Crónica FORA DO AR: Do Rio Grande Até à Terra do Fogo
Como prometido, na crónica de hoje viajamos até à América Latina para conhecermos um pouco mais da televisão que se faz e vê por lá.
Em primeiro lugar, o mercado latino-americano é dominado por estações de televisão da Brasil, México, Colômbia e Argentina. Não será por acaso, que estes também são os países com maior peso demográfico e económico na região.
Certamente, se eu falar em nomes como TV Globo, TV Record, Telefe, Televisa ou Canal 13, estes soar-lhe-ão relativamente familiares. Isto prende-se com o simples facto de estar a listar as maiores exportadores de telenovelas do mundo... mas não só como verão mais adiante!
Enquanto que o caso da Globo é sobejamente conhecido entre nós pelo papel que desempenhou e continua a desempenhar na televisão nacional, e que até tem sido alvo de vários críticas dos mais diversos sectores da sociedade, outros poderão causar alguma surpresa. Pois, talvez não saiba que já viu telenovelas e programas portugueses, que afinal eram adaptados de originais argentinos, colombianos ou mexicanos!
Por exemplo, a telenovela Vingança (SIC) é a adaptação de Montecristo, um original argentino da Telefe; outro exemplo, seria Deixa-me Amar (TVI), uma adaptação de SOS Mi Vida, também argentina, mas desta vez do Canal 13. Mas não vimos só adaptações. Estas são relativamente recentes (últimos dez anos) e já tiveram maior peso. Nos anos 90, a exibição dos originais dobrados em português do Brasil era o prato forte, e que levou ao forte crescimento da TVI nos seus primeiros anos, chegando a fazer shares de 30% e mais, com a exibição de telenovelas latinas como Topácio, Morena Clara, Kassandra, entre outras, ou das telenovelas que preenchiam as tardes da RTP1 nos finais dos anos 90 como Maria do Bairro, cujo final chegou a vencer o talk-show Fátima Lopes, ou ainda de Esmeralda e Privilégio de Amar. Na SIC ,antes da chegada da Globo, e com o exemplo de sucesso da TVI também foram exibidas algumas telenovelas latinas dobradas.
No entanto, o mercado latino-americano também exporta concursos, programas de entretenimento, séries, sitcoms e outros formatos. Por exemplo, o concurso A Herança (RTP1) é a adaptação de um original argentino, que também foi comprado por outras televisões europeias (Itália, frança, etc.).
Apesar desta máquina exportadora bem oleada, as televisões destes países também importam inúmeros formatos, nomeadamente casos de sucesso conhecidos entre nós como Aqui Há Talento, Big Brother, Survivor, Operação Triunfo, Ídolos, etc. O que revela uma grande dinâmica e diversidade, que tem faltado à nossa televisão e originado graves problemas no seu desenvolvimento e crescimento.
Isto poderá ir contra algumas ideias pré-concebidas de que naqueles países só se vê telenovelas e futebol.
Mas justiça seja feita, essa frase aplica-se muito mais à nossa televisão, do que à televisão brasileira ou argentina.
Por exemplo, no Brasil são exibidas menos telenovelas ao longo do dia nos quatro canais principais (7) do que em Portugal por apenas três canais (10). Na Argentina, em horário nobre os dois maiores canais exibem apenas uma telenovela cada após o noticiário da noite, completando o resto do horário nobre com programação variada. Com excepção da TV Globo e sbt , estações de TV do Brasil, que exibem telenovelas também ao sábado, praticamente em nenhum outro país latino são exibidas telenovelas durante o fim-de-semana. Na Argentina chegam a ser exibidas apenas de segunda à quinta, no caso das telenovelas de horário nobre.
É claro que estas continuam a ter grande peso, especialmente durante a tarde, onde são exibidas um grande número de telenovelas. No entanto, isso não inviabiliza a aposta noutros formatos, como acontece em Portugal.
Por isso, digo que era bom que a televisão em Portugal fosse um pouco mais como a televisão que se faz nestes paises do outro lado do Atlântico.
Para terminar quero apenas informar que este espaço adoptará um novo formato, deixando de ser um crónica semanal, para passar a ser um espaço de opinião ocasional, isto é, sempre que considerar que existe um assunto que mereça um comentário mais ou menos prolongado da minha parte.
Por hoje é tudo.
