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Televisões limitam cobertura das autárquicas

RTP, SIC e TVI já garantiram uma cobertura da campanha para as eleições autárquicas em serviços mínimos. Tudo porque as três televisões de sinal aberto discordam dos termos exigidos pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e da perda da liberdade editorial para a cobertura das autárquicas .

Pela TVI, será uma "cobertura limitada", segundo o responsável pela informação desta estação, José Alberto Carvalho.
A RTP, alvo de duas queixas na CNE durante a pré-campanha para as eleições de 29 de Setembro, "vai optar por se proteger em relação a essas possibilidades" e pondera "deixar de colocar candidatos no ar", disse à Lusa o diretor de informação, Paulo Ferreira.

A lei exige que todas as candidaturas tenham tratamento igual por parte dos órgãos de comunicação social. No caso destas eleições autárquicas, ao fazer-se, por exemplo, a cobertura da ação de campanha de um candidato a Sintra, é obrigatório fazer-se dos outros dez.

A SIC "não irá fazer a cobertura exaustiva das últimas eleições" porque "é humanamente impossível", considera Alcides Vieira.
José Alberto Carvalho lembrou por seu lado que "só na semana passada ficou clarificada qual a lista de candidatos" e, por isso, o canal ainda está a "adequar-se a essa realidade". "Há outras coisas importantes no país ao mesmo tempo, que têm a ver com a vida de todas as pessoas, independentemente dos concelhos onde vivem", disse, sublinhando que a TVI "não tem pessoas, nem equipamentos, nem tempo de antena para executar [a cobertura das eleições] da maneira pretendida".

Para o diretor de informação da TVI, a atual lei "condiciona a liberdade editorial, reconhecida em todas as circunstâncias, exceto em período eleitoral". Esta opinião partilhada por Alcides Vieira, que considera esta lei "muito limitadora e condicionante da atividade [jornalística] em termos objetivos". "Não deixa ao critério jornalístico a decisão do que é ou não relevante e lê de forma cega a realidade política e social", disse, sublinhando que a lei em questão "evita que se esclareça, em vez de garantir que se esclarece" "Ao se querer incluir todos, corre-se o risco de não incluir nenhum", declarou Alcides Vieira. "Com esta lei não se faz nada ou limita-se os concelhos", afirmou.

A SIC optou por limitar a cobertura das eleições a determinados concelhos, mas na RTP é possível, de acordo com o diretor de informação do canal estatal, "deixar de colocar candidatos no ar durante a campanha". "A RTP, havendo esse risco jurídico e financeiro de multa, vai optar por se proteger em relação a essas possibilidades. E vai deixar de colocar candidatos no ar durante a campanha", admitiu Paulo Ferreira.

O diretor de informação da RTP adiantou que o canal está "no terreno com reportagens em 20 concelhos, mais relevantes", e já teve duas queixas na CNE, a propósito dessa cobertura. Nas reportagens, a RTP, explicou, não ouviu todos os candidatos, mas o jornalista referiu quem eles são. "Se houver penalização da RTP numa cobertura que está a ser cuidada, tudo o que são ações de campanha tradicionais deixarão de aparecer na RTP. Não podemos correr o risco de, falando com um candidato num concelho, ter obrigatoriamente de falar com todos. Porque nem todos são notícia, nem todos têm ações de campanha todos os dias, e os critérios editoriais não podem ser completamente colocados de parte", afirmou.

Paulo Ferreira referiu que, na semana passada, " não colocando todos os candidatos a falar na peça, mas falando neles", a RTP perguntou à CNE "se esta forma estaria correta", mas até ao momento não obteve resposta. A SIC optou, na fase de pré-campanha por emitir uma série de reportagens, com sondagens e sem candidatos, para fazer o retrato sociológico de 15 concelhos, considerados "mais relevantes". Para uma segunda fase, durante a campanha eleitoral, a SIC escolheu seguir 12 concelhos para "fazer caracterização da sua política e ouvir candidatos, estejam [estes] ou não em [ações de] campanha".

Quanto à TVI, irá "concentrar-se no essencial, que é o que diz respeito a todas as pessoas". "Tudo o que tiver alcance nacional, que aconteça na campanha, faremos os possíveis para estar lá e difundir. Tudo o que for local, atendendo aos riscos legais que comporta e à incapacidade objetiva de nós o assegurarmos, nós não o faremos", adiantou José Alberto Carvalho. O responsável da TVI recordou que, "na verdade as autárquicas sempre se limitaram a meia dúzia de concelhos, porque não havia condições para seguir os 300 concelhos do país".

DN