50 anos a fazer Televisão
É um dos mais antigos rostos da televisão ainda no activo. Estreou-se aos 15 anos, hoje apresenta um 'talk show'. Pelas suas contas, já fez 15 mil horas de televisão.
Júlio Isidro já era o Júlio Isidro da televisão e da rádio, que fazia programas de variedades nas tardes de domingo da RTP e enchia estádios de futebol com a Febre de Sábado de Manhã, quando se filiou no Partido Socia-lista. Era uma simpatia política, acabou numa suspensão, conta o próprio. "Um administradora da RTP, cujo nome não me lembro, não me lembro mesmo, tirou-me do ar por fazer um direito de antena", conta. "Estava a impedir-me um direito constitucional, mas tudo bem", revela. Na altura, anos 80, deu que falar. "Quando o doutor Mário Soares soube, falou logo disso num comício." Faz hoje 50 anos de carreira na televisão e não quer falar sobre o que não brilha no currículo. "Não quero acertar contas com ninguém", afirma, mais do que uma vez. Mas, confirma, houve momentos maus.
"Já estive muitas vezes sem saber o que ia fazer a seguir", declara, sentado à mesa de reuniões do gabinete do escritório/produtora/loja de aeromodelismo que tem em Algés, rodeado de quadros que assinalam momentos marcantes da carreira.
Há as caricaturas enviadas por espectadores onde o nariz proeminente é sempre o mais traço mais marcante - "e depois vocês vêem-me e afinal não é assim tão grande", atira -, mais o poster da Academy of Motion Picture, Arts and Sciences, responsável pela atribuição dos Oscares e de que foi membro em 1987 (O Último Imperador foi o melhor filme), os diplomas dos cursos que realizou na UCLA (University of California, Los Angeles), nos Estados Unidos, ou o reencontro com o cientista Carvalho Rodrigues, depois do pai do satélite português lhe ter deslocado o ombro em directo num programa de televisão.
O começo aconteceu muito antes, quando se propôs a um casting da Emissora Nacional em 1960. Chamavam-se testes de imagem nessa altura e pediram-lhe leituras em português, inglês e francês, que simulasse um noticiário e que fizesse "uma falsa reportagem sobre o 10 de Junho". Semanas depois, voltou para a segunda fase. "Tinha de contar uma anedota". Não se lembra qual foi. Mas, como se fosse hoje, recorda ter-se encostado à mesa castanha do Telejornal e tentar fazer rir a câmara. "Uma coisa sinistra", descreve. Mas não lhe deve ter corrido tão mal. Começava ali a sua carreira de apresentador, guionista e autor de programas de televisão, no Programa Juvenil, ao lado de Lídia Franco (então bailarina, hoje actriz) e de João Lobo Antunes (hoje neurocirurgião).
Foram escolhidos "entre trezentos e tal miúdos", e começaram no dia 16 de Janeiro de 1960. Ele tinha feito 15 anos no dia 5. O programa ia para o ar aos sábados de manhã, ao meio-dia, em directo dos estúdios do Lumiar. Ganhava 200 escudos por mês. "Entregava em casa para ajudar o núcleo familiar. Éramos uma família da burguesia aristocrática, mas passámos um momento difícil e eu ajudava". Cresceu na avenida João Crisós-tomo, em Lisboa, com os pais e as duas irmãs, estudou no Liceu Camões.
O que amealhou nesses tempos de 'Programa Juvenil' serviu para viajar. "Fui à Dinamarca, a Paris, a outro sítio de França", desfia. "Fui ver se ganhava mundo". Também foi usado para alimentar a sua grande paixão: aeromodelismo. Monta aviões desde os nove anos (aos 13 anos participou no primeiro campeonato internacional em Madrid) e acabaram por dar em negócio. "Não é bem um negócio", corrige. "É mais um hobby caro", ri-se. Até profissionalmente o acompanharam. "Teve um rubrica sobre esse tema no Programa Juvenil", afirma Lídia Franco. É dos poucos detalhes que recorda desses tempos. Foi a primeira a abandonar o barco.
