Fantastic Entrevista... Pedro Lopes
FANTASTIC ENTREVISTA
TEMPORADA 6 / EDIÇÃO 5 / MAIO DE 2014
Pedro Lopes é o quinto convidado da 6ª temporada do "Fantastic
Entrevista". Nesta que é a 56ª edição da rubrica do Fantastic, iremos
estar à conversa com o autor da novela "Sol de Inverno" da SIC, responsável ainda pelo guião de produções como "Dancin' Days", "Laços de Sangue" ou "Velhos Amigos".
1- Escreveu várias novelas de sucesso da SIC, sendo a mais recente, Sol de Inverno, atualmente em exibição. Qual é o segredo para conseguir escrever tramas que tanto cativam o público?
Não há segredos. É importante a criatividade, obviamente, e também perceber tecnicamente como escrever uma novela. Com o tempo cada autor vai definindo a sua identidade, vai criando a sua marca, e foi isso que também aconteceu comigo.
Não há segredos. É importante a criatividade, obviamente, e também perceber tecnicamente como escrever uma novela. Com o tempo cada autor vai definindo a sua identidade, vai criando a sua marca, e foi isso que também aconteceu comigo.
2-Sol de Inverno é mais uma novela que tem tido um sucesso audimétrico. Esperava que a herança deixada por Dancin' Days continuasse a dar frutos?
Quando nos lançamos a escrever uma novela temos de acreditar que vai ser um sucesso, até porque só apresento um projecto quando acredito que é original e tem qualidade.
3- As novelas que tem escrito têm tido uma grande distância entre a escrita das cenas e as exibições das mesmas. Como é trabalho com esta margem de manobra? A opinião do público acaba por ser menos valorizada?
A opinião do público é sempre valorizada, por isso, e mesmo antes da novela começar a ser exibida, faz-se um focus group.
Quando nos lançamos a escrever uma novela temos de acreditar que vai ser um sucesso, até porque só apresento um projecto quando acredito que é original e tem qualidade.
3- As novelas que tem escrito têm tido uma grande distância entre a escrita das cenas e as exibições das mesmas. Como é trabalho com esta margem de manobra? A opinião do público acaba por ser menos valorizada?
A opinião do público é sempre valorizada, por isso, e mesmo antes da novela começar a ser exibida, faz-se um focus group.
4 - Já escreveu cerca de 10 novelas, para a SIC e para a TVI, séries para a estação pública, mas nunca escreveu uma telenovela. Gostava de participar num projeto nestes moldes na RTP?
Quem sabe um dia vem a acontecer. Eu gosto de intercalar séries com novelas porque são processos de trabalho diferentes e ajuda a limpar eventuais vícios de escrita.
5- Em 2011 estiveram no ar, em simultâneo, 7 projetos escritos por si, em canais diferentes. Como é conciliar tantas histórias e personagens num tão curto espaço de tempo?
Tenho muitas dúvidas que tenham sido 7, e, a ter acontecido, é porque alguns estavam a dar em repetição. Como director de conteúdos da SP televisão sou de certa forma responsável por todos os projectos, mas uma coisa que estabeleci é que só assino aqueles que escrevo. Há projectos em que participei no brainstorming inicial e até nalguns casos na escrita da sinopse, mas se não estou lá com a equipa todos os dias a escrever então não assino. É uma questão de honestidade.
Quem sabe um dia vem a acontecer. Eu gosto de intercalar séries com novelas porque são processos de trabalho diferentes e ajuda a limpar eventuais vícios de escrita.
5- Em 2011 estiveram no ar, em simultâneo, 7 projetos escritos por si, em canais diferentes. Como é conciliar tantas histórias e personagens num tão curto espaço de tempo?
Tenho muitas dúvidas que tenham sido 7, e, a ter acontecido, é porque alguns estavam a dar em repetição. Como director de conteúdos da SP televisão sou de certa forma responsável por todos os projectos, mas uma coisa que estabeleci é que só assino aqueles que escrevo. Há projectos em que participei no brainstorming inicial e até nalguns casos na escrita da sinopse, mas se não estou lá com a equipa todos os dias a escrever então não assino. É uma questão de honestidade.
6 - Cidade Despida foi nomeada para vários prémios no Festival Cinematográfico de Moscovo, tendo ganho em quatro categorias. Acha que fazem faltas mais séries deste género, inovadoras, em Portugal?
Guardo muito boas recordações desse projecto. Realmente não houve muitas séries como aquela. Quanto mais as estações investirem na ficção portuguesa, maior a possibilidade de haver diversificação de produtos. Eu acho que faz falta todo o tipo de ficção: telenovelas, séries dramáticas, comédias.
7 - Foi também responsável pelo script de Assim Assim, um filme português que interliga de uma forma bastante interessante a vida de todas as personagens. Qual a diferença entre a escrita em cinema e televisão? Gostava de ter mais projetos em cinema?
