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Segunda Opinião | "Este episódio outra vez?"


A 14 de março de 2004, pelas mãos de Virgílio Castelo e das Produções Fictícias, chega à TVI "Inspetor Max". Pelo facto de ser diferente do que até então a estação apresentava, obteve muito sucesso e rapidamente ganhou uma 2ª temporada. Mais de 10 anos depois, continua a ser aposta líder do quarto canal, desta vez nas manhãs do fim-de-semana.

Esta produção conta a história de Jorge (Fernando Luís), um homem solitário que perdeu a mulher num acidente causado por um cão. Jorge vive com os seus filhos, Catarina (Sara Butler) e Tiago (Afonso Maló), o seu sogro, João (Ruy de Carvalho) e a sua empregada Justina (Manuela Cassola). Após a morte da mulher, Jorge centrou-se no trabalho mas Júlia (Sandra Celas) e Graça (Fátima Belo) não deixaram o seu coração em paz.

E é este misto entre a ação que uma série policial exige e a calma de uma série familiar que "Inspector max" se desenvolve. Numa altura em que "Rex, o Cão Polícia" era aposta ganha na SIC, a TVI decide trazer um inspetor de quatro patas, mas desta vez em português. Para abranger uma maior parte do público, esta componente familiar acabou por tornar a história mais leve, conquistando miúdos e graúdos.

Na 2ª temporada, a equipa do DIC (Departamento de Investigação Criminal) é convidada a ir para o DECC (Departamento Especial de Combate ao Crime). Contudo, Graça prefere aceitar o convite da Interpol e afasta-se dos colegas. A equipa fica então a ser liderada por Teresa (Silvia Rizzo). A equipa fica completa com Jorge, Sérgio (Rui Santos), Edgar (Phillipe Leroux), António (Quimbé), Dr. Silvia (Bárbara Norton de Matos), Dr. Antunes (Henrique Viana). Nesta temporada chega ainda Vasco (Diogo Ferreira), primo de Catarina e Tiago.

A história nada comum de "Inspector Max", aquela que poderá ser considerada uma das melhores séries portuguesas feitas nos últimos anos, é o segredo do sucesso. O facto de em todos os episódios existirem os atores convidados, sendo a grande maioria nomes consagrados na ficção, acabou por criar ainda uma ligação forte com o público. A tudo isto, junta-se o mistério, causado pelos mais diversos casos que a equipa do DECC tem que resolver. É por isso que há 10 anos o "Inspector Max" continua a 'ladrar' na TVI.

Com o passar tempo, as razões do sucesso de "Inspetor Max" foram-se alterando. Porque é inevitável afirmar que, comparando com os produtos de fição de hoje, a produção da série policial deixa muito a desejar - apesar de parecer brilhante na sua exibição original. Agora, o sucesso deve-se sobretudo à falta de concorrência à altura nas manhãs de fim-de-semana e ao facto de não existir ficção do género em Portugal. Não falemos de séries estrangeiras, porque essas continuam a fazer parte da televisão - "CSI Las Vegas", "NCIS: Los Angels" ou "CSI: Nova Iorque" são alguns exemplos - mas sim conteúdos nacionais. Nestes últimos anos tivemos pouquíssimos exemplos ("Cidade Despida" da RTP foi um deles e, apesar da excelente qualidade da série, nunca se impôs nas audiências, talvez porque era direcionada para uma faixa etária mais específica).

Em Portugal, agora a tendência são novelas (com 300 episódios), programas de talentos (que todos já conhecemos!), reality shows (a maioria deles, mal produzidos) e a aposta em séries portuguesas para toda a família parece ter-se perdido. Com sucesso, e já com as temporadas emitidas umas "1000" vezes (pelo menos é com essa ideia que os espetadores mais 'velhos' ficam), "Inspetor Max" mostra o que o público gostaria que as generalistas emitissem mais formatos do género.

As crianças de hoje não são as de 2004 - essas, já são bem crescidas - e por isso mesmo as histórias do cão polícia da TVI continuam a agarrar todo o tipo de público, estando este em constante renovação. Apesar de tudo, a sua reposição já roça o "demasiado". Porque não a aposta numa nova série ao estilo "Inspector Max" para as manhãs? O público iria gostar de acordar e ver a "sua" série no ar. Com tantos autores e atores sem trabalho, certamente o único motivo para tal não acontecer é simples: o custo de produção.  E enquanto estas reposições resultarem as pessoas poderão continuar a dizer "Este episódio outra vez?", porque a TVI não deixará de emiti-las.

Segunda Opinião - 11ª Edição
Uma crónica escrita em parceira pelo Fantastic e o Diário da TV

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