Júlio Isidro, em contrapartida, já escrevia guiões para o programa em 1961. "E escrevia os textos dos sketches dos fantoches do Programa Infantil, de que também fui apresentador". Continuava no liceu e continuava a montar aviões, ainda tentou licenciar-se em engenharia mecânica. "Fazia, como faço ainda hoje, milhares de coisas ao mesmo tempo", resume.
É ilusão que pareça mais afastado do pequeno ecrã. Conduz há quase dois anos o talk show Quarto Crescente na RTP1, agora às quintas-feiras, em horário tardio (tem 100 mil espectadores de audiência média desde que começou o ano) e tem um programa de música na Antena 1, A Ilha dos Tesouros. Mantém em actividade a produtora Júlio Isidro Produções, onde trabalha com a mulher, Sandra Barros, 25 anos mais nova com quem casou em 1997 e teve duas filhas, Mariana, de 11 anos, e Francisca, de 7 (que se juntaram a Inês, hoje com 41 anos e mãe de dois rapazes, filha do primeiro casamento do apresentador).
Além de propor programas à RTP (e "só à RTP") também produz eventos para empresas. E é professor de um curso de apresentadores de rádio e televisão, da Universidade Lusófona, que começou na segunda-feira. "Há outros professores, mas a abertura sou eu que faço hoje". conta. Acrescenta outras actividades à lista da semana: uma entrevista para o jornal 24 horas, onde também publica os textos infantis do tio Julião) e ainda preparar mais um programa Quarto Crescente. "Comecei a escrever hoje de manhã e hoje ainda tenho de ir à televisão".
Júlio Isidro não vai à RTP, é "à televisão". Como quando só havia RTP1 e RTP2. Em 1993, em plena euforia com as estações privadas, provou a sorte na TVI onde fez vários programas: Turno da Noite, Sons do Sul ou Luzes da Ribalta. Saiu em 1997. "Foi uma fase muito conturbada, em que a televisão estava na iminência de fechar e voltei à minha casa", afirma. Casa é a RTP, claro.
Mas qual é o espaço que resta ao grande entretenimento, aquele que Júlio Isidro sempre fez, com o aparecimento das estações privadas? A resposta é diplomática. "As privadas e televisão de serviço público são dois campeonatos substancialmente diferentes. É a diferença entre a BBC e o Channel 4. Uma tem accionistas, a palavra lucro está inerente e as audiências contam de maneira extraordinária".
No seu caso, diz, sempre esteve atento aos resultados: "O Passeio dos Alegres tinha 91% de audiência e o país parava durante quase cinco horas", refere. "Um dia fiz uma rábula que era contabilizar, para o ministro da Energia da altura, quanto tínhamos poupado pelo facto das pessoas não terem feito o passeio dos tristes".
Regressa aos números. "Preocupo-me antes com a qualidade do programa", assegura. "Depois podemos discutir se há coisas sem qualidade que têm audiências, mas tenho a convicção que bons programas têm sempre boas audiências", acrescenta. "Podem não ter estrondosas audiências ou audiências duradouras, mas isso é outra coisa". Passa para si próprio. "No meu caso penso que não se pode enganar toda a gente ao mesmo tempo durante todo o tempo".
"Sempre fiz aquilo que se chama infotainment [informação e entretenimento]", orgulha-se. Artistas plásticos que leiloavam as suas obras em directo, um cantor lírico que cantava árias para os espectadores adivinharem árias tiveram espaço em alguns dos seus programas.
Explica que não é um apresentador de televisão. Ou pelo menos um que apenas se apresente no plateau para ler o teleponto. "Sou o autor e guionista de 90% dos meus programas, ser o apresentador é o fim da linha, acarreto com a responsabilidade toda", frisa.
Agora podia apresentar um formato internacional adaptado, mas tem razões para não o fazer. "Penso que valho mais pelo passado, presente e futuro, não apenas presente e futuro. Se sou bom a fazer um jogo de palavras no improviso, por que razão hei-de desperdiçar isso?", observa.
Não que não o tenha feito. Nuno Santos, anterior director de programas da RTP (hoje na SIC) garante que deu Júlio Isidro "como exemplo a outras pessoas mais novas várias ". Chamou-o para co-apresentar o programa Portugal no Coração, a partir do Porto, com Merche Romero. A relação entre ambos foi tensa e a apresentadora esteve no centro de uma discussão no final de uma emissão - recusava-se a partilhar o programa com Júlio Isidro - que a levou até ao gabinete do director de programas. "Uma nota de rodapé na história do Júlio Isidro", considera o antigo director.