Como sempre fiquem em boa companhia,
E não se esqueçam que, seja na televisão ou na vida, nem sempre uma imagem vale mais que mil palavras!
Por Paulo Andrade
Em primeiro lugar, o mercado latino-americano é dominado por estações de televisão da Brasil, México, Colômbia e Argentina. Não será por acaso, que estes também são os países com maior peso demográfico e económico na região.
Certamente, se eu falar em nomes como TV Globo, TV Record, Telefe, Televisa ou Canal 13, estes soar-lhe-ão relativamente familiares. Isto prende-se com o simples facto de estar a listar as maiores exportadores de telenovelas do mundo... mas não só como verão mais adiante!
Enquanto que o caso da Globo é sobejamente conhecido entre nós pelo papel que desempenhou e continua a desempenhar na televisão nacional, e que até tem sido alvo de vários críticas dos mais diversos sectores da sociedade, outros poderão causar alguma surpresa. Pois, talvez não saiba que já viu telenovelas e programas portugueses, que afinal eram adaptados de originais argentinos, colombianos ou mexicanos!
Por exemplo, a telenovela Vingança (SIC) é a adaptação de Montecristo, um original argentino da Telefe; outro exemplo, seria Deixa-me Amar (TVI), uma adaptação de SOS Mi Vida, também argentina, mas desta vez do Canal 13. Mas não vimos só adaptações. Estas são relativamente recentes (últimos dez anos) e já tiveram maior peso. Nos anos 90, a exibição dos originais dobrados em português do Brasil era o prato forte, e que levou ao forte crescimento da TVI nos seus primeiros anos, chegando a fazer shares de 30% e mais, com a exibição de telenovelas latinas como Topácio, Morena Clara, Kassandra, entre outras, ou das telenovelas que preenchiam as tardes da RTP1 nos finais dos anos 90 como Maria do Bairro, cujo final chegou a vencer o talk-show Fátima Lopes, ou ainda de Esmeralda e Privilégio de Amar. Na SIC ,antes da chegada da Globo, e com o exemplo de sucesso da TVI também foram exibidas algumas telenovelas latinas dobradas.
No entanto, o mercado latino-americano também exporta concursos, programas de entretenimento, séries, sitcoms e outros formatos. Por exemplo, o concurso A Herança (RTP1) é a adaptação de um original argentino, que também foi comprado por outras televisões europeias (Itália, frança, etc.).
Apesar desta máquina exportadora bem oleada, as televisões destes países também importam inúmeros formatos, nomeadamente casos de sucesso conhecidos entre nós como Aqui Há Talento, Big Brother, Survivor, Operação Triunfo, Ídolos, etc. O que revela uma grande dinâmica e diversidade, que tem faltado à nossa televisão e originado graves problemas no seu desenvolvimento e crescimento.
Isto poderá ir contra algumas ideias pré-concebidas de que naqueles países só se vê telenovelas e futebol.
Mas justiça seja feita, essa frase aplica-se muito mais à nossa televisão, do que à televisão brasileira ou argentina.
Por exemplo, no Brasil são exibidas menos telenovelas ao longo do dia nos quatro canais principais (7) do que em Portugal por apenas três canais (10). Na Argentina, em horário nobre os dois maiores canais exibem apenas uma telenovela cada após o noticiário da noite, completando o resto do horário nobre com programação variada. Com excepção da TV Globo e sbt , estações de TV do Brasil, que exibem telenovelas também ao sábado, praticamente em nenhum outro país latino são exibidas telenovelas durante o fim-de-semana. Na Argentina chegam a ser exibidas apenas de segunda à quinta, no caso das telenovelas de horário nobre.
É claro que estas continuam a ter grande peso, especialmente durante a tarde, onde são exibidas um grande número de telenovelas. No entanto, isso não inviabiliza a aposta noutros formatos, como acontece em Portugal.
Por isso, digo que era bom que a televisão em Portugal fosse um pouco mais como a televisão que se faz nestes paises do outro lado do Atlântico.
Para terminar quero apenas informar que este espaço adoptará um novo formato, deixando de ser um crónica semanal, para passar a ser um espaço de opinião ocasional, isto é, sempre que considerar que existe um assunto que mereça um comentário mais ou menos prolongado da minha parte.
Por hoje é tudo.
Como sempre fiquem em boa companhia,
E não se esqueçam que, seja na televisão ou na vida, nem sempre uma imagem vale mais que mil palavras!
Por Paulo Andrade
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