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Duplo Clique | Secret Story 6 - "Tão mau que é bom"


É a casa dos segredos, mas há seis anos que está tudo às claras. Desde que Secret Story estreou na antena da TVI, em 2010, a índole do reality-show não mudou, antes extravasou limites. Morais, éticos e de bom gosto. 

Em seis anos o formato pouco inovou e tornou-se cansativo (defendiam críticos e seguidores), as estreias e galas em direto foram perdendo audiência (nada definitivo) e certo é que em 2016, um milhão e 206 mil pessoas dedicaram três horas do seu serão de domingo para ver a estreia da Casa dos Segredos 6. Afinal, os portugueses estão ou não cansados deste género de entretenimento?

Foi a estreia com resultado mais baixo de todas as edições. No entanto, um milhão e 206 mil pessoas continua a ser um número muito significativo e rentável para um canal líder de audiências no horário-nobre de domingo, e também para os anunciantes que colocam publicidade naqueles horários decisivos. Assim se explica, sucintamente, a razão pela qual os canais privados insistem no mesmo género de programas em certos horários: é porque o público os vê, gerando retorno comercial para os canais.


Se o programa constitui um produto de qualidade? Do ponto de vista técnico e televisivo, sem dúvida. Secret Story tem um design moderno, dinâmico e todo ele apelativo, com um grafismo cuidado e perito em encher o olho. É a televisão-espetáculo por natureza, cheia de luz, cor, fumos e movimento, como se viu na estreia. E a realização, ritmada e certeira ao captar os melhores planos e ângulos, também garante ao público que vai ver tudo o que se passa com os concorrentes – o voyeurismo característico dos reality-shows.

O conteúdo do formato é que é a verdadeira nódoa numa toalha que (a bem da verdade) há muitos anos não tem problemas em sujar-se. Os gostos de cada um devem ser respeitados. Mas é amplamente aceite que o estímulo intelectual da Casa dos Segredos é estéril. E torna-se cada vez mais gritante a forma como a TVI e a produção do programa orquestram os acontecimentos/relações/peripécias entre os concorrentes. Vale tudo dentro daquelas paredes para evitar que o dedo do público escorregue no zapping, vale tudo para colocar as galas e os “extras” nos píncaros da tabela e as “novelas da vida real” nas parangonas do jornalismo cor-de-rosa e sensacionalista.


A Casa dos Segredos é puro entretenimento, e pela forma como é executado e emitido, revela-se extremamente competente. Porém, é um entretenimento capaz de envergonhar quem vê, e no saldo final, parece que não acrescenta nada de novo, antes pelo contrário.

Portugal chegar à sexta edição de Secret Story, de facto, continua a merecer uma expressão de choque. Curioso é pensar que quando nos chocámos com a segunda e terceira edição, por já serem demais, estávamos longe de imaginar que o filão ainda agora tinha começado. Os portugueses são responsáveis pela sua continuidade.

Secrect Story 6, para ver todos os dias, na TVI.

Duplo Clique - 83ª Edição
Por André Rosa