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Fantastic Entrevista | D'Alva

 Fotografia: Leonor Fonseca

Alex D'Alva Teixeira deu o nome à banda. Nascido a 1990, o vocalista dos D'Alva juntou-se a Ben Monteiro, dez anos mais velhos, nasceu assim a banda que tem conquistado cada vez mais fãs por todo o país. Nesta edição do Fantastic Entrevista, estamos à conversa com os D'alva, a banda portuguesa que recentemente lançou o tema "Amor Missão".

Alex D’Alva Teixeira e Ben Monteiro são os responsáveis pela formação do grupo dos D’Alva, que se assumem como um “colectivo” e não como uma banda. Porque é que preferem esta designação?
Quisemos desde o início olhar para D’Alva enquanto um colectivo, por incluir todas as pessoas que contribuem e colaboram assiduamente connosco, desde as pessoas em palco ao desenvolvimento de componentes visuais que acompanham a musica que fazemos, mas também gostamos da ideia de que até a audiência nos concertos é D’Alva. Um bom concerto envolve todas as pessoas presentes e no momento. Conforme damos, dão-nos de volta, e assim sucessivamente. Queremos as pessoas perto de nós, envolvidas, não separadas, daí termos dado este nome a conhecer ao público com o hashtag #somosdalva e desde então está presente em tudo o que fazemos e comunicamos. 

A designação D’Alva surge a partir do nome do Alex (Alex D’Alva Teixeira), que antes deste projeto tinha uma carreira a solo. A mesma coisa se passava com o Ben Monteiro, que tocava numa banda punk. Como é que se iniciou esta colaboração?
 Tentando resumir: O Alex era um grande fã da banda da qual o Ben fazia parte, e organizava pequenos festivais onde tinha possibilidade de colocar a sua banda de garagem como banda de abertura das suas bandas favoritas (a do Ben incluída). Num desses concertos o Ben ofereceu-se para produzir uma demo para a banda do Alex, entretanto essa banda acabou mas como era o Alex que escrevia as canções o Ben propôs que essas canções fossem trabalhadas para um projecto a título individual e assim começou a colaboração. O que era suposto ser uma maquete tornou-se num EP ("Alex D'Alva Teixeira não é um Projecto") que teve alguma atenção da parte do publico e imprensa independente. O que era um EP tornou-se um álbum. Como o todo o trabalho era colaborativo sentimos necessidade de criar uma denominação que pudesse agregar tudo e todos, e assim que surge D’Alva.

Fotografia: Vera Marmelo (Direitos Reservados)
A música pop da Coreia do Sul, o K Pop, é um dos vossos estilos preferidos, sendo uma fonte de inspiração para o vosso trabalho. Mas nos vossos discos cabem varios estilos de músicas. Quais são as vossas maiores influencias musicais?
Temos gostos muito ecléticos, partilhamos o mesmo gosto por algumas bandas do Rock a artistas alternativos ou mesmo K Pop. Gostamos da etiqueta "Pop" pois consegue conter sobre si todos os géneros, mas não temos um estilo em particular. Gostamos de boas canções, e gostamos de trabalhos esteticamente coerentes. Quando chega a altura de criar é bom não ter fronteiras muito delimitadas, a não ser as canções serem boas.

Qual foi o verdadeiro impacto da vossa atuação no Alive, que aconteceu pouco tempo depois do lançamento do vosso primeiro álbum? 
Esse concerto foi a primeira vez que tocámos num grande festival. Havia uma sensação de missão por cumprir, e tínhamos noção que este concerto seria o nosso primeiro cartão de visita, e fizemos por causar a melhor impressão possível. Trabalhámos bastante para dar um bom concerto (ou o melhor que sabíamos fazer na altura) e felizmente o publico e a crítica reagiu de forma positiva a esse concerto que não só abriu portas para outros palcos, para além de todas as pessoas que conhecemos no Festival, desde membros da imprensa, outros músicos, etc. Pessoas com quem hoje ainda mantemos boas relações, e acabamos nomeados para a categoria “Banda Revelação - Melhor Actuação Ao Vivo” nos Portuguese Festival Awards desse ano. Em suma foi "óptimo"!

Desde então, têm dado concertos por todo o país. Em 2016, estiveram em palcos como o Bons Sons, em Cem Soldos ou nas Festas do Mar, em Cascais. Como é poder tocar para públicos e contextos tão diferentes?
É interessante perceber que em diferentes zonas do país e em diferentes festivais a reacção do publico é diferente, e tentamos ser sensíveis a isso. Raramente repetimos um alinhamento, temos esse nível de respeito pelo público, e fazemos por criar um ambiente mais contextualizado possível. Não damos o mesmo concerto em Cascais que damos em Ílhavo por exemplo. Felizmente em todos os concertos temos tido sempre reacções positivas ao nosso espectáculo. Mesmo em públicos à partida aparentam ter alguma timidez, conseguimos fazer com que o publico se relacione connosco e no fundo que se divirta tanto quanto nós.


 
No caso do Bons Sons, estiveram presentes em duas edições consecutivas. Este festival aposta nos novos talentos da música portuguesa e é esta a receita para o sucesso do mesmo. Como vêm o panorama musical português actual? E que importancia este tipo de festivais tem na divulgação da mesma?
Felizmente é crescente o numero de propostas válidas na música nacional, e é louvável a existência de festivais que destacam a musica feita pelos nossos. É talvez importante no entanto, não fazer tanta distinção entre “música portuguesa” e “música internacional”, é preciso distinguir musica feita com critério com personalidade. Essas coisas ultrapassam língua e cultura e traduzem-se em qualquer sítio em qualquer altura. É isso que tentamos fazer, e que vemos cada vez mais colegas nossos fazerem também.

