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Fantastic Entrevista... Ricardo de Sá

 
FANTASTIC ENTREVISTA 
TEMPORADA 7 / EDIÇÃO 7 / JANEIRO DE 2015

1.    Ricardo de Sá. O público conhece este nome sobretudo da Televisão, mas como ator inicialmente também participou noutros projetos em Cinema e Teatro. A profissionalização na área da Representação sempre fez parte dos seus planos?
Claro que sim! Desde os meus 17 anos que o meu objetivo era conseguir vingar no mundo da representação, que era ser o melhor. A vida tem me dado a sorte de participar em grandes projectos televisivos e tenho tido a oportunidade de fazer e criar personagens muito distintos. Penso que só assim é que consegui vingar ao longos destes anos como ator, pela minha versatilidade. Porém só senti que era um profissional da representação quando dei por mim e já toda a gente reconhecia o meu valor e o meu trabalho.  Penso que o segredo para atingir este patamar é fazer tudo com muita paixão, muito esforço, sacrifício e dedicação. Só assim é possível ganhar o devido respeito e notoriedade.

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2.    Em 2010 e 2011 venceu dois prémios de Cinema, pelas suas participações em Carne e O Inferno, do realizador Carlos Conceição, enquanto conquistava um papel de destaque na série Morangos com Açúcar, da TVI. O que distingue os desafios do Cinema e da Televisão no trabalho de um ator?
Sim é verdade, até hoje já ganhei vários prémios de melhor ator. Para mim fazer um personagem na televisão, no cinema ou no teatro é igual. O meu trabalho será sempre o mesmo, tentarei dar sempre o meu melhor. O que acaba por distinguir essas áreas são os meios técnicos e maneira como se fazem as coisas. Agora no que diz respeito à representação é igual. Os atores são mão de obra especializada e têm que conseguir representar de maneira igual, ou seja, representar bem em qualquer uma destas áreas, portanto os desafios são sempre os mesmos.

3.    A personagem de Leonardo Pimenta, o Leo, foi um sucesso junto do público da série juvenil da TVI. É fácil para um ator “despir” de vez de um papel ou o público lembrá-lo-á sempre?
Assim que acabo um projecto consigo despir logo o personagem em questão. Tenho um tempo de luto mas até agora consegui sempre voltar ao Ricardo. Se for possível, eu espero que o púbico se lembre para sempre de mim como o ator que fez o personagem que eles mais gostaram. Para mim o personagem é irrelevante, o que importa é que gostem do meu trabalho. O melhor que qualquer ator pode ouvir são os elogios e o reconhecimento por parte do publico. Se o publico gostar, é óptimo. Se não se esquecer é melhor ainda. É verdade que o Léo marcou uma geração, tal como a série televisiva em questão que foi um sucesso tremendo. Agora, sinceramente, sinto que o público tem gostado de todos os meus personagens. Tudo depende do publico em questão. Os mais novos gostam mais de uma coisa e os mais velhos gostam mais de outra e até há quem não goste. A vida é assim mesmo. Uma coisa é certa, não há grandes e pequenos personagens, existem sim grandes e pequenos atores. E quando um ator é grande o suficiente consegue dar o máximo de si a qualquer personagem.

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4.    O que é que a “Escola Morangos” lhe ensinou a nível profissional e pessoal como lições para viver no meio televisivo?
Foi realmente uma escola. Uma grande escola. Aprendi tudo o que sei hoje. Foram muitas horas. Passava mais tempo nas gravações do que em casa. Deu me uma grande estaleca. Vivi muita coisa. E só vivi coisas boas. Só quem por lá passou é que sabe o que sinto. Quem consegue fazer um trabalho bem feito numa escola destas, consegue fazê-lo em qualquer outro lado. Basta pensar um pouco para perceber que a maior parte das pessoas mais bem sucedidas nesta área passaram pelos Morangos. Para além de uma grande escola foi essencialmente uma óptima maneira de selecção.


5.    Os papéis que recebeu nas novelas Doce Tentação e Mundo ao Contrário denotaram a sua evolução como ator. Em que medida o horário nobre é reflexo de uma maior responsabilidade e reconhecimento do seu talento?
O reflexo da responsabilidade e do reconhecimento vem quando te dão a oportunidade de continuares a fazer o que mais gostas. E só depois de te darem essas oportunidades é que consegues evoluir. Se tivesse feito o Léo nos Morangos e depois disso não tivesse tido a oportunidade de fazer um personagem gago como o Tomé na Doce Tentação ou um personagem que era mecânico e dependente/traficante de drogas como o Sérgio no Mundo ao Contrário, tenho a certeza que não iria evoluir, pelo menos de uma maneira tão rápida. Sinto uma maior responsabilidade a partir do momento em que apostam em mim e continuam a apostar no meu talento. E quantos mais personagens faço e mais oportunidades tenho, mais probabilidade tenho de ver o meu talento reconhecido.

