Crónica FORA DO AR: À sombra da bananeira!
Estamos a um mês do começo do Verão, altura de férias e descanso para a maioria dos portugueses, que preferem curtir o sol do que ficar em casa a ver televisão, fazendo com que o consumo desça a valores mínimos...
No entanto, se antes esse efeito da subida da temperatura era mais notório nos meses de Junho a Setembro, este ano já em Março se notou uma quebra do consumo, que tem vindo a acentuar-se. Estamos em Maio e os valores registados são dignos de um mês de Agosto. E se levarmos em consideração que as temperaturas têm sido bastante amenas, fica por perceber esta mudança tão acentuada nos hábitos dos portugueses.
É verdade que também nos meses de Inverno o consumo não chegou a atingir os valores máximos de anos anteriores. O que parece estar a acontecer é um desligamento do espectador em relação à oferta televisiva. Por ventura, efeito de uma programação cada vez mais pobre mantida anos a fio. Por isso, vemos um cabo galopante, e as generalistas numa situação cada vez mais preocupante.
Com a descida do consumo era de esperar que fossem as generalistas as mais benefeciadas, devido ao perfil do público dos canais por cabo. No entanto, isso não acontece, antes pelo contrário.
Neste momento, as apostas para o Verão já foram reveladas na sua maioria e o que vemos é uma mão cheia de nada.
Na SIC, apostam num programa que já tinha dado as últimas na sua primeira temporada, estou a falar de “Salve-se quem puder”, na TVI as telenovelas continuam como única aposta, e na RTP1 também recorrem a mais do mesmo.
Portanto, parece que pouco haverá a fazer para evitar mais um verão negro para as generalistas.
É de prever que em Agosto o Cabo possa chegar ao segundo lugar, deixando SIC e RTP1 para trás.
Nesta altura a TVI já terá o futebol da primeira liga que dará uma ajuda extra e provavelmente até subirá em relação ao ano anterior.
Na SIC, parece que gostam de cometer os mesmos erros e então vemos às portas do Verão terminar as duas telenovelas da noite.
A TVI também comete um erro idêntico em estrear uma telenovela tão tarde, no entanto, deverá sair benefeciada já que se livrará do maior fracasso no género da estação, estou a falar de Sentimentos.
O que eu pergunto é se não poderia ser diferente?
Não poderia a SIC e a TVI terem apostado mais um pouco?
Eu acho que sim, mesmo sem gastar muito dinheiro poderiam vir com outro tipo de novidades e fazer um verão bem mais tranquilo.
Por exemplo, na TVI era escusado uma terceira telenovela, e com o dinheiro que poupavam aqui poderiam investir noutro tipo de programas para a primeira hora do horário nobre, trazendo outra frescura e dinâmica à programação tão apreciada numa época de calor.
Na SIC, deveriam ter apostado noutro programa para ancorar o horário nobre, pois como vimos o “Salve-se Quem Puder” não tem pedalada para o verão todo. Era importante também não deixar o horário de “Perfeito Coração” órfão e desperdiçar o trabalho dos últimos meses neste campo, até porque em Outubro deverá vir uma nova telenovela portuguesa.
Era de estrear “Escrito nas estrelas” no horário mesmo que isso significasse ter quatro telenovelas inéditas na globo, sempre era melhor que cometer novamente este erro.
E o que virá para o lugar do “Nós por Cá” será que mais um tapa-buracos e tardiamente?
O programa deveria sair já no fim do mês e fazerem subir Caras e Bocas para as 19 horas. O que colocar às 18 horas? Poderiam esticar Vida Nova para já, e depois colocar algo “teen”, ou uma repetição de uma série da globo ou de uma das telenovelas da noite.
Na TVI, como disse uma sitcom e mais um ou dois programas de entetenimento ligeiro seriam muito bem-vindos, ao invés de mais uma telenovela.
Na RTP1, o vazio de conteúdos é tão grande que fica díficil apontar apenas uma ou duas sugestões. No entanto, uma alternativa aos enjoativos concursos noturnos seria uma boa maneira de começar. Eu sugeria uma versão portuguesa do “Masterchef Australia”. Muito apropriado à época do ano, pois muitos dos desafios até poderiam ser feitos ao ar livre.
No entanto, nada disto será feito, e como disse serão repetidos os cenários de anos anteriores que muitas dores de cabeça provocarão aos directores de programas.
Esperemos pelo menos que compensem com a rentrée de Outono, tema da minha próxima crónica. Porque se os responsáveis da nossa televisão continuarem a dormir à sombra da bananeira, é melhor estarem preparadas para consequências ainda mais prejudiciais para as respectivas estações, e que depois não venham desculpar-se com tudo e mais alguma coisa, menos com o mau trabalho que têm desenvolvido!
