa Martins mostraram a sua versatilidade em conversas descontraídas com os jornalistas da redação, contribuindo para a imagem de uma estação de televisão dinâmica e “caseira”.

De regresso à “casa” televisiva onde desenvolveu grande parte da sua carreira de sucesso como diretor editorial, gestor de programação e técnica, José Eduardo Moniz (que saiu da TVI em 2009) marcou mais uma vez presença em antena. Aquele que é o atual consultor de Ficção (e co-autor do argumento de “A Única Mulher”, em conjunto com a guionista Maria João Mira), não poupou algumas críticas à ficção “sem pés e cabeça” produzida nos últimos anos pela TVI, prometendo, com efeito, grandes e notáveis mudanças com o novo projeto. A novela intercontinental foi, de resto, a cabeça-de-cartaz do aniversário, um legítimo protagonismo tendo em conta a necessidade do canal recuperar as audiências da faixa do horário-nobre, que a SIC detém há meses e em absoluto.

A pretexto do aniversário, o discurso persuasivo em nome de um prémio de 50 mil euros não deixou de ser, também, uma das velas mais “sopradas” durante horas a fio. Aconteceu que, após tanta pompa e circunstância, os confettis rebentaram por detrás da ficha técnica: o prémio e a emissão fecharam “a seco” por falta de tempo, depois de um dia de diretos e conversas em permanente contrarrelógio.  

   
E porque tanto os profissionais como os espetadores da TVI desejam, na sua maioria, pelo menos mais 22 anos de emissões, cite-te, a propósito do futuro da Televisão, José Eduardo Moniz em entrevista a Felisbela Lopes, no livro 20 Anos de Televisão Privada em Portugal. “A televisão generalista não vai desaparecer. Vai continuar a ser necessário saber programar, saber armadilhar a grelha e seduzir o telespetador […]”… pelo menos, enquanto ele quiser sentar-se no sofá a ver televisão tal como hoje a conhecemos. 

Duplo Clique - 39ª Edição
Uma crónica de André Rosa