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6.    A carreira de ator é uma condição instável e muitas vezes precária. Como é para si gerir o presente e o futuro com base nos contratos que vai recebendo?
Vida de artista não é fácil. Eu tento gerir da melhor maneira. Não parar. Temos que estar constantemente a criar, a pensar em algo a nível artístico. Quando estou num projecto dou sempre o meu melhor para que num futuro próximo apareçam mais projectos. Quando estou entre projectos ando em busca de inspiração e foco-me na família, na musica, etc… E acaba sempre por aparecer algo. O importante é dar o máximo no presente, trabalhar muito, para que depois esse presente se transforme num passado. Passado este que nos ira ajudar no futuro.

7.    Acredita que a sociedade portuguesa encara a profissão de artista com o merecido respeito e valor, ou ser “ator de telenovelas” é ainda visto com algum menosprezo?
A sociedade portuguesa não valoriza a cultura. Logo não dá o devido valor aos artistas. A sociedade está focada nos seus problemas e esquece-se da importância da cultura, dos artistas, sejam atores de novelas, como de teatro, como de cinema, como de rua. A sociedade esquece-se do bem que a ARTE pode proporcionar às pessoas, seja que arte for, ou que produto for, há espaço para tudo. A sociedade vive hoje em dia uma crise de valores não só económicos mas também sociais e intelectuais. Parece tudo tão fácil que as pessoas esquecem-se de dar valor às coisas mais pequenas. O problema não é as pessoas olharem para os artistas com algum menosprezo mas sim olharem umas para as outras com menosprezo e indiferença. Eu acho que toda a gente é essencial para a sociedade. Cada um tem o seu papel.


8.    A par da Representação, uma das artes que domina é a Música. Depois do single A Viagem, em 2012, lançou agora o álbum Histórias. Que “ponte” estabeleceu entre os dois universos musicais?
A Viagem foi a primeira música original que fiz. Depois disso houve um processo de inspiração que levou à criação de muitas letras, melodias, etc… E isto levou ao meu primeiro álbum de originais Histórias. Foi um processo de 3 anos com muitas idas a estúdio e com muitas ideias. Aconteceram muitas coisas na minha vida pessoal e profissional e o álbum acaba por ser um espelho disso mesmo.

9.    O single R.E.A.L passa uma mensagem particularmente próxima dos casais apaixonados. O “amor” é sempre um tema incontornável?
Penso que sim. Porque quando alguém faz uma música o seu objectivo é que o maior numero de pessoas se identifiquem com ela. Qual foi a pessoa que nunca esteve apaixonada? Penso que nenhuma… Toda a gente se identifica com o amor logo é sempre um bom tema para desenvolver. Porém não é o mais fácil. É muito difícil fazer uma música em português que fale sobre uma relação ou sobre o amor e que soe bem. Portanto também é um grande desafio.


10.    O disco é reflexo de uma maturidade musical e artística. Acha que o público que o acompanha desde os Morangos se identifica com o “novo” Ricardo Sá?
Espero que sim! Este disco foi feito a pensar no meu publico. Por isso é que aborda os temas que aborda e por isso é que tem as inluências que tem. E por isso é que é POP. E aqui não há um novo Ricardo Sá, eu sou o mesmo. Apenas tenho vindo a evoluir enquanto artista. E tenho a certeza que o publico se identifica comigo pelo que fiz/faço e por ser como sou. Eu fico muito feliz por ter a idade que tenho e já ter conquistado muita coisa. Mas quero sempre mais. E tive a ideia de fazer um álbum. Se fiz este álbum foi a pensar no publico que sei que gosta de mim. Este disco é acima de tudo uma partilha. Eu quis partilhar as minhas histórias com o meu publico. Quem gostar gosta. Quem não gostar não gosta. Gostos não se discutem…mas tenho a certeza que com este disco ainda vou ter mais pessoas a gostar de mim enquanto artista.

11.    A aposta no mercado discográfico digital é evidente. Que estratégia é que os artistas devem adotar num meio tão concorrencial para retirar o máximo de receitas do seu trabalho?
Só tenho uma certeza. Faço isto por paixão. Para mim tudo o que vier será receita. Não me interessa se vendo muito ou pouco. Interessa-me sim isto: que o público oiça as minhas músicas, que as saiba de cor, que as saiba cantar comigo quando eu tiver um concerto, que eu lhes faça sentir algo, que gostem… A música é para ser partilhada.



12.    Que identidade/perfil deve um artista manter para que o público perceba que está a evoluir sem se desencantar com os novos percursos que toma?
Deve-se manter igual a si mesmo.

13.    As indústrias televisiva e discográfica portuguesas têm espaço para novos artistas?
Claro que sim! Ambas as industrias estão em constante renovação, logo precisam sempre de algo novo. O publico precisa de ser surpreendido. Senão existirem novos artistas, cabe aos artistas que já lá estão tentarem fazer alguma coisa para mudar, para evoluir. E é isso que estou a fazer. Uma vez disseram-me que Portugal era um País muito pequeno para existir um artista que fosse bom e reconhecido nestas duas áreas. E foi a partir desse dia que eu decidi demonstrar o contrario. Eu estou cá para ficar e não quero ser mais um. Quero deixar a minha marca. Quero ser o melhor em ambas as indústrias. 

14.    Fora do ecrã e dos palcos, quem é o Ricardo Sá?
Sou alguém que luta pelos seus sonhos.

Fantastic Entrevista
Convidado: Ricardo de Sá
Entrevista: André Rosa