Nuno Santos foi o primeiro (e único) director de programas da RTP a estabelecer com Júlio Isidro uma avença mensal por dois anos. Terminou em Dezembro de 2009". "Primeiro pareceu-me uma questão de justiça, depois achei que isso era importante para a clarificação das relações de trabalho", justifica.
Mesmo quando aceitou partilhar a direcção de programas com Alberto Seixas Santos e António Reis não era dos quadros da televisão. "Fui falado várias vezes, mas nunca tive de dizer que não nem que dizer que sim. Embora considere poderia ter feito uma bela televisão de serviço público.
Do currículo de Júlio Isidro constam 15 mil horas de televisão e êxitos que cruzam gerações co- mo Fungagá da Bicharada, Arte & Manha, Passeio dos Alegres, Festa é Festa, A Festa Continua, Arroz Doce, Febre de Sábado de Manhã e, mais recentemente, Regresso ao Passado.
De onde surgem as ideias? "Nada como estar pressionado", começa. "Mas muitas rubricas de 10, 15 minutos foram programas depois. Para não ir mais longe, porque se trata de um formato internacional, o Chuva de Estrelas era uma rubrica chamada Papel Químico em que as meninas de vestiam para imitar uma cantora".
De alguns dos seus programas restam pouco mais do que fotografias. "Do Passeio dos Alegres só há o último. Havia alguém na RTP que, por razões de poupança mandava gravar sempre na mesma cassete e só ficou o último." Herman José foi uma das 'figuras' que nasceu à sombra deste programa. "Ele foi ter comigo à rádio, disse-me que tinha perguntado à Maria Elisa [directora de programas na altura] se podia ter uma rubrica, ela disse que ele tinha de falar comigo, o autor. Disse 'sim, senhor' e delineámos logo ali umas quantas personagens: o Tony Silva, o Nelito...". O humorista tem uma recordação distinta. "A então directora de programas Maria Elisa resolveu juntar-nos", responde.
Passou o último fim-de-semana a recolher fotografias dos últimos 50 anos, com as filhas a fazerem perguntas. "Tenho umas 12 caixas daquelas de televisão quase só com fotografias". "E projectos de programas são às resmas", acrescenta. Não pensa retirar-se. "Nessas coisas sou como o Platão: não são vocês que me expulsam, sou eu que me vou embora". O momento ainda não chegou. E quando chegar, Júlio Isidro tem a certeza de uma coisa: "Sou um pai de que as filhas terão sempre orgulho."
"Já estive muitas vezes sem saber o que ia fazer a seguir", declara, sentado à mesa de reuniões do gabinete do escritório/produtora/loja de aeromodelismo que tem em Algés, rodeado de quadros que assinalam momentos marcantes da carreira.
Há as caricaturas enviadas por espectadores onde o nariz proeminente é sempre o mais traço mais marcante - "e depois vocês vêem-me e afinal não é assim tão grande", atira -, mais o poster da Academy of Motion Picture, Arts and Sciences, responsável pela atribuição dos Oscares e de que foi membro em 1987 (O Último Imperador foi o melhor filme), os diplomas dos cursos que realizou na UCLA (University of California, Los Angeles), nos Estados Unidos, ou o reencontro com o cientista Carvalho Rodrigues, depois do pai do satélite português lhe ter deslocado o ombro em directo num programa de televisão.
O começo aconteceu muito antes, quando se propôs a um casting da Emissora Nacional em 1960. Chamavam-se testes de imagem nessa altura e pediram-lhe leituras em português, inglês e francês, que simulasse um noticiário e que fizesse "uma falsa reportagem sobre o 10 de Junho". Semanas depois, voltou para a segunda fase. "Tinha de contar uma anedota". Não se lembra qual foi. Mas, como se fosse hoje, recorda ter-se encostado à mesa castanha do Telejornal e tentar fazer rir a câmara. "Uma coisa sinistra", descreve. Mas não lhe deve ter corrido tão mal. Começava ali a sua carreira de apresentador, guionista e autor de programas de televisão, no Programa Juvenil, ao lado de Lídia Franco (então bailarina, hoje actriz) e de João Lobo Antunes (hoje neurocirurgião).