Obviamente que é muito diferente escrever um filme de 90 minutos ou uma telenovela de 300 episódios. Mas o “Assim Assim” também foi um projecto diferente, porque a falta de dinheiro obrigou-me a escrever um filme de personagens, muito baseado nos diálogos, e não na acção, um puzzle em que as peças vão encaixado e toda aquela gente vai ficando ligada. Essa foi a solução narrativa que encontrei para que cada sequência fosse gravada apenas numa noite, porque a equipa estava a trabalhar nas folgas de outros projectos e ninguém estava a receber. Mas pelos vistos resultou, já que o filme foi nomeado para os prémios Sophia, pela academia portuguesa de cinema, na categoria de melhor argumento original.
Guardo muito boas recordações desse projecto. Realmente não houve muitas séries como aquela. Quanto mais as estações investirem na ficção portuguesa, maior a possibilidade de haver diversificação de produtos. Eu acho que faz falta todo o tipo de ficção: telenovelas, séries dramáticas, comédias.
7 - Foi também responsável pelo script de Assim Assim, um filme português que interliga de uma forma bastante interessante a vida de todas as personagens. Qual a diferença entre a escrita em cinema e televisão? Gostava de ter mais projetos em cinema?
Obviamente que é muito diferente escrever um filme de 90 minutos ou uma telenovela de 300 episódios. Mas o “Assim Assim” também foi um projecto diferente, porque a falta de dinheiro obrigou-me a escrever um filme de personagens, muito baseado nos diálogos, e não na acção, um puzzle em que as peças vão encaixado e toda aquela gente vai ficando ligada. Essa foi a solução narrativa que encontrei para que cada sequência fosse gravada apenas numa noite, porque a equipa estava a trabalhar nas folgas de outros projectos e ninguém estava a receber. Mas pelos vistos resultou, já que o filme foi nomeado para os prémios Sophia, pela academia portuguesa de cinema, na categoria de melhor argumento original.
8 - Muitas vezes, o trabalho dos técnicos, atores e guionistas de novelas não é tão valorizado como os dos profissionais do teatro ou do cinema. A que acha que se deve este 'paradigma'?
Eu acredito que isso está a mudar. A ficção televisiva tem vindo a ganhar qualidade, embora vá sempre haver quem diga que o cinema é arte e televisão é apenas entretenimento. Quando ouço esses comentários lembro-me do Paddy Chayefsky que dizia que não devemos pensar na escrita como uma arte, mas como um trabalho. E se formos mesmo artistas tudo o que fizermos será arte.
9 - Como vê o estado atual da cultura em Portugal?
Estamos numa fase complicada, mas não é apenas para a cultura. Quando se fala nesse assunto eu gostava era de ver o investimento reflectido na formação base das nossas crianças, com aulas de música no primeiro ciclo e com a valorização das artes no currículo do ensino básico e secundário. Só assim criaremos públicos de cultura.
10 - O que lhe falta fazer enquanto profissional do audiovisual?
Falta-me fazer tudo! Quero muito continuar a escrever para televisão e, pontualmente, fazer uns projectos para teatro e cinema.
EM POUCAS PALAVRAS...
Um filme: The Misfits, John Huston.
Um realizador: Sidney Lumet. (Aconselho a ver Twelve Angry Men, que foi o primeiro filme que realizou ainda nos anos 50, e Before The Devil Knows You´Re Dead, que foi o último, em 2007. Depois é devorar as dezenas de filmes que fez pelo meio).
Uma referência: Jesus Cristo (até porque sou católico).
Um livro: O Aleph, Jorge Luis Borges.
Um ator: Buster Keaton.
Um sonho: Ser feliz (mais do que um sonho, um desejo).
O Pedro Lopes é: Pois não sei!
Eu acredito que isso está a mudar. A ficção televisiva tem vindo a ganhar qualidade, embora vá sempre haver quem diga que o cinema é arte e televisão é apenas entretenimento. Quando ouço esses comentários lembro-me do Paddy Chayefsky que dizia que não devemos pensar na escrita como uma arte, mas como um trabalho. E se formos mesmo artistas tudo o que fizermos será arte.
9 - Como vê o estado atual da cultura em Portugal?
Estamos numa fase complicada, mas não é apenas para a cultura. Quando se fala nesse assunto eu gostava era de ver o investimento reflectido na formação base das nossas crianças, com aulas de música no primeiro ciclo e com a valorização das artes no currículo do ensino básico e secundário. Só assim criaremos públicos de cultura.
10 - O que lhe falta fazer enquanto profissional do audiovisual?
Falta-me fazer tudo! Quero muito continuar a escrever para televisão e, pontualmente, fazer uns projectos para teatro e cinema.
EM POUCAS PALAVRAS...
Um filme: The Misfits, John Huston.
Um realizador: Sidney Lumet. (Aconselho a ver Twelve Angry Men, que foi o primeiro filme que realizou ainda nos anos 50, e Before The Devil Knows You´Re Dead, que foi o último, em 2007. Depois é devorar as dezenas de filmes que fez pelo meio).
Uma referência: Jesus Cristo (até porque sou católico).
Um livro: O Aleph, Jorge Luis Borges.
Um ator: Buster Keaton.
Um sonho: Ser feliz (mais do que um sonho, um desejo).
O Pedro Lopes é: Pois não sei!
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