Frescobol, Mas Só Se Quiseres, Homologação ou LLS são apenas alguns dos vossos temas com maior sucesso junto dos fãs. Se tivessem de destacar uma música, conseguiriam fazê-lo? Porquê?  
Todas essas canções são distintas umas das outras individualmente, mas acreditamos que juntas conseguem ter a coerência que existe quando as coisas fazem parte de um mesmo imaginário. Todas têm significados e direcções diferentes, mas cremos que se tivéssemos mesmo que destacar uma é a Frescobol, por ainda hoje termos pessoas a descobrir-nos através dessa canção. Sentimos também que serviu para muita gente descontrair (musicalmente falando) que não é apenas a musica mais introspectiva que merece ser levada a sério e celebrada como boa, até porque na verdade qualquer músico te dirá que as canções "alegres" custam bastante mais a escrever.

No caso de Homologação, foi um dos primeiros temas criados pelo Alex. No Youtube, podemos ver um vídeo com uma primeira versão, muito caseira, do tema. Alex, que balanço fazes desde a criação desta maquete até aos dias de hoje?
Ao comparar os dois videos podemos ver a evolução que uma canção pode ter, desde ser só uma ideia até ter à abordagem de estúdio e com uma produção pensada e contextualizada. As nossas canções podem ter várias vidas, várias peles e esse é um dos lados mais divertidos naquilo que fazemos, ter noção que havendo uma boa canção podemos dar-lhe roupagens e arranjos diferentes.



Em 2017, surge o Amor Missão, o vosso mais recente single. Qual é a mensagem que pretendem transmitir com este tema? 
Pensamos que o refrão explica e resolve a mensagem da canção muito bem: "Se estar certo é munição, de que serve ter razão? Que o amor seja a missão". Vivemos numa altura em que temos ao nosso dispor ferramentas para comunicar mais rápido que nunca, mas nem por isso de forma clara e infelizmente algumas vezes a forma como utilizamos essas tecnologias que nos deviam aproximar também nos separam. Todos somos vítimas desse fenómeno. Os últimos acontecimentos da actualidade então geraram opiniões bastante polarizadas, e sentimos que era importante fomentar espaço para diálogo (nem que fosse interior). Também nos parece importante sabermos como não usar a verdade ou neste caso a razão como armas de arremesso, e fazer por compreender a perspectiva de quem tem uma opinião contrária à nossa, e mesmo quando isso não é possível, que haja respeito pela diferença. Tarefa difícil até para nós. 

Recentemente, o videoclip foi exibido no espaço infantil “Zig Zag”, da RTP2. Como vêm esta abordagem ao vosso trabalho?  
Ficamos super contentes, foi mesmo especial! É bom sentir que a nossa musica pode ser não só apelativa mas assimilada por pessoas de várias faixas etárias, e esta em particular. É bom chegar a todo o tipo de gente, independentemente de idade, contexto, etc, e a música é o melhor veículo para isso. E em certa maneira faz sentido, pois desde que saiu o nosso disco que recebemos mensagens e vídeos de pais a escutarem o nosso disco no carro com os filhos pequenos, alguns até choram se não tocar o disco.

Os videoclips que produzem e realizam são também muito particulares e bastante criativos. Acham que a imagem de uma banda e dos seus produtos são também fundamentais para o sucesso?
Gostamos de encarar a imagem como uma extensão do que queremos comunicar com a musica. Tal como como as canções os vídeos também têm o seu espaço distinto no nosso universo criativo, por isso utilizarmos vários métodos, tentado sempre fugir do mais óbvio. Acreditamos acima de tudo que o mais importante é a canção ser boa, e que o vídeo seja uma extensão desse universo. 



Cada vídeo tem um processo de criação muito próprio? 
Já tivemos um ou outro vídeo com uma produção mais complexa e sempre que possível contamos com a ajuda dos nossos parceiros do costume (Angie Silva e William Sossai e a produtora Bro) mas em geral produzimos parte dos nossos vídeos porque sendo artistas independentes não dispomos de budget para fazer videos à K-Pop, e também não gostamos de que trabalhem para nós de graça, por isso acabamos por optar pela originalidade e conceitos para que para nós são fortes. Custam um pouco mais a fazer, mas sentimos que são mais nossos, e têm um gosto especial quando estão terminados.Por vezes podíamos ter videos mais "normais" mas preferimos arriscar sempre. 

Em 2017, o que podemos esperar dos D’Alva?
De momento estamos divididos entre promover a "Amor Missão", e trabalhar no nosso próximo registo. Pensamos que será diferente de tudo o que fizemos anteriormente. Entretanto também continuaremos a tocar ao vivo pelos palcos nacionais. Estamos a projectar espectáculos com uma atenção especial em alguns aspectos que muito provavelmente nem repetidos. Aproveitamos para convidar toda a gente a comparecer num dos nossos concertos e descobrirem por si o que estamos a preparar, e porque não, uma outra dimensão da nossa música, pois fazemos música para ser tocada em palco.
Fantastic Entrevista | T8 -  Edição 9
Março de 2017
Entrevista: André Pereira