Foram escolhidos "entre trezentos e tal miúdos", e começaram no dia 16 de Janeiro de 1960. Ele tinha feito 15 anos no dia 5. O programa ia para o ar aos sábados de manhã, ao meio-dia, em directo dos estúdios do Lumiar. Ganhava 200 escudos por mês. "Entregava em casa para ajudar o núcleo familiar. Éramos uma família da burguesia aristocrática, mas passámos um momento difícil e eu ajudava". Cresceu na avenida João Crisós-tomo, em Lisboa, com os pais e as duas irmãs, estudou no Liceu Camões.
O que amealhou nesses tempos de 'Programa Juvenil' serviu para viajar. "Fui à Dinamarca, a Paris, a outro sítio de França", desfia. "Fui ver se ganhava mundo". Também foi usado para alimentar a sua grande paixão: aeromodelismo. Monta aviões desde os nove anos (aos 13 anos participou no primeiro campeonato internacional em Madrid) e acabaram por dar em negócio. "Não é bem um negócio", corrige. "É mais um hobby caro", ri-se. Até profissionalmente o acompanharam. "Teve um rubrica sobre esse tema no Programa Juvenil", afirma Lídia Franco. É dos poucos detalhes que recorda desses tempos. Foi a primeira a abandonar o barco.
Júlio Isidro, em contrapartida, já escrevia guiões para o programa em 1961. "E escrevia os textos dos sketches dos fantoches do Programa Infantil, de que também fui apresentador". Continuava no liceu e continuava a montar aviões, ainda tentou licenciar-se em engenharia mecânica. "Fazia, como faço ainda hoje, milhares de coisas ao mesmo tempo", resume.
É ilusão que pareça mais afastado do pequeno ecrã. Conduz há quase dois anos o talk show Quarto Crescente na RTP1, agora às quintas-feiras, em horário tardio (tem 100 mil espectadores de audiência média desde que começou o ano) e tem um programa de música na Antena 1, A Ilha dos Tesouros. Mantém em actividade a produtora Júlio Isidro Produções, onde trabalha com a mulher, Sandra Barros, 25 anos mais nova com quem casou em 1997 e teve duas filhas, Mariana, de 11 anos, e Francisca, de 7 (que se juntaram a Inês, hoje com 41 anos e mãe de dois rapazes, filha do primeiro casamento do apresentador).
Além de propor programas à RTP (e "só à RTP") também produz eventos para empresas. E é professor de um curso de apresentadores de rádio e televisão, da Universidade Lusófona, que começou na segunda-feira. "Há outros professores, mas a abertura sou eu que faço hoje". conta. Acrescenta outras actividades à lista da semana: uma entrevista para o jornal 24 horas, onde também publica os textos infantis do tio Julião) e ainda preparar mais um programa Quarto Crescente. "Comecei a escrever hoje de manhã e hoje ainda tenho de ir à televisão".
Júlio Isidro não vai à RTP, é "à televisão". Como quando só havia RTP1 e RTP2. Em 1993, em plena euforia com as estações privadas, provou a sorte na TVI onde fez vários programas: Turno da Noite, Sons do Sul ou Luzes da Ribalta. Saiu em 1997. "Foi uma fase muito conturbada, em que a televisão estava na iminência de fechar e voltei à minha casa", afirma. Casa é a RTP, claro.
Mas qual é o espaço que resta ao grande entretenimento, aquele que Júlio Isidro sempre fez, com o aparecimento das estações privadas? A resposta é diplomática. "As privadas e televisão de serviço público são dois campeonatos substancialmente diferentes. É a diferença entre a BBC e o Channel 4. Uma tem accionistas, a palavra lucro está inerente e as audiências contam de maneira extraordinária".
No seu caso, diz, sempre esteve atento aos resultados: "O Passeio dos Alegres tinha 91% de audiência e o país parava durante quase cinco horas", refere. "Um dia fiz uma rábula que era contabilizar, para o ministro da Energia da altura, quanto tínhamos poupado pelo facto das pessoas não terem feito o passeio dos tristes".