Até lá,
Fiquem em boa Companhia!
Por Paulo Andrade
No entanto, se antes esse efeito da subida da temperatura era mais notório nos meses de Junho a Setembro, este ano já em Março se notou uma quebra do consumo, que tem vindo a acentuar-se. Estamos em Maio e os valores registados são dignos de um mês de Agosto. E se levarmos em consideração que as temperaturas têm sido bastante amenas, fica por perceber esta mudança tão acentuada nos hábitos dos portugueses.
É verdade que também nos meses de Inverno o consumo não chegou a atingir os valores máximos de anos anteriores. O que parece estar a acontecer é um desligamento do espectador em relação à oferta televisiva. Por ventura, efeito de uma programação cada vez mais pobre mantida anos a fio. Por isso, vemos um cabo galopante, e as generalistas numa situação cada vez mais preocupante.
Com a descida do consumo era de esperar que fossem as generalistas as mais benefeciadas, devido ao perfil do público dos canais por cabo. No entanto, isso não acontece, antes pelo contrário.
Neste momento, as apostas para o Verão já foram reveladas na sua maioria e o que vemos é uma mão cheia de nada.
Na SIC, apostam num programa que já tinha dado as últimas na sua primeira temporada, estou a falar de “Salve-se quem puder”, na TVI as telenovelas continuam como única aposta, e na RTP1 também recorrem a mais do mesmo.
Portanto, parece que pouco haverá a fazer para evitar mais um verão negro para as generalistas.
É de prever que em Agosto o Cabo possa chegar ao segundo lugar, deixando SIC e RTP1 para trás.
Nesta altura a TVI já terá o futebol da primeira liga que dará uma ajuda extra e provavelmente até subirá em relação ao ano anterior.
Na SIC, parece que gostam de cometer os mesmos erros e então vemos às portas do Verão terminar as duas telenovelas da noite.
A TVI também comete um erro idêntico em estrear uma telenovela tão tarde, no entanto, deverá sair benefeciada já que se livrará do maior fracasso no género da estação, estou a falar de Sentimentos.
O que eu pergunto é se não poderia ser diferente?
Não poderia a SIC e a TVI terem apostado mais um pouco?
Eu acho que sim, mesmo sem gastar muito dinheiro poderiam vir com outro tipo de novidades e fazer um verão bem mais tranquilo.
Por exemplo, na TVI era escusado uma terceira telenovela, e com o dinheiro que poupavam aqui poderiam investir noutro tipo de programas para a primeira hora do horário nobre, trazendo outra frescura e dinâmica à programação tão apreciada numa época de calor.
Na SIC, deveriam ter apostado noutro programa para ancorar o horário nobre, pois como vimos o “Salve-se Quem Puder” não tem pedalada para o verão todo. Era importante também não deixar o horário de “Perfeito Coração” órfão e desperdiçar o trabalho dos últimos meses neste campo, até porque em Outubro deverá vir uma nova telenovela portuguesa.
Era de estrear “Escrito nas estrelas” no horário mesmo que isso significasse ter quatro telenovelas inéditas na globo, sempre era melhor que cometer novamente este erro.
E o que virá para o lugar do “Nós por Cá” será que mais um tapa-buracos e tardiamente?
O programa deveria sair já no fim do mês e fazerem subir Caras e Bocas para as 19 horas. O que colocar às 18 horas? Poderiam esticar Vida Nova para já, e depois colocar algo “teen”, ou uma repetição de uma série da globo ou de uma das telenovelas da noite.
Na TVI, como disse uma sitcom e mais um ou dois programas de entetenimento ligeiro seriam muito bem-vindos, ao invés de mais uma telenovela.
Na RTP1, o vazio de conteúdos é tão grande que fica díficil apontar apenas uma ou duas sugestões. No entanto, uma alternativa aos enjoativos concursos noturnos seria uma boa maneira de começar. Eu sugeria uma versão portuguesa do “Masterchef Australia”. Muito apropriado à época do ano, pois muitos dos desafios até poderiam ser feitos ao ar livre.
No entanto, nada disto será feito, e como disse serão repetidos os cenários de anos anteriores que muitas dores de cabeça provocarão aos directores de programas.
Esperemos pelo menos que compensem com a rentrée de Outono, tema da minha próxima crónica. Porque se os responsáveis da nossa televisão continuarem a dormir à sombra da bananeira, é melhor estarem preparadas para consequências ainda mais prejudiciais para as respectivas estações, e que depois não venham desculpar-se com tudo e mais alguma coisa, menos com o mau trabalho que têm desenvolvido!
Até lá,
Fiquem em boa Companhia!
Por Paulo Andrade
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