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Duplo Clique | "Grande, mas não é grande coisa"

 

A tarde é “Grande”, mas não é grande coisa. É grande porque mastiga três horas e meia de emissão e não é grande coisa porque o sol do genérico brilha sem deixar marca na experiência televisiva. “Grande Tarde” estreou em clima de festa, na SIC, como abertura das comemorações dos 22 anos da Sociedade Independente de Comunicação. Este sempre foi o canal das classes mais exigentes (dizem os estudos de perfil das audiências) porém desengane-se quem pensa que a distinção permanece. O novo programa de variedades não é, definitivamente, a colheita deste ano.  

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Pode dizer-se que a tarde já era grande, mas para melhor. As entrevistas do “Boa Tarde”, pautadas pela ética e sensibilidade de Conceição Lino, eram nitidamente mais cativantes que ver duas personagens aos berros numa cama; e até mesmo as rubricas médicas sobre o refluxo gástrico eram mais úteis do que revisitar a saia da Floribella. Eis que, procurando “o brilho, a alegria e a emoção que faltavam” às tardes, a SIC estreou um novo talk-show apresentado por uma tripla descoordenada.

João Baião, Andreia Rodrigues e Luciana Abreu. Caso para dizer “não há duas sem três”. Baião despediu-se da RTP com a perspetiva de um melhor salário e uma desafiante experiência profissional, mas até agora Júlia Pinheiro não lhe fez a vontade – discerniu antes a oportunidade de reproduzir a época de “Big Show SIC”, o tesourinho dos anos 90. Baião conserva-se enérgico e capaz de assumir o controlo… Mas os tempos são outros e a SIC, ao contrário da TVI, não tem estrelas em ascensão. Descendo de “cavalo para burro”, Andreia Rodrigues aventura-se na coapresentação. Discreta e sorridente; longe da “Fama” e do chorrilho de vídeos ridículos. Próxima de Luciana Abreu, ambas destinadas ao oráculo e ao paleio argumentativo do passatempo telefónico. As posturas são dissemelhantes e acabam diminuídas, pois afinal a beleza não faz milagres se as aptidões comunicativas e o carisma não existirem. 

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Em dia de festa, a emissão recuperou algumas pérolas da SIC e promoveu os recentes lançamentos discográficos de D8 e FF, dos quais se destacou, pela vitalidade da melodia, a “Saffra” interpretada ao vivo. O público depara-se, de resto, com um formato oco e sensaborão. Fica a vontade súbita de regressar ao “Contacto” com Rita Ferro Rodrigues e Nuno Graciano, comunicadores queridos e valorizados pela estação, corria o ano de 2009. “Grande Tarde” oferece humor mal cozinhado, desafios de exteriores e, dizem eles, “muitas emoções e surpresas”. 

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Não se surpreenda. A sua “Boa Tarde” acabou. Agora, o oráculo anuncia que “as tardes não vão ser as mesmas”. Decerto que não. Oxalá o público queira provar outros néctares, com mais substância. “Grande Tarde” é azul e laranja, e à semelhança de uma laranja vulgar, bem espremido deita pouco sumo.

“Grande Tarde”, para ver às 15h45, de segunda a sexta, na SIC.
Duplo Clique - 22ª Edição
Uma crónica de André Rosa