Regressa aos números. "Preocupo-me antes com a qualidade do programa", assegura. "Depois podemos discutir se há coisas sem qualidade que têm audiências, mas tenho a convicção que bons programas têm sempre boas audiências", acrescenta. "Podem não ter estrondosas audiências ou audiências duradouras, mas isso é outra coisa". Passa para si próprio. "No meu caso penso que não se pode enganar toda a gente ao mesmo tempo durante todo o tempo".
"Sempre fiz aquilo que se chama infotainment [informação e entretenimento]", orgulha-se. Artistas plásticos que leiloavam as suas obras em directo, um cantor lírico que cantava árias para os espectadores adivinharem árias tiveram espaço em alguns dos seus programas.
Explica que não é um apresentador de televisão. Ou pelo menos um que apenas se apresente no plateau para ler o teleponto. "Sou o autor e guionista de 90% dos meus programas, ser o apresentador é o fim da linha, acarreto com a responsabilidade toda", frisa.
Agora podia apresentar um formato internacional adaptado, mas tem razões para não o fazer. "Penso que valho mais pelo passado, presente e futuro, não apenas presente e futuro. Se sou bom a fazer um jogo de palavras no improviso, por que razão hei-de desperdiçar isso?", observa.
Não que não o tenha feito. Nuno Santos, anterior director de programas da RTP (hoje na SIC) garante que deu Júlio Isidro "como exemplo a outras pessoas mais novas várias ". Chamou-o para co-apresentar o programa Portugal no Coração, a partir do Porto, com Merche Romero. A relação entre ambos foi tensa e a apresentadora esteve no centro de uma discussão no final de uma emissão - recusava-se a partilhar o programa com Júlio Isidro - que a levou até ao gabinete do director de programas. "Uma nota de rodapé na história do Júlio Isidro", considera o antigo director.
Nuno Santos foi o primeiro (e único) director de programas da RTP a estabelecer com Júlio Isidro uma avença mensal por dois anos. Terminou em Dezembro de 2009". "Primeiro pareceu-me uma questão de justiça, depois achei que isso era importante para a clarificação das relações de trabalho", justifica.
Mesmo quando aceitou partilhar a direcção de programas com Alberto Seixas Santos e António Reis não era dos quadros da televisão. "Fui falado várias vezes, mas nunca tive de dizer que não nem que dizer que sim. Embora considere poderia ter feito uma bela televisão de serviço público.
Do currículo de Júlio Isidro constam 15 mil horas de televisão e êxitos que cruzam gerações co- mo Fungagá da Bicharada, Arte & Manha, Passeio dos Alegres, Festa é Festa, A Festa Continua, Arroz Doce, Febre de Sábado de Manhã e, mais recentemente, Regresso ao Passado.
De onde surgem as ideias? "Nada como estar pressionado", começa. "Mas muitas rubricas de 10, 15 minutos foram programas depois. Para não ir mais longe, porque se trata de um formato internacional, o Chuva de Estrelas era uma rubrica chamada Papel Químico em que as meninas de vestiam para imitar uma cantora".
De alguns dos seus programas restam pouco mais do que fotografias. "Do Passeio dos Alegres só há o último. Havia alguém na RTP que, por razões de poupança mandava gravar sempre na mesma cassete e só ficou o último." Herman José foi uma das 'figuras' que nasceu à sombra deste programa. "Ele foi ter comigo à rádio, disse-me que tinha perguntado à Maria Elisa [directora de programas na altura] se podia ter uma rubrica, ela disse que ele tinha de falar comigo, o autor. Disse 'sim, senhor' e delineámos logo ali umas quantas personagens: o Tony Silva, o Nelito...". O humorista tem uma recordação distinta. "A então directora de programas Maria Elisa resolveu juntar-nos", responde.
Passou o último fim-de-semana a recolher fotografias dos últimos 50 anos, com as filhas a fazerem perguntas. "Tenho umas 12 caixas daquelas de televisão quase só com fotografias". "E projectos de programas são às resmas", acrescenta. Não pensa retirar-se. "Nessas coisas sou como o Platão: não são vocês que me expulsam, sou eu que me vou embora". O momento ainda não chegou. E quando chegar, Júlio Isidro tem a certeza de uma coisa: "Sou um pai de que as filhas terão sempre orgulho."
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